Marli Andrade – A busca pela felicidade pode nos causar tristeza

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Buscar a felicidade o tempo todo pode causar sérios desapontamentos. Para Freud, a felicidade é uma meta inatingível na vida do homem devido não só aos limites impostos pela cultura, mas, sobretudo, por àqueles estabelecidos por nossa própria constituição psíquica.

Freud disse ainda que A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz.

No entanto, esta avalanche de “profissionais” que tentam nos fazer acreditar que o caminho para a felicidade é o sucesso e o meio para alcançar o sucesso é a motivação e que a motivação se alcança a partir de uma listinha básica, generalizada… vai nos distanciando, cada vez mais, de nossas escolhas.

Questões básicas nos comprovam que ninguém pode nos conhecer a ponto de indicar-nos caminhos melhores para nós mesmos. Primeiro porque nossa constituição psíquica conta com “segredos” que inconscientemente influencia na tomada de nossas decisões; depois, podemos analisar ainda que cada momento representa uma felicidade diferente e, para um, o que traz felicidade, para outro pode trazer insatisfação.

Um exemplo claro: alcançar um emprego em que é possível estar diante de centenas de pessoas e falar para uma plateia pode ser a maior felicidade de uma pessoa; sendo que para outra, estar num escritório, lidando apenas com papéis, números, relatórios e planilhas é o ápice da felicidade. Qual dos dois obtém sucesso e são felizes? Ora, os dois! A motivação é diferente. Os desejos diferentes os levam à felicidades diferentes.

Conhecer a si mesmo, conhecer suas próprias motivações e compreender que as motivações são diferentes, são ações que podem indicar os caminhos para não sofrer tanto buscando a felicidade a todo tempo, pois é exatamente esta busca que nos distancia dela e nos fazem crer que os outros são mais felizes do que nós, só porque são diferentes – este sentimento pode nos deixar tristes.

Não há como negar que, além de prazerosa, a felicidade nos protege de acidente vascular cerebral, de resfriados, aumenta nossa resistência à dor e prolonga nossas vidas. No entanto, June Gruber, professora de psicologia na Universidade de Yale que estuda a felicidade, explica que é importante experimentar estados de espírito positivos com moderação.

“Os níveis muito elevados de sentimentos positivos geram consumo de álcool e drogas, compulsão alimentar e pode nos levar a negligenciar as ameaças”, afirma Gruber. Acreditem: muita alegria pode torná-lo ingênuo, egoísta e menos bem sucedido.

Precisamos urgentemente entender que as belezas e frustrações são responsáveis pela construção de nossas capacidades para ação e reação. Portanto, não fiquem assustados, pois emoções negativas melhoram nosso jeito de lidar com o mundo, a raiva nos preparar para lutar, o medo nos ajuda fugir quando necessário e a tristeza nos deixa atentos aos detalhes e faz com que passemos a pensar de maneira organizada.

Buscar a felicidade como se ela nos trouxesse satisfação plena e fosse alcançada por meio de listinha feita por terceiros, poderá trazer uma tristeza irreparável.

Vamos vivendo é aos poucos, vamos sendo felizes por momentos, vamos acumulando experiências com nossas tristezas e vamos nos transformando em seres humanos realizados quando conseguimos ir identificando quando é que fazemos algo por prazer, obrigação, conveniência…

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