Minas Gerais é um Estado da federação, mas poderia ser considerado um país se comparado a muitos países da Europa, Ásia e das Américas. Não é destaque no cenário nacional apenas pela sua grandeza territorial, mas também em diversos aspectos como o social, industrial e agropecuário.
Apesar de sua magnitude, também apresenta problemas como a grande diversidade existente entre as suas macrorregiões e que refletem diretamente na distribuição das riquezas produzidas e nos seus índices de desenvolvimento. Um dos principais índices que demonstra o interesse das pessoas em viver, ou não, em determinada região é a sua taxa de crescimento populacional.
Após o Censo de 2010, comparando com o Censo de 2000, verificamos que estas macrorregiões apresentam características completamente distintas. Entre os anos de 2000 e 2010, verificamos que Minas Gerais apresentou uma taxa de crescimento populacional de 9,53%, muito diferente da macrorregião do Vale do Jequitinhonha em que a taxa foi de apenas 3,53%. Analisando de forma mais específica, na microrregião de Capelinha que faz parte da macrorregião do Jequitinhonha, dos seus 14 municípios, quatro deles apresentaram uma redução no número de habitantes, principalmente no município de Berilo onde esta redução foi de 5,23%. A cidade teve sua população reduzida de 12.979 habitantes para 12.300.
O que estaria acontecendo? Uma redução do índice de natalidade associado ao aumento do índice de mortalidade? Nada disso! O principal causador da redução destes números é a migração. O acesso à internet, o aumento do conhecimento através da melhor acessibilidade ao ensino público, inclusive o superior, tem levado as pessoas a reflexão sobre a sua condição de vida e a possibilidade de crescimento pessoal. Uma análise crítica e profunda da vida de restrições dos pais que sempre trabalharam de sol a sol na lavoura visando apenas à sobrevivência e a criação dos filhos, com renda muitas vezes, próxima a zero, sendo classificados dentro da faixa de pobreza extrema e que chegam à terceira idade com sérias limitações de saúde, sem expectativa de sobrevida longa, dependendo do salário mínimo da aposentadoria, quando tem, e outras mazelas que colhem após trabalharem por toda uma vida.
Após uma reflexão profunda, estes jovens decidem que não querem aquela vida para eles. Mesmo com diploma de curso superior, a melhoria da sua qualidade de vida não está ligada as suas raízes naquela cidade, sem qualquer perspectiva de crescimento e desenvolvimento, mas em centros urbanos mais desenvolvidos onde o seu conhecimento é valorizado. Infelizmente, estes jovens deixam sua história para trás, levando consigo apenas as lembranças, até que um dia tudo se acaba.
Enquanto o Estado não intervir de forma orientada e com sabedoria nestas regiões, a pobreza e a miséria continuarão predominando, alimentando este ciclo de migração, principalmente dos jovens, de rompimento com as raízes e com a história, saindo cada vez mais em busca do seu eldorado pessoal e a construção de uma nova história pessoal para suas vidas.
Quem é Alexandre Sylvio Vieira da Costa?
– Nascido na cidade de Niterói, RJ;
– Engenheiro Agrônomo Formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro;
– Mestre em Produção Vegetal pela Embrapa-Agrobiologia/Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro;
– Doutor em Produção Vegetal pela Universidade Federal de Viçosa;
– Pós doutorado em Geociências pela Universidade Federal de Minas Gerais;
– Foi Coordenador Adjunto da Câmara Especializada de Agronomia e Coordenador da
Comissão Técnica de Meio Ambiente do CREA/Minas;
– Foi Presidente da Câmara Técnica de eventos Críticos do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio Doce;
– Atualmente, professor Adjunto dos cursos de Engenharia da Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus Teófilo Otoni;
– Blog: asylvio.blogspot.com.br
– E-mail: alexandre.costa@ufvjm.edu.br