O Vaticano emitiu nesta terça-feira (28/1/2025) um alerta sobre os riscos associados ao desenvolvimento da inteligência artificial (IA), destacando a necessidade de uma supervisão rigorosa para evitar o uso indevido da tecnologia e a disseminação de desinformação. A preocupação foi formalizada no documento “Antica et nova” (Antiga e nova), elaborado por dois departamentos do Vaticano e aprovado pelo Papa Francisco.
No documento, o Vaticano adverte que “a mídia falsa gerada pela IA pode gradualmente minar os fundamentos da sociedade”. Segundo o texto, “essa questão requer uma regulamentação cuidadosa, pois a desinformação — especialmente por meio da mídia controlada ou influenciada pela IA — pode se espalhar involuntariamente, alimentando a polarização política e a agitação social”.
O Papa Francisco tem abordado de forma recorrente as implicações éticas da IA. Recentemente, enviou uma mensagem ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, chamando a atenção de líderes políticos, econômicos e empresariais para as “preocupações críticas” que a tecnologia levanta para o futuro da humanidade. Durante a cúpula do G7 na Itália, em junho do ano passado, o pontífice reforçou que as pessoas não devem permitir que algoritmos tomem decisões em seu lugar.
O documento vaticano analisa ainda os impactos da IA em diferentes setores, como o mercado de trabalho, a saúde e a educação. O texto destaca que, “como em todas as áreas em que os seres humanos são chamados a tomar decisões, a sombra do mal também aparece aqui”, sugerindo que a avaliação moral da tecnologia deve levar em conta a forma como ela é direcionada e utilizada.
Em outra ocasião, durante o Dia Mundial da Paz, o Papa Francisco enfatizou a necessidade de uma reflexão global sobre os perigos potenciais da IA. Na mensagem, ele apontou as “possibilidades disruptivas e efeitos ambivalentes” da tecnologia e defendeu que seu desenvolvimento seja conduzido de forma responsável, visando ao bem comum e à proteção da “nossa casa comum”. O pontífice também alertou contra uma possível lógica de violência e discriminação que possa emergir na utilização desses dispositivos, especialmente em prejuízo dos mais vulneráveis e excluídos.