Mulher tentou cortar o pescoço da rival com uma faca. Caso aconteceu no bairro Pito.
Uma mulher morreu após ser baleada por um policial militar na madrugada de sábado, 28 de março, em Guanhães, no Vale do Rio Doce. De acordo com o boletim de ocorrência da polícia, a confusão começou depois que Joana Aparecida Rocha Peixoto ficou sabendo que o marido estava na casa de outra mulher.
Ela foi até o imóvel, no bairro Pito, arrombou duas portas e, armada com uma chave de roda, agrediu a cabeça da rival que estava em um quarto com o homem. Durante a briga, a amante se escondeu no banheiro e acionou a corporação, enquanto o homem tentou acalmar a companheira. Ele chegou a segurar a vítima pelo pescoço.
Minutos depois, a mulher saiu do banheiro e pegou uma faca, segundo ela, para se defender. Ao chegarem no endereço indicado, os militares encontraram Joana muito exaltada com a chave de roda na mão e a outra mulher com um ferimento na cabeça segurando a faca. Os policiais deram ordem que as duas largassem imediatamente as armas, o que foi atendido.
No entanto, quando já saíam da casa, Joana aproveitou que a faca estava no chão, pegou o instrumento e tentou cravá-lo no pescoço da rival, que estava de costas conversando com os militares. Diante da situação, os policiais ordenaram que ela largasse o objeto e, diante da negativa e tendo em vista que a outra mulher poderia ser atingida, um dos militares atirou.
A cozinheira foi atingida no abdômen e socorrida pelos próprios policiais até o Hospital Imaculada Conceição. No entanto, devido à gravidade do ferimento, um helicóptero do Corpo de Bombeiros foi acionado para que a dona de casa fosse transferida para um hospital de Belo Horizonte, que fica a cerca de 251 quilômetros de Guanhães. Porém, ela não resistiu e morreu antes mesmo de ser transferida.
A cozinheira foi sepultada no domingo (29/03) e a família lamenta como o caso terminou. Para o irmão de Joana, Raul Edvânio Rocha, de 29 anos, o militar errou ao atirar. “Que preparo tem uma pessoa dessa (militar)? Policial é pago para matar? A ação foi desastrosa. Era apenas uma mulher com uma faca na mão. Ele poderia ter tentado desarmá-la”, disse o motorista.
No dia da confusão, o jovem estava viajando e ficou sabendo da morte da irmã ao retornar à cidade. “Meu outro irmão me contou que ela foi tirar satisfações ao descobrir que o marido estava na casa da amante. Ela era tranquila, mas não aguentou essa história. Já fizemos contato com um advogado e estamos analisando se vamos entrar com alguma ação contra o Estado. Estamos decepcionados com o serviço da polícia”, afirmou.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios de Guanhães, sob a coordenação da delegada Aline Gonçalves Costa. De acordo com a Polícia Civil, estão sendo apurados os crimes de lesão corporal, homicídio e prevaricação por parte dos militares envolvidos na ocorrência. A delegada aguarda o resultado do laudo que vai apontar a causa da morte da vítima e vai ouvir os envolvidos. Ainda não há data marcada para os depoimentos.
A Polícia Militar também instaurou um procedimento investigatório junto à Justiça Militar.
Militar atirou para conter mulher, diz comandante
De acordo com o comandante da Polícia Militar de Guanhães, major Gilberto de Jesus Costa, o soldado que efetuou o disparo não teve a intenção de matar. “Após ordenar que a faca fosse jogada no chão e não ser atendido, o militar atirou para conter a mulher, que estava muito agitada. Ele atirou em um local não fatal, mas, infelizmente, o quadro de saúde dela piorou e ela veio a falecer. Nós lamentamos a morte de Joana”, disse o policial.
Segundo ele, após a ocorrência, o militar foi preso por lesão corporal e recolhido a um batalhão. A ocorrência foi levada à Justiça Militar e o juiz entendeu que o soldado agiu em legítima defesa de terceiros. Um Auto de Prisão em Flagrante (APF) foi lavrado e um alvará de soltura expedido.
“O policial já voltou a trabalhar, mas está fazendo trabalhos internos. Ele também ficou abalado com a situação. Antes de ser militar, ele é uma pessoa como as outras e, logicamente, não queria que isso (a morte) tivesse acontecido. Assim que tiver condições, ele volta para a rua”, finalizou o major.
Cozinheira sabia das traições
De acordo com o irmão, Joana já sabia que era traída pelo marido. No boletim de ocorrência da polícia, a rival da cozinheira afirmou que mantinha um relacionamento com o homem mesmo sabendo que ele era comprometido.
A mulher ainda disse que, em data anterior, foi ameaçada de morte por Joana, mas não registrou nenhuma representação contra ela. Após a morte da mulher, o marido da dona de casa e a amante saíram da cidade.
Joana deixou três filhas, uma jovem de 19 anos, uma menina de 9 e uma bebê de apenas 1 ano e 2 meses.
Outras informações sobre o caso
Em uma entrevista concedida a Rádio Vida Nova, o Tenente Elício relata outros detalhes da ação policial que culminou na morte da mulher. Ouça abaixo :