Vacina contra dengue tem resultado positivo em testes na UFMG

0

Uma vacina contra o sorotipo 3 do vírus da dengue teve resultados promissores durante testes em camundongos, realizado pelo Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). De acordo com o pesquisador Flávio Guimarães da Fonseca, que está a frente das pesquisas desde 2006, a vacina está sendo desenvolvida com base em um vírus transgênico, criado a partir da mistura de parte do DNA do vírus da dengue com o vírus usado na vacina contra a varíola. “Estou otimista, é a primeira vez desde que comecei que eu tenho segurança para falar que a vacina está funcionando na etapa em que está”, diz.


(Foto: Rodrigo Clemente)

Fonseca explica que, em camundongos, o vírus transmitido pelo Aedes aegypti provoca encefalite e que, durante os testes, os ratos que receberam a vacina não desenvolveram a doença. O resultado positivo, segundo ele, permite avançar na pesquisa e solicitar financiamento para que a substância seja testada em macacos e, posteriormente, em caso de resultado benéfico, em seres humanos. Os testes ainda estão em fase inicial e devem ser repetidos em fevereiro.

Ainda em desenvolvimento, a pesquisa é financiada por recursos federais, vindos principalmente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Vacinas (INCTV). Até o momento foram investidos recursos públicos no valor de R$ 500 mil e o processo pode resultar na criação de uma vacina 100% nacional. “Se a vacina se tornar uma realidade, o custo que ela tem para a Saúde brasileira é muito menor”, explica o pesquisador.

O sorotipo 3 foi escolhido porque era o mais comum na época em que a pesquisa começou a ser desenvolvida. De acordo com o pesquisador, se for comprovado que a imunização funciona contra este tipo do vírus, será possível pular etapas e não partir do zero no desenvolvimento de vacinas para os sorotipos 1, 2 e 4.

Fonseca explica que a vacina para seres humanos deve imunizar contra todos os tipos de vírus simultaneamente. Isso porque, de acordo com ele, o risco de contrair dengue hemorrágica pode aumentar se a pessoa não estiver protegida contra todos os sorotipos.

O pesquisador afirma que é difícil prever quando a vacina chegará ao mercado, mas que se os resultados continuarem positivos, isso pode acontecer em alguns anos. “Se tudo der certo, poderemos ter a vacina daqui entre 5 e 8 anos”, diz.

Dados que preocupam

Em novembro do ano passado, Minas Gerais foi apontado como o Estado que registrou mais mortes por dengue no Brasil. O dado foi apresentado durante o lançamento da Mobilização Nacional contra a Dengue. Na ocasião, o Ministério da Saúde anunciou um repasse de quase R$ 41 milhões para ações de prevenção e tratamento de pacientes em Minas.

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG), o ano de 2013 terminou com 357.730 casos de dengue clássica confirmados e 116 mortes pela doença no Estado, o maior número desde 2008. Segundo o último boletim epidemológico divulgado pelo governo, até o dia 31 de janeiro deste ano, Minas Gerais havia confirmado 482 casos de dengue.

Dados parciais do LIRAa (Levantamento rápido do índice de infestação por Aedes aegypti) divulgados em janeiro deste ano apontaram que 12 municípios mineiros têm alto risco de epidemia de dengue. A situação mais grave foi registrada em Itabira, na região Central do Estado, o índice de infestação do mosquito registrado (7,8%) é o dobro da média usada pelo governo para classificar grande risco (3,9%). Ao todo, 135 municípios mineiros acordaram a realização do levantamento. Todas as cidades devem enviar o resultado da coleta dos dados sobre a doença para a SES/MG até a primeira quinzena de fevereiro.

(O Tempo)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui