Na temporada de verão, há quem percorra mais de 1.200 km em busca de um bom negócio em frente ao mar. Sempre em novembro, Jaime Rodrigues, 28, despede-se do trabalho de colheita nas fazendas de café no norte de Minas Gerais e pega a estrada rumo ao litoral do Estado de São Paulo.
Neste ano, o jovem de Virgem da Lapa foi contratado como sorveteiro em empresa de Ilhabela, a FrutVerão. Do serviço anterior, na colheita, guarda como semelhança a jornada extensa. Rodrigues estima cumprir até dez horas de jornada diária para a venda de sorvetes na praia do Curral, uma das mais badaladas da região.
As vendas aumentam em dias de calor. Na quinta-feira passada, enquanto conversava com a reportagem, o sorveteiro foi abordado por até sete clientes em menos de 15 minutos.
Jaime Rodrigues, que saiu do norte de Minas Gerais e foi para Ilhabela (SP) vender sorvete (Foto: Leonardo Soares)
LÍNGUA AZUL
“Tio, tem Blue Ice?”, perguntou uma das crianças, referindo-se a um picolé que deixa a língua azul. Em um dia comum, ele calcula vender 150 picolés (os preços variam de R$ 3,50 a R$ 5). “Mas tem vezes que vendo mais. No final de semana sai de 200 até 300 palitos por dia”, afirma o mineiro, que estima receber até 30% do valor total das vendas.
Apesar da experiência –além do litoral paulista, Rodrigues já trabalhou nas praias de Santa Catarina–, trabalhar embaixo do sol não é fácil. “Tem que fazer da fraqueza a força. Às vezes dá vontade de deixar o carrinho e sair correndo”, afirma, aos risos. Rodrigues não é o único que veio de “longe” para trabalhar no litoral paulista.
Também de Minas, mas da cidade de Berilo, no Vale do Jequitinhonha, o sorveteiro Alcidino Rocha Alves, 40, da Nestlé, já comemora: para ele, as vendas estão melhores nesta temporada.
“Depende muito do público e de como está o tempo. Neste ano está melhor porque tem mais sol”, afirma ele, que faz o trajeto rumo ao litoral há cinco anos, junto com alguns de seus familiares.
(Fonte: Folha de São Paulo)