Este é um excelente exercício de “autoconhecimento”. Analisar como as pessoas agem conosco como se estivéssemos de fora do processo, nos possibilita enxergar com mais clareza como, de fato, somos.
Pregamos que desejamos sinceridade, mas em muitos casos, preferimos ouvir mentiras, não ouvir nada ou então, que as pessoas concordem conosco mesmo que estejamos errados. Este é um processo que ocorre quase que “institivamente”. Isto porque desconsideramos que a “verdade ou a mentira”, o “certo ou errado”, “feio ou bonito” depende do olhar de cada um.
Para mim, por exemplo, ouvir som alto no carro é errado porque incomoda aos demais e em alguns lugares é contra lei; para mim, dizer que o carro é dele, o ouvido é dele e que ele pode fazer o que bem entender é uma grande mentira porque ele vive em sociedade e precisa se adequar ao meio em que vive e, por fim, considero muito feio sair pelas ruas com aquele sonzão alto – ainda mais quando é um estilo musical que eu até digo que não é nem música.
Ora, estou sendo assim, com esta atitude, muito intolerante. Mesmo assim eu digo isto para os amigos, posto nas minhas páginas de redes sociais e então, quando a pessoa que gosta de ouvir, em seu carro, sua música alta que ele acha bonita, considera certo porque ele pode exercer a cidadania de ir e vir e fazer o que quer e que deseja ser verdadeiro por fazer o que gosta sem se preocupar com os outros, diante de mim pode pensar: “nossa, como a Marli é falsa, ela está sorrindo pra mim, mas ela detesta meu jeito de ser”!
É meus amigos, esta pessoa então, para respeitar minha opinião, não brigar comigo, não diz que a ópera que eu ouço é feia, que é uma mentira que aquele som mórbido, em sua opinião, possa me trazer paz e, que considera erradíssimo eu ficar “por aí” emitindo opinião sobre os gostos dele sendo que o meu é horrível…
Por isto, muitos vão deixando de opinar para não gerar insatisfação, desentendimentos e por conseguinte, vão se distanciando uns dos outros ou chegando à conclusão que todos estão ficando cada vez mais falsos.
E assim vamos convivendo numa sociedade que está cada vez mais composta por pessoas individualistas, intolerantes, pessoas que pensam que as que não pensam iguais a elas são ignorantes e as que sabem mais, são “donas da verdade”.
Triste esta constatação, porém, que sirva de alerta para pensarmos se, de fato, as pessoas estão ficando cada vez mais falsas ou se somos nós que estamos ficando menos tolerantes.