Jogadores de clube ucraniano chegam ao Brasil

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A saga dos atletas brasileiros que tentam deixar a Ucrânia em meio à invasão militar russa chegou ao fim (ou está perto disso) para alguns, mas ainda muito complicada para outros. Neste domingo (27/2/2022), o lateral Busanello (ex-Chapecoense) e os atacantes Felipe Pires (ex-Palmeiras) e Bill (ex-Flamengo), todos jogadores do Dnipro-1, chegaram ao Brasil. Os dois primeiros desembarcaram em São Paulo e o terceiro no Rio de Janeiro.

O trio, que saiu da cidade de Dnipro (a 446 quilômetros de Kiev), iniciou a viagem de volta após cruzar a fronteira com a Romênia, no último sábado (26/2). Eles percorreram a maior parte do caminho de carro, mas tiveram de andar um trecho a pé. No Instagram, pela ferramenta stories, onde a postagem fica no ar por 24 horas, a esposa de Busanello, Isabella, publicou uma foto da filha Isis, sorridente, com a mensagem: “Feliz porque meu papai já está no Brasil”. Também nos stories, Bill escreveu, em inglês, que ama a Ucrânia e pediu orações ao país.

“Graças a Deus, estou em casa com a minha família. Agora é ficar tranquilo, descansar mentalmente e fisicamente, porque foi muito desgastante. Uma coisa que será difícil de esquecer. Agora é torcer para as outras famílias saírem o mais rápido possível de lá e acabar esse pesadelo”, disse Felipe Pires pelo stories.

O grupo com jogadores de futebol de Shakthar Donetsk e Dínamo de Kiev, e os respectivos familiares, que estava no bunker de um hotel de Kiev, deixou a Ucrânia neste domingo, após uma viagem de trem até a cidade de Chernivtsi (a 535 quilômetros da capital), iniciada no sábado. De lá eles seguiram até a fronteira com a Moldávia, onde uma parte ficou e a outra foi para a Romênia, para retornar ao Brasil.

Entre os atletas estão nomes como o meia Pedrinho (ex-Corinthians), o zagueiro Marlon (ex-Fluminense) e os atacantes David Neres (ex-São Paulo) e Júnior Moraes (ex-Santos). Todos do Shakthar, que tem 13 jogadores brasileiros no elenco.

Júnior Moraes tem nacionalidade ucraniana e já defendeu a seleção do país. À Agência Brasil, o pai do jogador, Aluísio Guerreiro, disse que a previsão é que o filho chegue ao Brasil na noite de segunda-feira (28).

A esposa de Pedrinho, aliás, rechaçou que o grupo tenha deixado para trás os jogadores de futsal brasileiros Matheus Ramirez e Jonatan Moreno e o engenheiro eletricista David Abu-Gharbil, que também estavam no hotel. Eles devem conseguir deixar o local na segunda e têm relatado, nas redes sociais, o medo com as explosões registradas em Kiev.

“Fomos avisados de que as coisas piorariam e que, se tivéssemos ainda meios para sair, que fôssemos o quanto antes. Rapidamente, todos que lá estavam começaram a fechar malas, guardar leite e fralda para as crianças, um desespero total. […] Tudo foi tão rápido que nem paramos para contar quantas pessoas tinham. […] A todo momento, quando alguém precisava ir ao banheiro, avisava. Coisa que eles não fizeram. […] Nunca, jamais, iríamos deixar alguém para trás. Não tem motivo nenhum. Para que faríamos isso?”, argumentou Layla Gabrielly Gomes em sequência de postagens nos stories do Instagram.

Outros atletas também tentam deixar a Ucrânia. Casos do lateral Juninho (ex-Salgueiro-PE) e dos atacantes Cristian (ex-Brasil de Pelotas) e Guilherme Smith (ex-Botafogo). Eles defendem o Zorya, de Lugansk, que é uma das regiões separatistas da Ucrânia. Segundo o relato dos jogadores pelo Instagram, eles atravessaram o país, de Zaporizhzhya (leste) a Lviv (oeste), e caminharam 60 quilômetros em direção à fronteira com a Polônia, mas foram barrados cerca de quatro quilômetros antes do destino. O grupo passou a noite na estrada, no frio, esquentado por uma fogueira.

“A melhor decisão foi voltarmos para Lviv, onde vamos ver o que fazer para tentarmos sair novamente. Estava muito difícil lá, muito frio. Não conseguiríamos ficar bem, a previsão era de nevar. Estamos em um hotel que a Embaixada [do Brasil] arrumou e aguardando para saber para onde vamos”, afirmou Juninho pelo stories do Instagram, onde também compartilhou um vídeo com o filho, que o acompanha na tentativa de fuga da Ucrânia, junto da esposa, Vitória.

Segundo a Embaixada, cerca de 500 brasileiros moram na Ucrânia. Na quinta-feira (24), quando iniciou a invasão russa, a instituição informou que tem orientado os cidadãos por meio do site, da página de Facebook e em grupo do aplicativo de mensagens Telegram.

Brasileiros que saíram de Kiev chegam à Romênia

Um grupo formado por 37 brasileiros e dois uruguaios chegou hoje (27/2) à Embaixada do Brasil em Bucareste (capital da Romênia). A informação foi divulgada por Jair Bolsonaro em uma rede social. De acordo com o presidente, todos do grupo chegaram em segurança e bem de saúde.

“Um grupo de 39 pessoas (37 brasileiros e 2 uruguaios), que partiu de Kiev, chegou à embaixada do Brasil na Romênia. Estão todos bem de saúde e em segurança”, disse Bolsonaro. 

Entre os integrantes do grupo estão os brasileiros que jogam no time ucraniano Shaktar Donestky e seus familiares. Eles saíram na tarde de ontem (26) e foram de trem até a cidade de Chernivtsi, no Oeste da Ucrânia. De lá, tomaram um ônibus que os levou até a Romênia.

Bolsonaro disse ainda que os jogadores receberam apoio integral da União das Federações Europeias de Futebol (Uefa), que custeou transporte rodoviário e hospedagem na capital romena.

O presidente disse ainda que a Embaixada do Brasil estabeleceu um posto avançado na fronteira com a Moldova (caminho entre Kiev e Romênia) para recepcionar os brasileiros “que por ventura cheguem desgarrados por aquela região fronteiriça.”

O presidente também disse que o governo brasileiro está disponibilizando duas aeronaves, modelo KC- 390, para transportar as pessoas que desejam retornar ao Brasil.

O Ministério das Relações Exteriores disse por meio de sua rede social que a Embaixada do Brasil em Kiev e o Grupo de Trabalho Brasileiros na Ucrânia, em Brasília, “seguem buscando opções para a retirada rápida e segura de cidadãos brasileiros” que queiram deixar a Ucrânia. 

O Itamaraty disse que a embaixada e o grupo de trabalho estão em contato com os brasileiros registrados junto à embaixada e acompanham situações individuais. Informações atualizadas são divulgadas no Telegram e nas redes sociais da embaixada em Kiev.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, os brasileiros também recebem ajuda de servidores das embaixadas do Brasil em Varsóvia e Bucareste, deslocados para as fronteiras com a Polônia e a Romênia “para facilitar a saída da Ucrânia e a continuação das viagens para locais seguros.”

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