Sem ataques pessoais, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) discutem propostas no penúltimo debate do segundo turno
No penúltimo debate entre presidenciáveis antes do fim do segundo turno, realizado pela Rede Record na noite deste domingo (19), os candidatos Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), evitaram a “lavagem de roupa suja” que marcou os dois primeiros debates e se concentraram na discussão de propostas e nos casos de corrupção envolvendo a Petrobras.
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A expectativa em relação aos ataques que Dilma e Aécio poderiam fazer um ao outro era grande, sobretudo depois do debate da última quinta-feira (16), realizado pelo UOL, SBT e Jovem Pan. Na ocasião, os dois trocaram ofensas pessoais e citaram supostos casos de nepotismo envolvendo parentes de ambos.
No debate deste domingo, o tom foi bem menos agressivo e o encontro foi marcado por uma vasta apresentação de dados estatísticos sobre inflação, crescimento econômico e criminalidade.
O primeiro bloco do debate, o mais longo, com quatro perguntas para cada lado, foi marcado pela discussão de três temas: segurança pública, economia e corrupção na Petrobras. O segundo e terceiro blocos foram marcados por questionamentos sobre o Bolsa-Família, o papel dos bancos públicos na economia e obras inacabadas.
Segurança pública
Aécio criticou a política de segurança pública do governo federal afirmando que ela teria “falhado” citando dados do Unicef de que, no Brasil, 24 jovens morrem por dia.
“Onde falhou o seu governo no enfrentamento da criminalidade e do avanço das drogas no Brasil?”, indagou.
Dilma respondeu afirmando que a segurança pública não é responsabilidade do governo federal, mas que, mesmo assim, investiu R$ 17,7 bilhões no setor. A candidata voltou a afirmar que, se reeleita, tentará mudar a constituição e atribuir parte da responsabilidade pela segurança pública à esfera federal.
“Todo mundo sabe que o governo federal não tem a responsabilidade constitucional da segurança. Nós queremos ter esta responsabilidade. Tanto é assim, mesmo não tendo, gastamos do nosso orçamento R$ 17,7 bilhões”, afirmou.
Dilma ressaltou ainda que a criminalidade em Minas Gerais aumentou entre 2002 e 2012 –Aécio foi governador entre 2003 e 2010– enquanto os demais Estados da região Sudeste teriam observado queda nos índices.
“O mapa da violência demonstra que de 2002 a 2012, houve um crescimento de 52% nos homicídios em Minas Gerais, enquanto no Sudeste, como um todo, houve uma queda de 37% dos homicídios”, afirmou.
Aécio Neves e Dilma Roussef participam do debate da TV Record neste domingo – Foto: Eduardo Enomoto/R7
Economia
O candidato do PSDB à Presidência criticou o ritmo de crescimento da economia brasileira e a taxa de inflação no país, e comparou os dados do Brasil aos de outros países latino-americanos.
“Por que isso não acontece em países vizinhos nossos? Cito o exemplo do Chile, que consegue crescer bem mais do que o Brasil controlando sua inflação. Onde está o erro, candidata?”, indagou.
A candidata à reeleição, Dilma Rousseff respondeu destacando que o Brasil tem uma taxa de 5% de desemprego que, segundo ela, é o menor nível da história, e disse que a proposta tucana de levar a inflação para 3% elevaria o desemprego para 15%. “Para ter 3% de inflação, o senhor vai triplicar o desemprego, ele vai para 15%, e o senhor vai elevar a taxa de juros, como já fizeram antes, a 25%, porque esse é o receituário”, disse Dilma.
Petrobras
A corrupção na Petrobras voltou à tona durante o debate. Aécio perguntou se Dilma confiava no tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, apontado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, como um dos operadores do esquema de desvio de recursos da estatal.
“A senhora reconhece agora que houve desvios. Aquele que é denunciado, para recebimento dessa propina, o tesoureiro João Vacari Neto, continuará como presidente do partido e continuará também como membro do Conselho de Itaipu. A senhora confia nele, candidata?”, perguntou Aécio.
Em sua resposta, Dilma devolveu a pergunta ao tucano. “O senhor confia em todos aqueles que segundo as mesmas fontes que acusam o Vaccari dizem que o seu partido, o presidente dele, que lamentavelmente está morto (Sérgio Guerra), recebeu recursos para acabar com a CPI? O senhor acredita, candidato?”, questionou Dilma.
Na réplica, Aécio voltou ao ataque. “Porque se na Petrobras, onde ele não tinha, pelo menos qualquer acesso formal, 2/3 da propina segundo o delator, eram transferidas para ele, eu fico imaginando em Itaipu, onde ele tem um crachá, que assina documentos, que pode estar acontecendo lá”, disse o tucano.
Bancos públicos
No segundo bloco, os bancos públicos ocuparam parte da pauta, com os candidatos confrontando dados que já haviam debatido em oportunidades anteriores.
Aécio acusou Dilma de fazer “terrorismo eleitoral” com os funcionários de Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Segundo Aécio, seu plano de governo não prevê demissões nem redução das funções dos bancos públicos. “Apenas não deixaremos que os bancos entrem na cota política do governo, a gestão será profissionalizada”, disse o tucano.
A candidata do PT respondeu dizendo que quem faz “terrorismo eleitoral é o seu candidato a ministro da Fazenda (Armínio Fraga), que diz que os bancos públicos terão seu papel reduzido. Eu, se fosse funcionária de um desses bancos, iria ficar com três pulgas atrás da orelha com o senhor”.
No último bloco, Dilma enfatizou as “conquistas” obtidas pelo país nos últimos anos. “Ninguém mais do que você que me escuta sabe o quanto foi difícil melhorar a vida da sua família. A vitória é sua, de mais ninguém. A vitória é sua”, disse.
Aécio Neves voltou a dizer que é o candidato da mudança. “Eu sou candidato a presidência da República para mudar de verdade o Brasil, não apenas no slogan”, disse.
(Fonte: UOL Eleições)