Curso ministrado por educadores indígenas reforça identidade cultural do povo Xacriabá

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Curso de Magistério Indígena ofertado pela Secretaria de Estado de Educação auxilia 80 educadores em sua prática pedagógica.

Edna Alves de Barros é professora dos anos iniciais da Escola Estadual Indígena Manykã. Localizada na aldeia Riacho do Brejo, no território Xacriabá no município de São João das Missões, no Norte de Minas Gerais, a escola atende a cerca de 220 alunos. Há seis anos, quando começou a lecionar, a educadora contava apenas com a formação no ensino médio. Hoje ela tem a oportunidade de expandir seus conhecimentos a partir do curso de magistério indígena.

A iniciativa da Secretaria de Estado de Educação (SEE) teve início neste mês de julho e conta com a participação de 80 alunos. O curso é realizado na Escola Estadual Indígena Bukimuju, na comunidade Xacriabá e é voltado, prioritariamente, a professores indígenas xacriabás que lecionam, mas não possuem habilitação mínima.

“A maior dificuldade que eu encontrava como professora era o fato de não ter a formação completa. Entramos em sala de aula apenas com ensino médio e hoje temos a oportunidade de concluir o magistério para reforçar em sala de aula”, ressalta Edna.

Do conteúdo que já viu no primeiro mês de curso, a professora destaca a forma lúdica de se trabalhar. “É um curso voltado para a nossa cultura e vai nos ajudar muito em sala de aula. Muitas coisas que estou vendo já penso em levar para os alunos, como brincadeiras, histórias e formas de trabalhar as pinturas”, conclui.

Essa é a primeira vez que os professores formadores do curso serão os próprios professores indígenas. A formação tem duração de um ano e meio e é dividida em três eixos: Terra, território e direitos indígenas; Múltiplas linguagens e língua indígena; e Pedagogia Indígena.

Elisama Gomes é da aldeia Morro Vermelho. Ela é professora dos anos iniciais em uma escola vinculada à Escola Estadual Indígena Kuhinãn Xacriabá e é uma das tutoras do curso de magistério. A educadora ressalta a importância de o curso ser realizado dentro do território indígena.

“A vantagem é que a gente trabalha com professores indígenas e o curso acontece dentro do território indígena. É um momento de fortalecimento da nossa cultura. A dinâmica é totalmente diferente de você pegar um material didático diferente da realidade do povo. Então a gente trabalha com o que a gente tem. Estamos em um processo de construção do nosso material didático. Em arte e literatura, por exemplo, os alunos produzem versos e músicas”, afirma a educadora.

Macaé Evaristo visita o território Xacriabá – Foto: Marcelo Sant’Anna/Imprensa MG

Em visita ao território Xacriabá, a secretária de Estado de Educação, Macaé Evaristo, destacou que “a realização do curso na localidade demonstra a força da educação indígena na comunidade, não só pelos seus efeitos na área educacional, mas porque demonstra o poder da educação no desenvolvimento da população”.

A Secretaria de Estado de Educação já ofertou o curso de magistério indígena em três turmas (nos anos 1996 a 1999, 2000 a 2004 e 2004 a 2008). O curso, de nível médio, foi responsável pela formação de 213 professores indígenas de várias etnias e foi ofertado concomitantemente à formação do ensino médio.

Educação indígena no Estado

Minas Gerais conta com, aproximadamente, 3.500 mil alunos indígenas das etnias Kaxixó, Krenak, Maxakali, Pataxó, Pankararu, Xacriabá, Xucuru-Kariri e Mokurin. O Estado tem 17 escolas indígenas e duas turmas vinculadas a escolas não indígenas. O atendimento escolar indígena é feito em 64 endereços. As escolas estão localizadas em sete municípios. (Agência Minas)

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