Uma fila quilométrica foi formada nas dependências do Goiânia Arena, ginásio onde ocorreu o velório da cantora sertaneja Marília Mendonça e de seu tio e assessor Abicieli Silveira Dias Filho, na tarde deste sábado (6/11/2021). Estima-se que cerca de 100 mil pessoas transitaram pelo local.
A despedida movimentou fãs desolados. Jéssica Oliveira passou a noite na porta do ginásio se preparando para o momento de ver a cantora pela última vez. Ele disse que chegou ao local às 22h de ontem (5/11).
“Eu madruguei aqui. Trouxe café, água, cobertor”, disse em entrevista à TV Brasil Central, emissora pública vinculada ao governo de Goiás e afiliada à TV Cultura. “Até seis da manhã não tinha ninguém. Aí as pessoas começaram a chegar. É um impacto grande demais. Demorou muito pra ficha cair”, acrescentou Jéssica.
Ketholyn Vitória disse que ainda é muito difícil acreditar. “Ontem passei o dia escutando música dela. Quando fiquei sabendo, caí aos prantos. Chorei a noite inteira”, relatou à emissora goiana. “É um pesadelo. Parece que vamos acordar e ter ela de volta fazendo seus shows”, disse Tauan Pereira, que também foi ouvido pela TV.
O velório teve início por volta de 13h. Ônibus com equipes de vários artistas estacionaram nos arredores do ginásio. Marcaram presença no velório outros nomes do ritmo sertanejo como Maiara & Maraísa, Henrique & Juliano e Di Paullo & Paulino. Foram recebidas coroas de flores assinadas por Zezé di Camargo, Chitãozinho & Xororó, Bruno & Marrone, Zé Neto & Cristiano, entre outros.
Houve orações. Maiara & Maraísa cantaram o sucesso “Esqueça-me se for capaz”, gravada em parceria com Marília Mendonça. Henrique & Juliano também fizeram sua homenagem com a música “Flor e o beija-flor”. Do lado de fora do ginásio, fãs se reuniram e entoaram diversas canções.
Sepultamento
Os portões do Goiânia Arena foram fechados para o público pouco depois de 16h30. Os corpos da artista e do seu tio foram levados para o Cemitério Parque Memorial, na capital goiana, onde ocorreu o sepultamento.O cortejo foi acompanhado por uma carreata gigantesca de veículos.
Acidente
Foto: Divulgação / PCMG
No auge de seu sucesso e movimentando multidões em suas apresentações, Marília Mendonça morreu ontem (5) aos 26 anos após sofrer um acidente de avião. Ela se deslocava para Caratinga, no Leste de Minas, onde se apresentaria em uma festa no Parque de Exposições da cidade.
Todos os cinco tripulantes da aeronave morreram no local da queda. Além da cantora sertaneja e de seu tio, estavam na aeronave seu produtor Henrique Ribeiro, o piloto Geraldo Martins de Medeiros e o copiloto Tarciso Pessoa Viana.
Investigações para apurar as causas do acidente já estão sendo conduzidas pela Polícia Civil de Minas Gerais e pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão do Comando da Aeronáutica. O policial civil e delegado regional de Caratinga, Ivan Sales, disse que um inquérito foi instaurado nesta manhã e as investigações prosseguirão com a oitiva de testemunhas e a juntada dos laudos.
O avião bimotor de pequeno porte, modelo King Air C90A, fabricado pela empresa norte-americana Beechcraft Aircraft, caiu nas pedras de uma cachoeira localizada em uma área de difícil acesso na zona rural de Caratinga. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que a aeronave estava em situação regular e tinha autorização para fazer táxi aéreo.
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), estatal mineira responsável pela transmissão e distribuição de energia no estado, divulgou uma nota com informações sobre o acidente. “A Cemig informa que o avião bimotor que transportava a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas atingiu um cabo de uma torre de distribuição da companhia no município de Caratinga”, diz o texto.
Questionado sobre essa informação, o delegado Sales pontuou que, morando há 28 anos em Caratinga, não tem conhecimento de reclamações sobre problemas com a fiação elétrica. “Nunca ouvi nenhum comentário de piloto amigo ou de proprietário de avião nesse sentido. O que eu sei e podemos afirmar é que o aeroporto não é balizado, então por isso não opera em horário noturno e com condições climáticas não favoráveis.”
Comoção
A morte de Marília Mendonça comoveu a comunidade de artistas e também diversas autoridades brasileiras, que deixaram mensagens de pesar nas redes sociais. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, decretou luto oficial de três dias. A cantora deixa seu filho Léo, que fará dois anos no próximo mês. Ele é fruto de seu relacionamento com o cantor Murilo Huff, de quem se separou em setembro deste ano. “Eu ainda não tenho palavras que consigam expressar a dor que eu sinto no peito agora, mas passo aqui para agradecer à todas as mensagens de apoio e preocupação comigo e com o Léo”, disse Huff em uma rede social.
Carreira
Nascida na cidade de Cristianópolis (GO) e criada em Goiânia, Marília Mendonça começou a compor aos 12 anos e é autora de canções que foram gravadas por diversas duplas sertanejas famosas como Henrique & Juliano, Jorge & Mateus, Maiara & Maraísa e César Menotti & Fabiano. Em 2015, aos 20 anos, ela decidiu seguir a carreira de cantora e seu sucesso foi meteórico: Devido às músicas abordarem temas como amor, traição e dor de cotovelo, ela foi coroada pelo público como a “Rainha da Sofrência”.
Em 2019, Marília Mendonça recebeu o prêmio de melhor álbum de música sertaneja no Grammy Latino. No Instagram, são cerca de 40 milhões de seguidores. Na plataforma Spotify, é a artista brasileira mais seguida e ocupa a 41ª posição mundial: mais de 18,5 milhões de fãs acompanham sua conta. Ela supera referências internacionais como Beatles, Katy Perry e Michael Jackson.
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