Ditadura Militar prendeu e matou jovens no Vale do Jequitinhonha

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A noite de 31 de março para 1º de abril de 1964 foi uma das mais tenebrosas da história do Brasil. Até assumir um presidente civil, em 15 de março de 1985, durante 21 anos, o governo militar cometeu atrocidades, perseguiu, prendeu, matou, proibiu reuniões, manifestações, qualquer coisa que pudesse ter cheiro de liberdade.

Foram proibidos livros, revistas, jornais, comunicações, reuniões que pregassem democracia, participação, solidariedade, justiça. Havia censura prévia para tudo: música, livro, peça de teatro, obras artísticas, jornais, rádios, TV. Só podia circular o que os militares permitiam.

As reuniões de grupos familiares, amigos e militantes políticos eram vigiadas e proibidas, principalmente se discutissem política e fizessem críticas ao governo. Associações, Sindicatos, as pastorais da Igreja Católica, os movimentos de reivindicações. Era tudo vigiado, pressionado, muitas vezes fechado. Greve e manifestações por direitos eram proibidos.

No Vale do Jequitinhonha, muita gente foi perseguida, presa, morta ou desaparecida. O jornal Geraes surgiu, em 1978, para denunciar a opressão da ditadura militar na região e defender os valores genuínos do Vale. Seus diretores e colaboradores eram perseguidos pelo coronelismo político da região.

Tadeu Martins e Carlos Figueiredo, de Itaobim; Aurélio Silby, de Santana do Araçuaí, de Ponto dos Volantes; e George Abner, de Pedra Azul, eram estudantes universitários em BH e, com a cara e a coragem, desvendaram a ditadura na região, e, ao mesmo tempo, promovia o movimento de identidade cultural e política do Vale do Jequitinhonha, diz um texto no Blog Canta Minas.

Em Diamantina, Paulo Freire era vedado nos colégios de 2º grau de formação de professores, conta o pedagogo Sinésio Bastos. “Era uma obra tão proibida que uma vez , em 1971, fui acusado de pregar revolução armada por ter falado de Freire na faculdade de filosofia da cidade”, revela.

José Prates, ex-prefeito de Salinas, estudante de Arquitetura da UnB – Universidade de Brasília foi exilado pro Chile, após manifestação em frente à Embaixada dos Estados Unidos, em Brasília. Apolo Lisboa, professor de Medicina da UFMG, também de Salinas, era exilado para a Argélia, na África. Hoje, é candidato ao governo de Minas, pelo PSB-Rede.

Já Idalício Soares Aranha Filho, militante do PC do B, foi assassinado na Guerrilha do Araguaia, em 1972. Ele era de Rubim, no Baixo Jequitinhonha. Estudou Psicologia, na UFMG, tendo sido liderança estudantil.

Um dos nomes mais conhecidos é o de Nilmário Miranda, jornalista, de Teófilo Otoni no Vale do Mucuri. Ele foi preso e torturado. Depois de 2 anos, foi solto. É deputado federal (PT-MG), tendo sido Ministro dos Direitos Humanos, no governo Lula.

O professor Manoel Viana, de Padre Paraíso, foi preso, torturado e tirado de circulação por vários meses. Ameaçado de morte, não soube ou não pôde contar onde esteve. Faleceu em Itaobim, há 3 anos.

Por último destaca-se um homem de codinome “Capitão”. Amigo carioca de Inocêncio Leite (que hoje reside em Minas Novas) dava aulas no Ginásio Minas Novas. Foi perseguido e assassinado pelo exército, na chamada “Estrada Definitiva”, hoje BR 367 trecho próximo ao Posto Chapadão no município de Turmalina.



(Blog do Banu / Rádio Turmalina)

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