Polícia prende padrasto suspeito de matar bebê de quatro meses em São João da Ponte

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Foi preso nesta segunda-feira (21/09) Felício Rodrigues Cordeiro, de 29 anos, investigado por matar o enteado Davi Lucas Rodrigues, de quatro meses, em São João da Ponte, na região Norte de Minas Gerais. O suspeito se apresentou na delegacia com um advogado, mas a Justiça já havia expedido um mandado de prisão contra ele. Segundo as informações do laudo da Polícia Civil, o menino morreu por politraumatismo, tinha escoriações em várias partes do corpo, além de apresentar sinais de violência sexual.

“Eu cheguei em casa e briguei com minha mulher, ela estava com meu bebezinho no colo, empurrei e escutei um bate forte na parede, não sei se foi ela que bateu na parede ou se foi a cabeça do meu bebê. Fui tomar banho e falei para ela dar banho no meu filho, mas eu balancei ele e não vi ele mexendo, peguei no coraçãozinho dele e não estava batendo, soprei a boquinha dele e ele não respirou e nem nada, saí com ele correndo e fui procurar uma ajuda pra ir no hospital”, disse o suspeito em entrevista ao G1.

Além de Felício Cordeiro, a mulher dele, Michele Eulina Ribeiro, de 26, foi detida, mas já foi liberada. Familiares, a Polícia Militar e o Conselho Tutelar confirmaram que o casal brigava com frequência e que ela era vítima de violência doméstica frequentemente. Segundo a médica que atendeu o bebê, após suspeitar do caso e chamar a PM, os dois fugiram do hospital. O corpo passou por exames no Instituto Médico Legal de Januária (MG).

“Os dois chegaram com o bebê enrolado em uma mantinha, fomos prestar os primeiros socorros e vimos que ele já estava sem vida, chamei os familiares e informei sobre a morte. Achei estranho porque a criança estava sem roupa e perguntei para a mãe o que havia ocorrido. Ela disse que dava banho e ele estava parado. Uma pessoa disse que era uma família com história de conflitos, com denúncias de maus tratos, então resolvi chamar a polícia e eles fugiram”, conta a médica Melissa Moreira.

Sobre a fuga, Felício afirmou que ficou com medo de ser preso por causa das brigas que tinha com a companheira, por isto fugiu.

Casa onde a família morava. Felício (destaque) nega que tenha cometido violência sexual contra enteado e que batia na mulher (Fotos: Michelly Oda / G1)

Histórico de violência

A conselheira tutelar, Luciene da Silva, acompanhava a situação da família, que morava na cidade há cerca de três meses. Felício é natural de São João da Ponte e havia ficado Sul de Minas para trabalhar por nove meses. Lá, ele conheceu Michele e os dois vieram para o Norte de Minas com o recém-nascido. O suspeito tem diversas passagens pela polícia por furto, agressão, assalto, desobediência, lesão corporal, calúnia e violação de domicílio. Não há informações se a mulher já havia sido presa anteriormente.

“Recebemos uma denúncia de que ele havia queimado o bebê, fomos na casa e eles dois disseram que o menino havia levado uma picada de inseto, por isso ele fez uma mistura de farinha e colocou no local. Depois descobrimos que ele havia puxado a criança pelo pé e usou da mistura para esconder o lugar que havia ficado roxo. Recebemos informações também de que ele furava as bolhas da queimadura com agulhas, voltamos no local e eles negaram. Já encontramos a mulher com a testa inchada, com a boca cortada e com hematomas pelos braços, mas ela sempre inventava uma desculpa e dizia que havia se machucado”, fala.

Geraldo Rodrigues, irmão de Felício, presenciou algumas das discussões entre o casal. “Ouvia os barulhos e vinha aqui para separar a briga, mas ela fingia que estava tudo normal. Os dois foram culpados, e acabou acontecendo com esta tragédia.”

Depoimento da mãe

Em depoimento para a Polícia Civil, Michele negou ter participado do crime e disse que a culpa foi do companheiro.

“A mãe disse que ele ameaçava ela e a criança, que aquele seria o último dia deles, já que ia matar os dois. Ele a mandou entrar no quarto e sair sem a ordem dele, enquanto isso ela ouvia barulhos vindos da sala, quando saiu viu o companheiro soprando a boca do bebê, acordando-o ao puxar o travesseiro e a manta, como se fosse para torturá-lo. Ela viu que o menino estava mole e resolveu ir ao hospital, o companheiro dela foi junto”, explica o delegado Fernando Elias.

Em relação aos sinais de violência sexual, Felício negou e disse também que nunca agrediu a mulher. “A gente brigava, quase todo dia. Ela me xingava eu xingava ela, mas discussão de marido e mulher, mas de bater nela pra machucar, isso não. Se fosse eu que tivesse feito o que o povo fala eu não tinha vindo, eu estou tranquilo. Se for eu mesmo, se tiver que pagar, eu vou pagar, mas não teve este negócio de estupro. Ela [Michele] falou com a médica que o bebê tinha morrido porque estava tomando banho na banheira, isso é mentira”, falou.

Quando questionado se a mulher agredia o bebê ou se outra pessoa frequentava a casa deles, Felício Cordeio afirmou que nunca presenciou nenhuma das duas situações.

O delegado disse que deve fazer uma perícia na casa onde a família morava e que vai ouvir outras testemunhas para analisar o envolvimento da mãe do bebê. Felício Cordeiro está preso na cadeia da cidade.

(Fonte: G1 Grande Minas / Michelly Oda)

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