De tempos em tempos, uma receita “milagrosa” para perder peso ou ganhar saúde vira moda entre celebridades e os que nelas se espelham. No mundo virtual, tais fórmulas viralizam e alcançam milhares de pessoas de forma rápida, mas nem sempre vale a pena curtir e compartilhar o conteúdo das mensagens. Que dirá adotar como verdade.
(Reprodução internet)
Depois da febre das dietas sem glúten – até então restritas a portadores de doença celíaca, caracterizada pela intolerância permanente à proteína –, agora pipocam nas redes sociais os “benefícios” de uma bizarrice: a costura de uma tela na língua.
A técnica veio à tona quando Wi May Nava, uma das finalistas do Miss Venezuela 2013, afirmou ter recorrido ao “tratamento” para chegar ao corpo ideal para o concurso.
Com a tela (semelhante a um pedaço de tule engomado) presa à língua, o paciente sente dor ao movimentá-la. Assim, é “instigado” a se alimentar apenas com líquidos.
NADA NO BRASIL
Não há registro de casos dessa cirurgia no Brasil, mas cirurgiões do México, Colômbia, Venezuela, Nicarágua, República Dominicana, Chile e EUA já fazem o procedimento. Os norte-americanos Nikolas e Paul Hugay estão entre os que defendem o novo método como saída rápida e prática para perder peso. No site da clínica Chugay, situada em Beverly Hills, endereço de muitas estrelas holly-woodianas, a cirurgia é divulgada como revolucionária e alternativa à cirurgia bariátrica.
O presidente da seção mineira da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Paulo Augusto Carvalho, ressalta que a técnica não tem respaldo da comunidade científica mundial. “Esse tipo de restrição alimentar não é adequado. A dieta à base apenas de líquidos não é recomendada, pois a ingestão de um teor de calorias muito inferior pode provocar grave quadro de desnutrição”.
FRUTA ASIÁTICA É TIDA COMO MILAGROSA
Anúncios do tipo “fulana famosa perdeu 10 quilos em apenas uma semana comendo esta sementinha. Encomende já!” também se multiplicam na web. A “mágica”, no caso, seria graças ao consumo da fruta que encabeça a lista de outro recente modismo: goji berry, na forma desidratada.
Na mesa dos orientais há milhares de anos, a fruta tem alta concentração de vitaminas C, B1, B2 e B6, aminoácidos, sais minerais e ácidos graxos, o que a torna poderoso antioxidante, conforme estudo publicado no American Journal of Clinical Nutrition.
A nutricionista Fernanda Guide endossa os benefícios da frutinha de cor avermelhada, mas lembra que o consumo de goji berry não pode ter foco na perda de peso e não faz parte da nossa cultura. O quilo da fruta é vendido no Brasil por até R$ 300, segundo ela. Na forma de comprimidos, as caixas custam de R$ 120 a R$ 150.
“Juju Salimeni (Panicat) divulga no Instagram o que supostamente faz para manter a forma, aí, de repente, todo mundo quer fazer igual, sem orientação médica”, diz a nutricionista.
“Mas é preciso considerar que cada pessoa tem um biotipo. O que é benéfico para uns em termos de saúde ou para emagrecimento pode até ter efeito contrário em outras pessoas”, alerta.
PERIGO
Dietas sem orientação médica são perigosas. Há risco de insuficiência de vitaminas B1, A, B12, C e D e de minerais como ferro e zinco. A ausência desses nutrientes provoca desde problemas de visão e falta de concentração a raquitismo e anemia.
Vale lembrar o caso ocorrido no Espírito Santo. Uma jovem perdeu temporariamente o movimento das pernas após passar oito meses alimentando-se apenas de shakes emagrecedores, chás e inibidores de apetite. Depois da entrevista sobre o assunto a uma rede de televisão, o caso ganhou destaque nas redes sociais.
(Jornal Hoje em Dia)