A SAÚDE E O DESENVOLVIMENTO DO MEIO RURAL

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A esquistossomose é uma doença de ocorrência nas regiões tropicais que teve origem no continente africano, na região leste do Mediterrâneo e que, durante o período do tráfico de escravos, desembarcou nas Américas. Atualmente é identificada em diversas regiões como o Caribe, a Venezuela e principalmente, o Brasil. Atualmente, encontra-se a doença em quase todos os estados do Brasil, mas, em situação mais alarmante são os estados do Nordeste e, no Sudeste, Minas Gerais, nas regiões Norte, Noroeste e Leste do Estado. Em algumas áreas rurais a incidência da doença atinge 90% da população. Isto acontece porque atinge pessoas pobres sem disponibilidade de saneamento.

O verme, chamado Schistossoma, precisa passar por vários estágios e fases para se desenvolver e completar o seu ciclo. Para isto precisa de dois parceiros, também chamados de hospedeiros, muito importantes: o caramujo que vive nos rios e lagos e o homem. Sem eles o ciclo não se completa. Na fase larval jovem o Schistossoma invade o organismo do caramujo e permanece lá durante alguns meses se desenvolvendo. Após este período os milhares de parasitas, chamados de cercarias, saem do corpo do caramujo, maiores e mais desenvolvidos, prontos para invadir o próximo hospedeiro que podem ser animais mamíferos e aves, mas o seu principal hospedeiro é o homem. Quando um cidadão adulto ou crianças desavisadas entram na água dos rios ou lagos contaminados estes parasitas penetram pela pele, caindo na corrente sanguínea, e aí, um abraço! Eles iniciam a colonização do corpo do homem, seus órgãos internos, acasalando e produzindo ovos que serão liberados pelas fezes do homem. Estes ovos, se atingirem as águas dos rios e lagos, iniciam um novo ciclo. Enquanto isto a pessoa infectada sofre com os sintomas da infecção do parasita como febre, diarreia, vômitos agravando com o tempo com o inchaço de diversos órgãos internos como o fígado podendo sofrer também hemorragia interna. Como parasita esperto ele raramente mata o seu hospedeiro permanecendo dentro dele por longos períodos mas as pessoas ficam extremamente debilitadas, fracas, sem condições de realizar suas tarefas como trabalhar e estudar.

Mas como resolver o problema? Saneamento! O grande problema encontra-se nas cidades do interior e nas comunidades rurais que não possuem abastecimento de água potável ou tratada, onde seus esgotos são descartados diretamente nos rios. Nestas comunidades a água dos rios sem tratamento são utilizadas para o banho, lavar a roupa, beber e despejar seus esgotos, principalmente as fezes contaminadas. No Brasil são aproximadamente 26 milhões de pessoas vivendo em áreas de risco e aproximadamente seis milhões de pessoas contaminadas com este parasita. O país gasta milhões de reais por ano para tratar estas pessoas e que, após serem curadas são reinfectadas pois as condições de saneamento onde moram são as mesmas, ou seja, não existe. É o famoso “chover no molhado”.

Saneamento nas comunidades rurais é perfeitamente viável pois o sistema ideal para ser implantado nestes locais é o descentralizado de baixo custo e alta eficiência, processo capaz de eliminar os ovos deste parasita. Não podemos pensar em um crescimento e desenvolvimento sustentável sem pensar na nossa população rural abandonada pelo poder público.

Quem é Alexandre Sylvio Vieira da Costa?

– Nascido na cidade de Niterói, RJ;
– Engenheiro Agrônomo Formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro;
– Mestre em Produção Vegetal pela Embrapa-Agrobiologia/Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro;
– Doutor em Produção Vegetal pela Universidade Federal de Viçosa;
– Pós doutorado em Geociências pela Universidade Federal de Minas Gerais;
– Foi Coordenador Adjunto da Câmara Especializada de Agronomia e Coordenador da
Comissão Técnica de Meio Ambiente do CREA/Minas;
– Foi Presidente da Câmara Técnica de eventos Críticos do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio Doce;
– Atualmente, professor Adjunto dos cursos de Engenharia da Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus Teófilo Otoni;

– Blog: asylvio.blogspot.com.br
– E-mail: alexandre.costa@ufvjm.edu.br

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