Idosa natural de Araçuaí busca por irmão gêmeo

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Idosa quer resgatar a principal lembrança que ficou no município de origem

Moradora do bairro Planalto II, Ana Maria Pereira tem 104 anos. Nascida em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, a idosa busca por notícias do irmão gêmeo chamado Geraldo, que não vê há pelo menos 90 anos.

Forte e bem lúcida, “Don’Ana” – como é conhecida – diz ser esse o seu maior desejo atualmente. “Eu quero uma lembrança dele, se casou, se teve filhos e onde estão, enfim, uma notícia ao menos”, diz a idosa.

(Ana Maria Pereira completou 104 anos em janeiro; o maior desejo da idosa é resgatar o que ficou há muito na cidade onde nasceu – Foto: Wôlmer Ezequiel / Diário do Aço)

A história de Don’Ana foi apresentada por Valéria Pereira e Regiane Cristina Miranda, agentes da Unidade de Saúde do bairro que cuidam da idosa. Ana Maria nasceu em 1º de janeiro de 1910, e comprova o fato mostrando os documentos pessoais.

Em Araçuaí, ela recorda bem o endereço onde cresceu: foi na rua São José, próximo à Igreja Matriz, no Centro da cidade. Filha de Maria Júlia Pereira, Don’Ana tinha 19 irmãos quando deixou o município. O nome do pai não consta nos documentos.

A forma como ela se separou da família de muitos integrantes traz à tona uma mágoa que ficou no tempo. Ana Maria tinha pouco mais de dez anos, quando um desentendimento, por um pedaço de carne, levou o irmão mais velho a ameaçá-la de morte.

Depois de levar uma facada no braço, o que deixou cicatrizes, a então adolescente fugiu de casa. Ela ainda ficou na cidade a tempo de ver o irmão ser morto pelo que fez, conta. A cena, traumática, ela não esquece.

A menina, então, subiu em um caminhão de um motorista baiano que passava por Araçuaí e só desceu no município de Teófilo Otoni.

Nunca mais houve contato com os parentes. Em Teófilo Otoni, uma mulher a encontrou e a levou para casa para trabalhar nos afazeres domésticos até anos mais tarde, quando perambulou por outros cantos. “E aí lavava roupa para um e para outro, para não morrer de fome e não ficar pelada. Eu já sofri muito”, lembra.

A vizinha, e as agentes comunitárias de saúde são, para Don’Ana, parte da família

(A vizinha, e as agentes comunitárias de saúde são, para Don’Ana, parte da família – Foto: Wôlmer Ezequiel / Diário do Aço)

Solteirona

Ana Maria nunca se casou, tampouco teve filhos. Ela se mudou para Ipatinga antes de completar 40 anos e vivenciou as várias etapas do desenvolvimento do então distrito de Coronel Fabriciano. E trabalhou em diversas companhias e firmas que estavam se instalando no Leste mineiro.

Já ambientada na região, Don’Ana passou a cuidar de uma menina, que passou a representar a única família que constituiu. Hoje, ela, inclusive, tem um neto de consideração, sem falar na vizinha, Maria de Fátima da Silva, 53, que faz tudo por Ana Maria e também é tida como parente. “Digo pra ela que ela é minha filha, e o filho dela, meu neto”.

(Fonte: Diário do Aço)

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