Policiais apreendem viatura clonada durante operação no Rio

0

Policiais civis da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) localizaram, nesta segunda-feira (22/11/2021), no Rio de Janeiro, mais um esconderijo do narcomiliciano Danilo Dias Lima, conhecido como Tandera. Desta vez, foi em um sítio em Seropédica, na Baixada Fluminense. 

Ali, os agentes encontraram um carro clonado com a inscrição CGPOL (Corregedoria-Geral de Polícia Civil). Na ação, eles prenderam um homem identificado como segurança de Tandera e apreenderam um fuzil, uma pistola, vários carregadores e munições. O preso e o material foram levados para a Cidade da Polícia, no Jacarezinho, zona norte da capital.

Também nesta segunda-feira, os agentes realizam outras diligências na Baixada Fluminense em busca de alvos.

O delegado titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), Marcus Amin, disse que essa é mais uma ação da Força Tarefa da Polícia Civil contra a narcomilícia no Rio de Janeiro. 

“Dentro do sítio, além de um fuzil, nós encontramos uma viatura clonada, caracterizada da Polícia Civil, com as inscrições da CGPOL. A perfeição dessa falsificação nos chamou a atenção. Esse veículo era utilizado pelo narcomiliciano para se deslocar sem ser importunado pelas forças policiais”, contou o policial à Agência Brasil.

Amin afirmou que, com o trabalho da força-tarefa, em breve o criminoso será preso. “Com certeza o cerco ao miliciano está se fechando. A gente está cada vez mais perto dele e, em breve, a sua prisão será noticiada”, completou.

Outro esconderijo

Na terça-feira passada (16), em operação na zona oeste do município do Rio e na Baixada Fluminense, a polícia encontrou um imóvel do criminoso que também servia de esconderijo de Tandera, na comunidade Jesuítas, em Santa Cruz, zona oeste do Rio.

Naquele dia, os integrantes da força-tarefa foram para as ruas “para prender criminosos e asfixiar as fontes de renda da organização chefiada por Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho”. Na ação, cinco pessoas foram presas e os policiais interditaram estabelecimentos de venda irregular de gás e de provedores clandestinos de internet. 

Entre os presos por agentes da Delegacia de Repressão à Entorpecentes (DRE) estava o criminoso conhecido como Artilheiro, que, segundo a polícia, é responsável por realizar cobranças de dívidas e assassinatos. Contra Artilheiro também foi cumprido um mandado de prisão pelo crime de homicídio. “As investigações apontam Artilheiro como um dos matadores da milícia, responsável pelas execuções e ocultação de cadáveres”, informou a polícia. A identidade do preso não foi revelada.

As investigações apontaram que, com a morte, em 12 de junho deste ano, do miliciano Wellington da Silva Braga, chamado de Ecko, Artilheiro passou a trabalhar como segurança particular de Zinho. Com o criminoso foram apreendidos fuzis, pistolas, munições, carregadores e coletes balísticos da milícia. Outros quatro milicianos foram presos por agentes da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD).

Durante a operação de terça-feira, a equipe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) impediu a execução de uma vítima na comunidade Jesuítas. Segundo os agentes, a pessoa estava amarrada e prestes a ser queimada viva por milicianos ligados a Danilo Dias Lima, o Tandera. Na hora, os policiais apreenderam galões de combustível que seriam utilizados no crime.

A operação era de combate a crimes como exploração de atividades ilegais controladas pela milícia, cobranças irregulares de taxas de segurança e de moradia, instalações de centrais clandestinas de TV a cabo e de internet chamadas de gatonet. Os policiais também visavam coibir o armazenamento e o comércio irregular de botijões de gás e de água, empresas ilegais de GNV (gás natural veicular), parcelamento irregular de solo urbano, exploração e construções irregulares, areais e outros crimes ambientais, comercialização de produtos falsificados, contrabando, descaminho, transporte alternativo irregular e estabelecimentos comerciais explorados pela milícia e utilizados para lavagem de dinheiro.

