Fifa investiga jogo entre Brasil e Argentina

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A Fifa abriu uma investigação sobre a partida entre Brasil e Argentina pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo, com seu presidente Gianni Infantino classificando os eventos de “loucura”, enquanto o Tottenham Hotspur (Inglaterra) foi citado como pronto para tomar medidas disciplinares contra seus jogadores argentinos.

Agentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) entraram em campo no último domingo (5) após acusar quatro jogadores argentinos que atuam no Campeonto Inglês de violarem as regras de quarentena do Brasil para o novo coronavírus (covid-19).

O goleiro Emiliano Martínez, do Aston Villa (Inglaterra), e a dupla do Tottenham, Cristian Romero e Giovani Lo Celso, estavam na arena do Corinthians, em São Paulo, como parte da escalação argentina quando agentes da Anvisa entraram em campo e pararam o jogo aos cinco minutos do primeiro tempo.

O meia do Aston Villa, Emiliano Buendía, também havia viajado do Reino Unido e estava nas arquibancadas.

A Anvisa disse que as regras deixam claro que viajantes que estiveram no Reino Unido, na África do Sul ou na Índia nos últimos 14 dias estão proibidos de entrar, a menos que sejam cidadãos brasileiros ou tenham residência permanente.

A Fifa disse que recebeu relatórios de árbitros e está colhendo mais informações.

“As informações serão analisadas pelos órgãos disciplinares competentes e uma decisão será tomada no momento oportuno”, afirmou a Fifa em nota.

Infantino, em vídeo à assembleia geral da Associação Europeia de Clubes (ECA, na sigla em inglês), disse que a situação era um lembrete das dificuldades que a organização tem enfrentado durante a pandemia.

“Vimos o que aconteceu com o jogo entre Brasil e Argentina, dois dos times mais gloriosos da América do Sul. Algumas autoridades, policiais e seguranças entraram em campo após alguns minutos de jogo para tirar alguns jogadores. É uma loucura, mas precisamos lidar com esses desafios, essas questões que vêm no topo da crise da covid-19”, disse Infantino.

A Associação Argentina de Futebol (AFA) disse que Martínez e Buendía foram dispensados da seleção nacional, o que significa que não participarão da partida da próxima sexta-feira (10) contra a Bolívia.

A postagem da AFA não fez referência aos dois jogadores do Tottenham. O site football.london disse que a dupla pode esperar alguma penalidade no retorno à Inglaterra.

Villa e Tottenham não responderam imediatamente a um pedido de comentário.

Delegação argentina foi informada a tempo sobre irregularidade, diz Anvisa

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma ter recomendado, em reunião ocorrida no sábado (4), a quarentena de quatro jogadores argentinos, ante a confirmação de que eles teriam prestado informações falsas ao entrarem no Brasil para partida válida pelas eliminatórias da Copa do Mundo. Na reunião, segundo a agência, estavam presentes representantes da delegação da seleção argentina de futebol.

Conforme previsto na Portaria Interministerial 655, de 2021, viajantes estrangeiros que tenham passagem, nos últimos 14 dias, pelo Reino Unido da Grã-Bretanha, Irlanda do Norte e Índia estão impedidos de ingressar no Brasil.

A partida foi paralisada ontem (5), após 5 minutos de seu início, depois dos quatro jogadores argentinos entrarem em campo, mesmo com a determinação da agência de que teriam de cumprir isolamento no hotel para serem deportados para a Argentina.

“Desde a tarde deste sábado (4), a Anvisa, em reunião ocorrida com a participação de representantes da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e da delegação argentina, recomendou a quarentena de quatro jogadores argentinos”, informou, em nota, a Anvisa.

A agência acrescenta que, mesmo depois da reunião e da comunicação das autoridades, os jogadores argentinos teriam participado de treinamento ainda na noite do sábado. Diante da situação, na manhã seguinte, a Polícia Federal foi notificada. 

A Anvisa afirma que “até a hora do início do jogo, esforçou-se, com apoio policial, para fazer cumprir a medida de quarentena imposta aos jogadores, sua segregação imediata e sua condução ao recinto aeroportuário”.

As tentativas foram frustradas, desde a saída da delegação do hotel até antes do início do jogo, “quando a agência teve sua atuação protelada já nas instalações da arena de Itaquera”.

“A decisão de interromper o jogo nunca esteve, nesse caso, na alçada de atuação da agência. Contudo, a escalação de jogadores que descumpriram as leis brasileiras e as normas sanitárias do país, e que ainda prestaram informações falsas às autoridades, isso sim, exigiu a atuação da agência de Estado a tempo e a modo, ou seja, de maneira tempestiva e efetiva”, complementa a nota.

A Anvisa acrescenta que os jogadores se recusaram a assinar a notificação entregue pelas autoridades presentes no estádio.

Nota da CBF

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) publicou uma nota oficial nesta segunda-feira  esclarecendo que enviou como representante à reunião que ocorreu no Hotel Marriot, onde estava hospedada a Seleção Argentina, o coordenador Operacional da Comissão Médica especial, Roberto Nishimura e que ele não teve “nenhuma interferência em relação a aspectos administrativos ou sanitários”.

“Por entender não se tratar de assunto de sua atribuição, em nenhum momento houve qualquer manifestação por parte do representante da CBF às autoridades quanto à questão sanitária dos quatro atletas argentinos, seja no sentido de liberar ou de vetar sua participação no jogo”, diz a nota, que confirma que na reunião os representantes da seleção argentina foram informados da “irregularidade no ingresso dos jogadores, que eles deveriam ficar em quarentena e receberam a orientação das autoridades para solicitarem, junto aos órgãos competentes, a autorização especial para que os jogadores tivessem sua situação regularizada.”

A CBF também diz na nota que, após a reunião, quando foi solicitada a presença dos atletas foi informado que os mesmos haviam saído para treinamento e informou o descumprimento à Anvisa e ao Ministério da Saúde.

Sobre a presença do diretor de Competições da CPF, Manoel Flores, no hotel em que estava hospedada a delegação argentina, a CBF informou que o dirigente esteve no local para tratar de detalhes operacionais do jogo e que este tipo de visita é rotina em toda operações de jogo.

“A CBF esclarece ainda que cumpriu rigorosamente seu papel institucional como entidade anfitriã do jogo, informando todos os envolvidos no jogo a respeito das leis sanitárias em vigor no país em ofício enviado, por meio da Secretaria Geral da entidade, no dia 5 de julho, e reenviado posteriormente em 11 de agosto e 2 de setembro”, informou.

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