A ÁGUA E A VIDA – Alexandre Sylvio Vieira da Costa

0

No dia 21 de setembro comemora-se o dia da árvore, mas será que conhecemos a sua importância para a nossa existência? Acho que não, caso contrário, não estaríamos destruindo com tanta rapidez o que resta de nossas matas e florestas. Neste momento de crise dos recursos hídricos causado por fatores globais, potencializados pelo desmatamento, nada melhor do que descrevermos a importância das árvores para o ciclo das águas.

Em cidades da região Norte como Manaus e Belém é comum marcarem-se encontros antes ou depois das chuvas. Isto acontece porque as chuvas ocorrem praticamente todos os dias no período da tarde. Esta regularidade deve-se, principalmente, à presença da floresta amazônica. As árvores que compõem aquela vegetação exuberante, devido à absorção de nutrientes do solo e ao controle de sua temperatura necessitam retirar água do solo constantemente. Esta água percorre toda a sua extensão sendo liberada na superfície das folhas na forma gasosa. Como estas árvores possuem muitas raízes distribuídas pelo solo em várias profundidades e folhas com superfície muito extensa, a quantidade de água transferida para a atmosfera é muito grande. Alguns artigos científicos citam que na floresta amazônica a transferência de água para a atmosfera, processo chamado de evapotranspiração, é de 7,0 milímetros de água em média por dia, ou seja, setenta mil litros de água por hectare. Esta água, na forma gasosa, sobe para a atmosfera, transfere sua energia, volta para a forma líquida e retorna à superfície da terra na forma de chuva realimentando todo o ciclo. Não é a toa que a região possui a maior bacia hidrográfica do planeta em volume de água e, recentemente, foi descoberto um lençol artesiano com o maior volume de água já registrado, o aquífero Alter do Chão, com 86 trilhões de metros cúbicos de água. Nada disto seria possível sem a presença da floresta. O mesmo vale para a nossa Mata Atlântica onde restam apenas 12,5% da floresta original distribuídos em fragmentos ao longo do território brasileiro.

O solo exposto sem florestas e matas apresenta uma grande redução na infiltração de água, o aumento do escorrimento superficial e, consequentemente a erosão dos solos, bem como uma gigantesca redução da evapotranspiração. Com isto, uma quantidade menor de água é transferida para a atmosfera, o ar fica mais seco, com menor umidade relativa, reduzindo assim as chuvas e o abastecimento dos mananciais hídricos superficiais e subterrâneos, tornando a região mais quente e árida.

Infelizmente em várias regiões mineiras este processo de desertificação já se encontra instalado e avançando a cada ano. Ações práticas devem ser adotadas imediatamente em detrimento aos discursos retóricos. Caso o processo de degradação não seja revertido, veremos a ação das secas ser potencializada a cada ano e ainda os conflitos decorrentes do uso dos recursos hídricos.

Quem é Alexandre Sylvio Vieira da Costa?



– Nascido na cidade de Niterói, RJ;
– Engenheiro Agrônomo Formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro;
– Mestre em Produção Vegetal pela Embrapa-Agrobiologia/Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro;
– Doutor em Produção Vegetal pela Universidade Federal de Viçosa;
– Pós doutorado em Geociências pela Universidade Federal de Minas Gerais;
– Foi Coordenador Adjunto da Câmara Especializada de Agronomia e Coordenador da
Comissão Técnica de Meio Ambiente do CREA/Minas;
– Foi Presidente da Câmara Técnica de eventos Críticos do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio Doce;
– Atualmente, professor Adjunto dos cursos de Engenharia da Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus Teófilo Otoni;

– Blog: asylvio.blogspot.com.br
– E-mail: alexandre.costa@ufvjm.edu.br

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui