E o ano novo chegou. A transição entre o dia 31 de dezembro de 2014 e primeiro de janeiro de 2015 é mais que um momento simbólico de passagem de ano mas um momento de reflexão sobre os acontecimentos de um período, mais precisamente, de um ano. Apesar de estarmos em 2015, as contas de 2014 não estão totalmente fechadas, mas os números de vários segmentos indicam que ele não foi animador. Não iremos analisar cada um deles apesar de estarem intimamente relacionados.
A balança comercial brasileira, por exemplo. Após mais de uma década no azul, com superávits superiores a 20 bilhões de dólares, agora estamos amargando uma conta no vermelho em torno de cinco bilhões de dólares. As análises são feitas por especialistas de vários segmentos e por vários pontos de vista, mas podemos afirmar que, se não fosse o agronegócio, estas contas negativas seriam infinitamente maiores. Mesmo com todas as pressões internas e externas de ambientalistas, de preservação ambiental e de outros segmentos da sociedade, o agronegócio brasileiro continua forte, sustentando a economia deste pais, gerando milhões de empregos diretos e indiretos. Um setor que, considerando a área ocupada do território nacional, não precisa avançar sobre matas e florestas para aumentar o seu potencial produtivo, mas de investimentos em ciência, tecnologia e profissionais especializados para aumentar os rendimentos e a produtividade nas mesmas áreas exploradas atualmente.
Em relação ao meio ambiente foram criados vários parques naturais e reservas protegidas em remanescentes de biomas que estão desaparecendo como a Mata Atlântica e Cerrados, mas o nosso maior problema na atualidade é a Amazônia. São milhares de quilômetros quadrados de florestas sendo destruídas anualmente para extração irregular de madeira, mineração, implantação de áreas de agropecuária dentre outros. Apesar das tecnologias de monitoramento e controle, em 2014 os números do desmatamento aumentaram em relação ao ano anterior. O lado positivo é que a Amazônia ainda possui uma grande capacidade de resiliência, ou seja, uma área desmatada, quando abandonada, é capaz de se recuperar sozinha após alguns anos ou algumas décadas, restabelecendo a mata existente no local. Mas até quando isto irá acontecer? Muitos pesquisadores citam que enquanto o clima local não for modificado esta capacidade de recuperação continuará, mas caso o desmatamento atinja níveis muito elevados a ponto de comprometer o clima, a capacidade de recuperação da vegetação ficará comprometida e um novo bioma será instalado na região, o bioma Cerrado, comprometendo além da flora, a fauna da região e alterando o clima de parte do planeta.
Após gastos descontrolados em 2014 dos governos Estaduais e Federal, o ano de 2015 começa com diversas promessas. Apertos nas contas públicas, redução de gastos e aumentos de impostos com previsão pessimista para o crescimento econômico com respingos diretos no setor produtivo da agropecuária e na área ambiental.
Vamos aguardar e torcer para que 2015 não seja tão ruim quanto estão prevendo os especialistas. Que os nossos gestores possam atuar com seriedade em relação aos gastos do dinheiro público, afinal, eles gastam e nós pagamos a conta, e que eles pensem com mais carinho nos setores da agropecuária e ambiental.
Quem é Alexandre Sylvio Vieira da Costa?
– Nascido na cidade de Niterói, RJ;
– Engenheiro Agrônomo Formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro;
– Mestre em Produção Vegetal pela Embrapa-Agrobiologia/Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro;
– Doutor em Produção Vegetal pela Universidade Federal de Viçosa;
– Pós doutorado em Geociências pela Universidade Federal de Minas Gerais;
– Foi Coordenador Adjunto da Câmara Especializada de Agronomia e Coordenador da
Comissão Técnica de Meio Ambiente do CREA/Minas;
– Foi Presidente da Câmara Técnica de eventos Críticos do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio Doce;
– Atualmente, professor Adjunto dos cursos de Engenharia da Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus Teófilo Otoni;
– Blog: asylvio.blogspot.com.br
– E-mail: alexandre.costa@ufvjm.edu.br