O vice-presidente da República, Michel Temer, disse nesta segunda-feira, 16 de março, que o governo precisa ter humildade para reconhecer erros e garantir a governabilidade por meio do diálogo. A declaração foi dada em evento com empresários fluminenses, um dia depois de milhares de pessoas protestarem contra o governo em todo o país.
“O diálogo, que é fundamental, deve ser pautado pela ideia de humildade e no reconhecimento, muitas vezes, de equívoco que tenha sido produzido”, afirmou Temer, durante palestra na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), no Rio.
Para ele, os protestos de ontem (15) são legítimos e eventualmente necessários para influenciar mudanças na política. “Convenhamos, quando se vê o clamor das ruas, é porque alguma coisa está errada.”
Michel Temer participa de evento com empresários da indústria de todo o estado, na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), no centro da cidade – Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Temer disse que esteve com a presidenta Dilma Rousseff nesta segunda-feira cedo, em Brasília, para avaliar os pleitos dos manifestantes. De acordo com o vice-presidente, as reivindicações não estavam focadas em pedidos “minoritários” de renúncia da presidenta, mas no descontentamento com a política econômica e na falta de diálogo com vários setores da sociedade, como o Congresso Nacional.
Segundo Temer, pode haver troca ministerial, embora não seja “indispensável e solucionadora de conflitos”. Ele negou que tenha excluído de decisões no Palácio do Planalto. “Falam muito que eu fui afastado, mas confesso que a presidenta fala comigo com muita frequência. Claro que cada um tem seu nucleozinho pessoal, mas nunca fui afastado das decisões.”
O presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, pediu que Temer seja o interlocutor no governo para costurar um pacto de governabilidade. Na opinião do empresário, as manifestações de domingo, Brasil afora, mostraram mais uma vez que o país, desde as eleições do ano passado, está rachado. “Ninguém deseja viver quatro anos o ambiente irrespirável que nos ronda desde o início de 2015”, afirmou.
Eduardo Eugênio defendeu que ações do governo para desonerar o investimento e aumentar a produtividade, sem elevar impostos. “Não há como suportar. A carga tributária sobre a indústria de transformação é hoje 45,4% do PIB [Produto Interno Bruto] das indústrias”, informou. “Estamos sufocados, mas abertos ao diálogo”, resumiu o presidente da Firjan, pedindo apoio de Temer. (Agência Brasil)