Krenaks fecharam trecho da Vitória a Minas em Resplendor. Passageiros podem remarcar passagens ou solicitar reembolso.
As viagens feitas de trem, de Minas Gerais ao Espírito Santo, pela Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), estão paralisadas por tempo indeterminado para operações de carga e de passageiros, desde o fim da tarde dessa terça-feira (9). Segundo a empresa Vale, que administra a ferrovia, representantes do povo indígena Krenak ocuparam um trecho da estrada, em Resplendor, no Leste de Minas Gerais. Com isso, as pessoas que já haviam comprado bilhetes poderão se dirigir às estações ao longo do trecho para remarcar a passagem ou solicitar reembolso no prazo de 30 dias. A Vale informou ainda que tem mantido contato com os índios para que o local seja liberado, mas que em uma das tentativas, um funcionário foi mantido refém.
Povo indígena Krenak ocupou a ferrovia no sábado (6) (Foto: Plínio Viana/Reprodução)
A mesma tribo já havia fechado a EFVM no último sábado (6), durante a tarde. A manifestação afetou a operação ferroviária e paralisou, inclusive, a circulação do trem de passageiros que fazia o percurso entre Belo Horizonte e Cariacica, na Grande Vitória. A situação foi normalizada e os trens voltaram a circular no domingo (7).
Mas os Krenak voltaram a ocupar a ferrovia por volta das 17h dessa terça. O motivo da manifestação, segundo a liderança indígena da aldeia, é que a mineradora não tem cumprido acordos firmados entre as partes, em 2006, quando também ocorreu um protesto.
A Vale informou que representantes da empresa se reuniram com os indígenas na Terra Indígena Krenak, na segunda-feira (8), não havendo consenso entre as duas partes. Nesta terça, a Vale encaminhou novamente representante ao local, mas ao chegar, ele foi impedido de sair e obrigado a seguir junto com a comunidade para a ferrovia, local da ocupação.
Apesar de ter sido bloqueada por membros da tribo, a Estrada de Ferro Vitória a Minas está fora da área de abrangência da Terra Indígena Krenak.
Reivindicações
Segundo a mineradora, as reivindicações dos indígenas envolvem repasse financeiro no valor de R$ 3 milhões ainda este ano; a saída da equipe técnica que apoia a implementação do projeto de pecuária leiteira; e a não participação da Funai e do Ministério Público Federal nesse processo.
Para a Vale, o acordo em questão é uma liberalidade, mas durante várias reuniões com a empresa, com o Ministério Público Federal e com a Funai, os indígenas se mostraram inflexíveis diante das propostas apresentadas.
Trem de passageiros
A Vale informou que os passageiros que já haviam adquirido seus bilhetes poderão se dirigir às estações ao longo do trecho para remarcar a passagem ou solicitar reembolso no prazo de 30 dias.
Mais informações podem ser obtidas pelo Alô Ferrovias (0800 285 7000), canal de atendimento gratuito mantido pela empresa. A mineradora informou que lamenta o ocorrido e que já está tomando as medidas necessárias para liberar o trafego ferroviário o quanto antes e garantir o embarque dos passageiros que estão com viagens agendadas para os próximos dias.
(TV Gazeta do Espírito Santo)