Consumo de até cinco xícaras de café por dia traz benefícios para o coração

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Foi-se o tempo em que o cafezinho figurava na temida lista dos vilões da saúde. De uns anos para cá, os benefícios do grão vêm superando, e muito, qualquer resquício de temor ou prejuízo à qualidade de vida. A última boa notícia foi dada por uma pesquisa realizada por cientistas sul-coreanos, que provaram por A mais B que o queridinho dos brasileiros é um santo remédio para manter o coração fora de perigo.

O estudo, divulgado recentemente em conceituadas revistas científicas, mostrou que pessoas que consumiram de três a cinco xícaras da bebida, por dia, tiveram menos chances de apresentar os primeiros sinais de doença cardíaca em exames médicos. Resumindo: apreciadores convictos do bom e velho café tinham artérias mais “limpas” em relação aos que o excluíram da dieta.

O cardiologista Luiz Antônio Machado César, diretor do Núcleo de Doença Coronária Crônica do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), reforça que a pesquisa vai de encontro a outros experimentos que comprovaram os benefícios do café para o coração.

“Nos últimos dez, 15 anos, as notícias que se têm são todas de benefícios. O café possui várias substâncias, além da cafeína, que funcionam como protetoras. Prejuízo é uma questão de quantidade”, avalia.

Tipos de grão e de torra não interferem na quantidade de cafeína – Foto: Reprodução

Carótidas

O estudo coreano analisou mais de 25 mil pessoas, entre homens e mulheres, que se submeteram a exames de rotina no local de trabalho. Foram buscados quaisquer vestígios de doenças nas artérias carótidas – que levam sangue ao coração –, sobretudo depósitos de cálcio, resultado do “envelhecimento” das placas de gordura.

A quantidade recomendada para transformar o café em amigo do coração é de três a cinco xícaras grandes, de 100 ml cada uma, ao longo de um dia. “Consideramos a ‘xicrona’ de café, mas se tomarmos como base o café espresso, podemos sugerir de 12 a 15 xicrinhas por dia”, detalha o cardiologista da USP.

O acúmulo de placas de gordura (colesterol) nas paredes das artérias dá origem à aterosclerose. O problema, que leva à doença coronariana, uma das principais do coração, aumenta riscos de infarto fulminante.

Coordenador do Núcleo de Estudos em Nutrição e Saúde Cardiovascular do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Daniel Magnoni diz que os benefícios estão ligados à ação dos flavonoides, antioxidantes que reduzem os níveis do colesterol ruim, dentre outras funções. “Doses moderadas da cafeína apresentam ação vasodilatadora. Prejuízos como taquicardia só seriam alcançados com doses extremamente elevadas, impossíveis de serem atingidas com consumo regular de café”, enfatiza.

Tipo de açúcar usado interfere na obtenção de benefícios

Para desfrutar de todos os benefícios provenientes do café é preciso ficar atento, não só à quantidade ingerida no dia, mas ao que vai junto em cada xícara servida. Se for possível, evite adoçá-lo, do contrário, troque o açúcar branco, refinado, pelo mascavo e, em último caso, pelo demerara.

“Não existe quantidade ideal de açúcar, existem os melhores e os que ficam em segundo plano. Sempre que possível, evite adoçar, se não conseguir, a opção número um sempre será o mascavo”, orienta a nutricionista funcional Letícia Soares.

Em segundo lugar no ranking dos melhores aparece o demerara. Ainda pouco difundido no mercado – e mais caro –, ele passa por um processo de refinamento leve, mas não recebe nenhum tipo de aditivo químico. A quantidade certa vai do bom senso, porém, segundo a nutricionista, um sachê de cinco gramas seria o suficiente para “quebrar” o amargor da bebida natural, sem deixá-la excessivamente doce.

Xô insônia

Para evitar efeitos indesejáveis resultantes do consumo recomendado pelos cientistas – três a cinco xícaras grandes, por dia –, Letícia recomenda esquecer a garrafa após as 18h, sobretudo se tiver problemas para dormir. É que a cafeína, principal componente da bebida, é um estimulante natural e pode provocar insônia. “De modo geral, sugiro evitá-lo entre 18h e 20h, mesmo que misturado ao leite, por exemplo”, diz.

Quando presente em bolos e chocolates, o café acaba tendo as propriedades mascaradas. Logo, para garantir que está ingerindo o indicado pelos médicos e pesquisadores, o ideal é ir do tradicional, puro, ou, no máximo, como capuccino, acrescido de leite e canela, por exemplo.

“Nenhum tipo de leite é capaz de anular os benefícios ou a absorção de cafeína pelo organismo. Já em bolos e chocolates, quando aparece em menor quantidade, os efeitos podem não ser obtidos”, completa a nutricionista.

Ao menos quatro xícaras por dia e 20% menos chances de ter câncer de pele

Tipo mais frequente de câncer entre os brasileiros, os tumores de pele, ou melanomas, representam 25% dos tumores malignos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Câncer da Inglaterra mostra, porém, que ingerir pelo menos quatro xícaras de café por dia pode reduzir em até 20% as chances de se desenvolver a doença. Os benefícios, no entanto, não foram obtidos com o consumo do produto sem cafeína.

A pesquisa não é conclusiva, apontando uma associação de fatores e não uma relação direta de causa e efeito entre o café com cafeína e o risco de se desenvolver câncer de pele. Especialistas e os próprios cientistas reforçam a necessidade do uso de protetor solar.

Menos casos de depressão entre mulheres que ingeriam a bebida

O efeito antidepressivo do café também foi apontado em uma grande pesquisa populacional realizada nos Estados Unidos, conhecida como “pesquisa das enfermeiras”, em alusão ao tipo de profissão das mulheres avaliadas. Os dados mostraram uma menor incidência de depressão profunda e de suicídio entre aquelas que eram consumidoras habituais da bebida, em comparação com as que não ingeriram.

No Brasil, um estudo envolvendo mais de 100 mil estudantes de dez a 18 anos também verificou uma relação inversa entre o consumo de café e a depressão. Realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com o apoio do Instituto de Estudos do Café da Universidade Vanderbilt, em Nashville, nos Estados Unidos, os dados preliminares da pesquisa apontaram uma menor incidência de alcoolismo entre as crianças e os adolescentes que tomaram aproximadamente três xícaras de café por dia.

(Fonte: Jornal Hoje em Dia)

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