PM abre inquérito para investigar oito mortes

A morte de oito homens, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, levou a Secretaria de Estado da Polícia Militar (SEPM) do Rio de Janeiro a abrir um Inquérito Policial Militar (IMP), nesta segunda-feira (22), para investigar as circunstâncias dos fatos, que ocorreram durante o final de semana. Parentes das vítimas alegam que teria havido tortura contra alguns dos mortos, o que é negado pela PM.

“A SEPM ainda não recebeu nenhum registro formal nesse sentido [denúncia de tortura]. O comando da corporação segue colaborado com todos os trâmites investigativos e instaurou um IPM para apurar as circunstâncias dos fatos”, respondeu a corporação em nota.

Parentes das vítimas, que estiveram à tarde no Instituto Médico Legal (IML) de Tribobó, em São Gonçalo, contaram que viram marcas de violência nos corpos de alguns mortos, como rostos machucados, como se tivessem sido cortados à faca, e dedos arrancados.

“Torturaram o meu irmão. Foram como se fossem pegar rato. Furaram o olho dele, quebraram o braço. Esfaquearam ele. Não tinha necessidade de fazer isso. Parece até que estavam matando bicho. O meu irmão não fazia mal a ninguém. Teve adolescente ali que arrancaram o dedo. O meu irmão não tinha envolvimento [criminal] com nada. Alguém tem que dar uma resposta”, desabafou a irmã de um dos mortos, do lado de fora do IML.

Relato semelhante foi feito pela irmã de outra vítima, que não quis se identificar, também no IML, após fazer o reconhecimento do corpo.

“O meu irmão foi barbarizado, está com o rosto irreconhecível. A gente reconheceu pelo corpo, pela tatuagem com o nome da minha mãe”, disse a irmã de um dos mortos, admitindo que ele tinha envolvimento com o tráfico de drogas. “O rosto foi desfigurado com golpe de faca. Alguns tiveram dente arrancado, outro teve olho furado e arrancado, outro teve dedo decepado. Não foi só troca de tiro. Eu vi com meus próprios olhos, não estou contando o que as pessoas falam para mim”, relatou o marido dela, cunhado da vítima.

As causas e as circunstâncias das mortes serão fruto de exames de perícia nos corpos e os trabalhos também estão sendo acompanhados por um perito legista designado pelo Ministério Público, além dos peritos do estado.

MP e Defensoria

O Ministério Público instaurou um Procedimento Investigatório Criminal (PIC) próprio para investigar a operação realizada no Complexo do Salgueiro. Ao tomar conhecimento dos fatos, o procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, noticiou à Promotoria de Justiça com atribuição, que foi ao local para recolher informações e ouvir moradores. Um perito da instituição também foi designado ao IML para acompanhar o exame dos corpos.

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro também esteve no local das mortes. Segundo relatos ouvidos pela equipe, os corpos foram encontrados horas depois de a PM ter deixado o local, às 18h do domingo (21). Ainda segundo as escutas, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) estava em operação na comunidade desde sábado (20) de manhã, fazendo uma operação policial, após o sargento Leandro Rumbelsperger da Silva ter sido morto na comunidade.

“A Defensoria Pública aponta preocupação em não ter havido comunicação imediata por parte da Polícia Militar à Polícia Civil e ao Ministério Público da existência de corpos na comunidade. Além disso, não houve acautelamento do local, fundamental para a realização da perícia. É importante ressaltar também que houve descumprimento da decisão liminar da ADPF 635, pois a operação só foi comunicada no sábado à tarde, embora tenha começado de manhã. E, segundo a liminar, a operação precisa ser justificada imediatamente ao MP”, ressaltou a Defensoria em nota.

——————
Quer receber as notícias do Aconteceu no Vale em primeira mão? Siga-nos no Facebook @aconteceunovale, Twitter @noticiadosvales e Instagram @aconteceunovale.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui