A previsão é que o fitoterápico tenha um custo mais acessível para que possa ser distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Estudo analisou 20 vegetais
Pesquisa inédita feita pela Fundação Ezequiel Dias (Funed) desenvolve medicamento fitoterápico para o tratamento do rotavírus (vírus causador de infecções no sistema gastrointestinal). A doença é a principal causa de mortalidade em crianças com menos de cinco anos no Norte de Minas e do Brasil.
O estudo analisou 20 plantas do cerrado mineiro e, em quatro delas (gabiroba e cagaita, jatobá e aroeira) encontrou as substâncias capazes de impedir a multiplicação do vírus no corpo humano, com destaque para a gabiroba e a cagaita.
A pesquisadora da Funed responsável pela pesquisa pioneira, Alzira Batista Cecílio, explica que os experimentos iniciais vão ser refeitos e, comprovados os resultados, os testes vão ser aplicados em animais e, posteriormente, em seres humanos.
“A expectativa é que consigamos finalizar esse produto para que esteja disponível no Sistema Único de Saúde. O fitoterápico tem um custo baixo e sua acessibilidade permitirá atender a toda a comunidade contra uma doença que leva à mortalidade”, enfatiza Alzira.
A pesquisadora esclarece que a vacina para a doença já existe e pode ser aplicada em crianças de até seis meses de idade. Contudo, não existe o medicamento para a prevenção de diarreias para a população em geral. “Vamos investir nas plantas que apresentarem os melhores resultados. Atualmente, não existe um antiviral para o tratamento”, frisa Alzira.
O estudo da Funed é resultado de uma demanda da Fapemig, mais especificamente do Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS). O desenvolvimento do medicamento para o rotavírus foi um dos projetos contemplados pelo programa, que prevê financiamento a iniciativas com foco em temas considerados prioritários para o sistema estadual de saúde.
Gabiroba é uma fruta do cerrado mineiro – Foto: Reprodução
Rotavírus
A infecção pelo rotavírus varia desde um quadro leve, com diarreia aquosa e duração limitada, a quadros graves, com desidratação, febre e vômitos, podendo evoluir a óbito. Praticamente todas as crianças portadoras têm contato e se infectam nos primeiros três meses a cinco anos de vida, mesmo nos países em desenvolvimento, mas os casos graves ocorrem principalmente na faixa etária de três a 35 meses, ou seja, antes de completar três anos.
Os serviços de vigilância epidemiológica dos Estados Unidos mostram que o rotavírus é a principal causa de diarreia grave. Estima-se que essa doença seja responsável por 5% a 10% de todos os episódios diarreicos em crianças menores de cinco anos. Também aparece como causa frequente de hospitalização, atendimentos de emergência e consultas médicas, sendo responsável por consideráveis gastos médicos.
É importante frisar que em crianças prematuras, de baixo nível socioeconômico ou com deficiência imunológica, a infecção pelo rotavírus assume maior gravidade. O rotavírus também tem grande participação nos surtos de gastroenterite hospitalar.
Transmissão
Rotavírus são isolados em alta concentração em fezes de crianças infectadas e são transmitidos pela via fecal-oral, por contato pessoa a pessoa e também por meio de fômites (qualquer partícula capaz de transportar germes patogênicos).
O período de maior excreção viral é o que se dá entre o terceiro e quarto dia a partir dos primeiros sintomas. No entanto, podem ser detectados nas fezes de pacientes mesmo após a completa resolução da diarreia.
Cagaita é uma fruta do cerrado mineiro – Foto: Reprodução
(Fonte: Agência Minas)