Aos 58 anos de idade, a mineira Sara Deolinda Pimenta sempre esteve envolvida com a luta das mulheres rurais. Em sua dissertação de mestrado, por exemplo, há quase dez anos, ela elaborou uma pesquisa ativa de campo sobre a luta de posseiras e posseiros por terras no Vale do Jequitinhonha, região localizada no nordeste do estado de Minas Gerais. O trabalho rendeu a Sara o primeiro lugar, em 2005, na categoria Mestrado, no Prêmio Margarida Alves de Estudos Rurais e Gêneros, que chega a sua 4ª edição em 2014.
(Foto: Ascom/MDA)
O Prêmio é uma iniciativa do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) que, neste ano, vai selecionar e publicar os 15 melhores trabalhos com o tema Mulheres e Agroecologia, em três categorias: Ensaio Inédito, Relatos de Experiências e Memórias.
As inscrições começaram nesta terça-feira (1º de abril) e seguem até 30 de agosto, em âmbito nacional. Para participar, os interessados devem acessar o site de um dos organizadores do evento, preencher o formulário e enviar o texto de acordo com o edital, também disponível nos sites. Em 2014, o prêmio será de R$ 3 mil para os vencedores de cada categoria, além da publicação impressa em coletânea e certificado. A previsão é que os resultados sejam divulgados em dezembro deste ano.
“Além das pesquisas acadêmicas, estamos colhendo informações diretamente com as mulheres, para definir o que será importante na elaboração de políticas públicas para o meio rural, que dialoguem com a questão de gênero”, explica a coordenadora-geral de Organização Produtiva de Mulheres Rurais do MDA, Renata Leite.
Participação
Podem participar do Prêmio pesquisadoras e pesquisadores ligados a qualquer área do conhecimento (graduação e pós-graduação); representantes de Redes, entidades ou organizações não governamentais com experiência em Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) para mulheres; e trabalhadoras rurais e lideranças em comunidades. Cada autor (a) poderá concorrer com apenas um trabalho na categoria a que pertence.
Para Sara Pimenta fazer parte de um Prêmio como esse teve uma importância muito grande, já que desde muito cedo ela presta assessoria a movimentos de trabalhadoras rurais. “Foi importante pela simbologia do prêmio, de homenagear Margarida Alves. Isso é muito emblemático pela luta das mulheres. Além disso, na época em que participei (2005), o MDA estava começando a construir políticas voltadas para as mulheres rurais, o que foi bastante motivador”, lembra. O prêmio recebido por Sara foi compartilhado entre as moradoras e moradores do assentamento no Vale do Jequitinhonha, que foi tema de seu trabalho.
Margarida Alves
Em sua 4ª edição, o Prêmio Margarida Alves de Estudos Rurais e Gêneros presta homenagem à dirigente sindical Margarida Maria Alves, brutalmente assassinada em 1983, aos 40 anos de idade. Margarida, após 12 anos no Sindicato Rural de Alagoa Grande (PB), rompeu com padrões tradicionais ao fundar o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural, além de lutar contra o analfabetismo, injustiças e exploração. A trabalhadora também foi uma forte defensora da reforma agrária.
Parceiros
A organização do evento é da Diretoria de Políticas para Mulheres Rurais (DPMR) e do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (Nead), em parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), a Associação Brasileira de Agroecologia (ABA- Agroecologia), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciências Sociais (Anpocs), a Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) e movimentos sociais de mulheres trabalhadoras rurais.
Serviço
Prêmio Margarida Alves de Estudos Rurais e Gêneros – Mulheres e Agroecologia
Inscrições: 1º de abril a 30 de agosto de 2014
Sites: www.mda.gov.br/aegre, www.nead.gov.br
Mais informações
premiomargaridaalves@mda.gov.br, premiomargaridaalves@gmail.com
Telefone: (61) 2020-0845
Confira aqui o edital do Prêmio.