Universidade Federal do Ceará participa da pesquisa de nova tecnologia. Uso comercial será feito em 2020, segundo estimativa da empresa sueca.
A velocidade de internet dá passos diferentes no Brasil. Enquanto o 3G ainda não é, mas caminha para ser a principal tecnologia móvel de conexão do país, e a recém implantada banda larga de quarta geração chega a 1% das linhas, uma universidade tem papel crucial no desenvolvimento do 5G.
Ericsson e Universidade Federal do Ceará (UFC) pesquisam desde 2012 a tecnologia que tem enorme potencial. “A gente pode falar em [velocidade] 250 vezes superior às taxas de 4G”, disse em entrevista o diretor de inovação da Ericsson Brasil, Edvaldo Santos. Isso significa transmissões de 1 Gigabit por segundo (Gbps). Testes de campo na Suécia, porém, já mostraram que podem chegar a 5 Gbps.
(Testes com a tecnologia serão iniciados em dois anos – Foto: Divulgação)
O gostinho de acessar a internet com altíssimas taxas de download não está tão distante do país. “A indústria vai ser capaz de demonstrar aqui no Brasil daqui a dois anos, creio eu”, estimou Santos.
A aposta no 5G ocorre porque a indústria já procura encontrar soluções tecnológicas para suprir a demanda dos consumidores por altas velocidades. Isso apesar de o 4G ter começado a operar há pouco tempo, em maio de 2013, e não ter se difundido ainda ?conta apenas com 1% das linhas de acesso móvel no país (2,8 milhões). Embora seja a tecnologia que mais cresce, o 3G vai na mesma linha, visto que ainda não possui mais acessos que o lento 2G: são 120,8 milhões de linhas contra 142,8 milhões.
“Esse é um grande desafio que a gente enfrenta com essa demanda explosiva por capacidade, devido a proliferação de smartphones”, explica Santos.
Os pesquisadores trabalham com a tecnologia de quinta geração em altas frequências entre os 10 Ghz e 60 Ghz. Comparativamente, o 4G atual funciona em 2,5 Ghz e a faixa dos 700 Mhz será leiloada ainda neste ano para abrigá-lo. “As faixas mais altas do espectro de radiofrequência carregam uma quantidade maior de informações”, diz Santos, explicando que por isso o 5G vai ser mais rapidinho que o 4G. O papel do grupo de 39 pesquisadores da UFC é justamente pesquisar como explorar melhor essas faixas, em um segmento chamado de “ondas milimétricas”.
Uma peculiaridade é que quanto maior a intensidade da frequência, menor é o seu alcance. Com isso, a quantidade de antenas de celular (estações de rádio base) terão que ser mais próximas umas das outras. “O espaçamento entre ERBs em grandes metrópoles vai ter a mesma distância que os postes de iluminação em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro”, sugere Santos.
Não é apenas a taxa de conexão que aumenta com o 5G, afirma o pesquisador. A tecnologia servirá como um “condomínio que define regras de coexistências” entre os serviços que rodam nas faixas utilizadas pelos outros tipos de conexão. Servirá, por exemplo, para definir que um semáforo conectado terá prioridade no envio e recebimento de dados. Além disso, vai fazer a comunicação entre esses aparelhos e um carro de bombeiro que precise de sinais verdes para chegar ao local de um resgate mais rápido.
Para a Ericsson, a previsão do início da oferta comercial do 5G, no entanto, é 2020, diz Santos. Além disso, Estados Unidos, países da Ásia e Europa devem ser os primeiros a recebê-las. Até lá, o 4G ainda tem muito para avançar. Segundo a consultoria Teleco, são 118 cidades que já contam com o serviço. (G1)