Homem confundido com estuprador em Valadares vai entrar na justiça contra a Polícia Militar

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Pedro Liberato disse que abordagem da Polícia Militar teria sido irregular. Kleidsson dos Santos foi abordado por ter carro semelhante a de estuprador.


O advogado do supervisor técnico Kleidsson do Santos Amaral, Pedro Liberato, deu uma coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira (28) na delegacia de Polícia Civil de Governador Valadares, no Leste de Minas e afirmou que o seu cliente vai entrar na justiça contra a Polícia Militar (PM).

Segundo o advogado, Kleidsson foi abordado pela PM em três oportunidades desde o último domingo (26), quando uma adolescente de 17 anos foi vítima de um estupro em Valadares. Em uma das abordagens no fim da manhã desta terça-feira, fotos de Kleidsson sendo revistado foram divulgadas por pessoas que passavam pelo local, por meio de aplicativos de celulares e redes sociais na internet.

Kleidsson (esquerda) e Pedro (direita) durante coletiva de imprensa na delegacia (Foto: Diego Souza/G1)

“A Polícia Militar esteve na casa do meu cliente ainda no domingo porque a informação era de que o veículo utilizado pelos estupradores tinha a mesma marca e cor. O fato é que a única coisa semelhante é a cor, porque a vítima não informou a marca do veículo à delegada que cuida do caso e disse apenas que era preto o carro. Ao ver a foto do meu cliente a vítima imediatamente disse que não se tratava de um dos autores do crime. Por isso, vamos acionar a justiça”, disse o advogado.

Após a divulgação das imagens de Kleidsson ele passou a receber ameaças, segundo advogado. “Desde então ele vem sofrendo com as consequências desses atos. Isso coloca em risco a vida dele. Até ameaça de morte Kleidsson vem recebendo e a sua família está muito abalada com tudo isso. O que a gente pede é que as mesmas pessoas que fizeram a maldade de divulgar as imagens dele como um suposto criminoso, agora corrijam esse erro e publiquem a imagem dele como uma pessoa correta e de bem”, pede o advogado.

O comandante do Sexto Batalhão da Polícia Militar em Valadares, tenente coronel Wagner Fabiano deu uma coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (28). Durante a tarde ele confirmou que Kleidsson do Santos Amaral não tem nenhuma relação com o estupro registrado no domingo.

“Reitero que esse indivíduo não praticou o crime, ele não é o autor deste delito e não há nenhuma ligação dele em relação a esses fatos. A abordagem aconteceu tendo em vista que o carro que ele possui se parece com o carro que foi passado para nós, pelas vítimas e testemunhas”, diz o comandante.

Em relação ao fato de Kleidsson acionar a justiça, o tenente coronel diz que esse é um direito que cada um tem. “É uma coisa pessoal se ele quiser fazer. Certo é que havendo fundada suspeita de que um individuo possa estar praticando crimes ou ter praticado, a Polícia Militar tem um respaldo no código de processo penal de abordar essa pessoa e identificar, para checar a situação”.

Delegada ouve depoimento de vítima de estupro

A Polícia Civil de Governador Valadares, no Leste de Minas Gerais, investiga um estupro que aconteceu na manhã de domingo (26). Conforme a delegada Adeliana Marino, a vítima de 17 anos afirmou em depoimento que foi violentada por dois homens.

Delegada diz que divulgação de mensagens atrapalham investigações. (Foto: Diego Souza/G1)

Ela foi abordada no Bairro São Tarcísio e acredita que o crime aconteceu no Bairro Universitário. Os suspeitos estariam em um carro preto. A ocorrência foi registrada pela Polícia Militar que também se pronunciou sobre o caso nesta terça-feira.

“A vítima disse que os suspeitos não estavam encapuzados e que um deles era alto, negro, aparentando ter 30 anos e o outro tinha cabelos grisalhos e aparentava ter 50 anos. Ela disse que os dois a estupraram. Eles estavam em um carro preto, mas em nenhum momento ela disse qual era a marca do carro”, declarou Adeliana.

Ainda de acordo com a delegada, uma adolescente de 16 anos também registrou ocorrência de uma suposta tentativa de estupro no mesmo domingo (26), uma hora antes do estupro consumado no Bairro Universitário. “A adolescente relatou que dois homens com as mesmas caraterísticas tentaram aborda-la, mas ela reagiu gritando para chamar a atenção, eles desistiram e fugiram do local”.

Falsas informações

Desde o último domingo uma série de informações sobre os casos têm sido divulgadas em redes sociais e por meio de aplicativos de celular. Segundo a delegada Adeliana Mariano, as informações repassadas na grande maioria são falsas e atrapalham as investigações.

“Nestas mensagens foram repassados retratos falados de suspeitos que nem são daqui e muito menos foram divulgados pela polícia. Outra informação inverídica é sobre a marca do carro, as vítimas jamais afirmaram a marca que vem sendo divulgada, apenas que se trata de um carro preto. Tudo isso traz transtornos para as investigações porque na tentativa de ajudar, estas pessoas acabam atrapalhando o trabalho da polícia”, explica a delegada.

Imagens das câmeras de monitoramento do sistema Olho Vivo que estão instaladas próximo ao local onde a vítima do estupro foi abordada, já foram solicitadas pela Polícia Civil, na tarde desta terça-feira (28) e serão analisadas.

(Fonte: Inter TV dos Vales)

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