Casal mineiro decide largar tudo para uma jornada de 500 dias pelas Américas

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Os engenheiros Alice Gomes Miranda, de 28 anos, e Lucas Stofel Gonzaga, de 31, são moradores de Ipatinga, no Vale do Aço.

O início da semana foi um momento de virada para o casal Alice Gomes Miranda, de 28 anos, e Lucas Stofel Gonzaga, de 31. Os dois “pediram conta” na siderúrgica onde trabalhavam há cerca de cinco anos e das instituições de ensino superior em que lecionavam. O pedido de demissão não foi precipitado. Há um ano, Alice e Lucas planejaram intensamente o passo a passo para concretizar o sonho de realizar uma longa viagem por vários países das Américas. Até o carnaval, eles pretendem partir de Ipatinga, cidade onde nasceram e residem, em direção a Ushuaia, cidade argentina situada no extremo sul do país.

Alice Gomes Miranda, de 28 anos, e Lucas Stofel Gonzaga, de 31 – Foto: Reprodução/Mega Macaqueiros

De lá, o roteiro segue subindo a costa oeste da América do Sul em direção à Colômbia. Em seguida, eles conhecerão ilhas caribenhas e partem para o México, contornando a costa oeste dos Estados Unidos até chegar ao Canadá. Depois, vão para a costa leste dos Estados Unidos, fazendo o caminho de volta para o Brasil. A ideia é que a jornada tenha a duração de 500 dias e possa se estender conforme convier ao casal. Eles estimam que irão percorrer 60 mil quilômetros e conhecer 23 países.

O ambicioso projeto foi intitulado Mega Macaqueiros, em referência ao “jeitinho mineiro” dos dois. “Macaqueiros é uma gíria da roça para quem é discreto e faz as coisas sem muito alarde. Os nossos parentes brincam que somos assim. Tanto é que ficaram sabendo dessa viagem recentemente”, contam, relatando que, após o susto inicial dos pais, agora a família é toda apoiadora do projeto, que surgiu a partir de reportagens sobre diversos outros casais que decidiram largar tudo para viajar pelo mundo.

Sonho difícil

Inicialmente, Alice e Lucas pensaram que a aventura seria um sonho difícil de ser realizado por causa do alto custo financeiro para viabilizá-la. Na época, ambos cursavam MBA em Gestão de Projetos e, meio que sem grandes pretensões, foram levantando os custos da viagem. Ao perceber que era possível concretizá-la, se empolgaram com a possibilidade e dedicaram-se a estudar ao máximo tudo relacionado à rota imaginada.

“Além disso, estabelecemos metas de economia, para juntar o dinheiro necessário para o projeto. Remanejamos os gastos e planejamos tudo com o olhar de engenheiros, através de cálculos e planilhas de custo. Passamos a adotar um estilo de vida mais simples, com menos gastos e menos saídas e passeios. É uma adaptação necessária para quem resolve apostar numa viagem tão longa como essa”, conta o casal.

Amigos de infância

Lucas e Alice casaram-se no início do ano. Amigos de infância, o relacionamento do casal já dura dois anos e meio. Ela é engenheira química e ele engenheiro civil. Desde sempre, principalmente a partir da adolescência, eles partilham o gosto por viajar e se aventurar em destinos menos urbanos. Eles já haviam feito “mochilão” em vários destinos da própria América do Sul, além da Europa e dos Estados Unidos.

O turismo de aventura é voltado às belezas naturais, portanto, é o foco do projeto Mega Macaqueiros. “Nossa intenção é parar nas cidades quando apertar a vontade de dormir numa cama de verdade. Hotéis, só em último caso, quando houver necessidade. Pesquisamos muito sobre os locais onde vamos conhecer, e os pontos de apoio que oferecem alimentação, banho, conexão wi-fi, etc”, relata o casal.

Monte Roraima está entre os destinos do roteiro – Foto: Reprodução/Mega Macaqueiros

Qualquer terreno

Para permitir que eles possam passar a noite em lugares mais ermos, o casal investiu em um veículo à altura de uma viagem dessa dimensão. Eles venderam os dois carros que tinham e adquiriram o jipe Defender 110 da Land Rover, com tração 4×4, ideal para “aguentar os trancos” em qualquer terreno.

Adaptado para ser a casa sobre rodas de Lucas e Alice, no carro foram instalados armários para armazenar roupa, fogareiro, geladeira, comida e ferramentas. Os armários foram projetados para se transformar em cama de casal, o que irá ajudar a reduzir custos de hospedagem. “Nossa intenção é recorrer o mínimo possível à hospedaria fora do carro. Logicamente, temos que evitar situações climáticas extremas, de muito frio ou calor, e prezar pela nossa segurança. Fora isso, o carro acomoda os dois com conforto”, relata o casal, mostrando o jipe batizado de “Trambolho”.

Contorno das Américas

Embora tenham um roteiro definido, Lucas e Alice esperam não se ater somente aos locais que pretendem conhecer. Tanto é que eles não descartam a hipótese de estender a viagem além dos 500 dias previstos. Entre os inúmeros atrativos da jornada pelas Américas, o casal informa que alguns destinos são aguardados com mais ansiedade.

Na América do Sul, a expectativa é grande para chegar até o Ushuaia, à Patagônia, a Machu Picchu (que ambos conhecem separadamente), a Cartagena das Índias (cidade litorânea na Colômbia), ao Monte Roraima, na triplica fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana e às praias do Caribe.

Para fazer a travessia até a América do Norte, eles devem despachar o jipe de navio até o Panamá. Nos Estados Unidos, os destinos mais aguardados são o Grand Canyon e Yellowstone, o mais antigo parque nacional do mundo, localizado nos territórios do Wyoming, Montana e Idaho.

Experiência de vida

Para Alice e Lucas, o projeto Mega Macaqueiros, acima de tudo, é uma aposta nas aventuras que uma viagem dessa dimensão permite. Ao jogar tudo para o alto para realizar o sonho de percorrer tantos países e conhecer tantas culturas, eles esperam que o retorno a Ipatinga compense a decisão de abrir mão de empregos estáveis e da vida confortável construída na cidade onde nasceram.

“A gente espera retomar o que fazíamos, lecionando ou atuando diretamente na área da engenharia. Mas as possibilidades são muitas. Quem sabe, podemos até abrir uma agência de viagens? Afinal, após uma viagem tão longa, esperamos que voltemos mudados, abertos a novas possibilidades”, argumentam. Para eles, o projeto Mega Macaqueiros é uma continuidade do que sempre fizeram: explorar novos lugares em busca das experiências que só as viagens proporcionam. “Uma coisa é praticamente certa. Ao retornamos, provavelmente vamos fazer novas planilhas e planejar outra viagem dessas. Quem sabe, rumo à Europa”, concluem.

Serviço

Para conhecer mais detalhes sobre o projeto, basta acessar megamacaqueiros.wix.com/megamacaqueiros. No site, há canais para as redes sociais e o blog criado para relatar toda a viagem.

O Parque Yellowstone, nos Estados Unidos, também será visitado – Foto: Reprodução/Mega Macaqueiros

(Fonte: Jornal Vale do Aço)

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