A final olímpica da categoria até 75kg do boxe prometia ser difícil para Hebert Conceição contra o campeão mundial de 2017 Oleksandr Khyzhniak. E o que se viu foi exatamente isso, neste sábado (7/8/2021), em Tóquio (Japão). O combate estava complicado para o brasileiro, com o ucraniano sendo mais agressivo desde o começo e conseguindo vencer os dois primeiros rounds.
A um minuto e meio do fim, no entanto, Hebert acertou um soco espetacular e derrubou o adversário, conquistando a medalha de ouro e repetindo o feito de Robson Conceição nos Jogos Rio 2016. A luta foi disputada na Arena Kokugikan, icônico local onde são disputadas lutas de sumô na capital japonesa.
“Difícil falar a sensação, é incrível, uma emoção muito grande, senti e energia de todo mundo que estava torcendo. Eu pensei durante os rounds que tinha muita gente mandando energia por esse nocaute. Eu acreditei que eu podia e que bom que aconteceu, eu fui premiado e a gente merece”, afirmou o boxeador.
Para chegar ao ouro olímpico, Hebert passou nas oitavas de final pelo chinês Tuohetaerbieke Tanglatihan, por 3 a 2, em decisão dividida dos árbitros. Nas quartas, enfrentou o cazaque Abilkhan Amankul, prata no Campeonato Mundial de 2017 e vice-campeão asiático, e passou por 3 a 2. Na semifinal, o adversário foi o russo Gleb Bakshi, campeão mundial de 2019, e novo triunfo verde-amarelo, dessa vez por 4 a 1.
O ucraniano começou mais agressivo na luta, mas Hebert conseguiu encaixar dois bons golpes no primeiro minuto. Oleksandr dava mais socos, enquanto o brasileiro, quando tentava os golpes, acertava bem o rival. No fim, os cinco árbitros deram vitória para o ucraniano, que realmente foi mais agressivo.
Na segunda parcial, o ucraniano seguiu melhor apesar de, novamente, o brasileiro ter conseguido encaixar dois bons golpes. O combate seguiu bem truncado, mas com o volume apresentado no começo do round, o ucraniano venceu de novo na opinião dos cinco árbitros.
Foto: Wander Roberto/COB
Já atrás na decisão -todos os juízes já davam 20 a 18 para o ucraniano-, a única opção de Hebert era ir para cima e tentar ou o nocaute ou uma vitória tão convincente que os juízes dessem 10 a 8 para ele no placar no último assalto. E foi o que o brasileiro fez, conseguiu um lindo golpe que levou o ucraniano ao chão.
“O atleta que eu enfrentei tem um jogo difícil de trabalhar, é um cara muito forte, intenso, é espetacular a forma física com que ele sempre se apresenta nas lutas. É um lutador incrível, respeito muito. Mas eu sabia da minha capacidade também. Treinei muito, levei muito a sério todo o trabalho que foi passado durante o ciclo, durante toda minha iniciativa desde que comecei no boxe. Eu tinha perdido dois rounds, tinha mais um. Apesar de a pontuação ser adversa, eu sabia que em 3 minutos dava para reverter com um nocaute. Se vocês perceberam no começo do round eu já fui para uma luta franca e falei ‘se tomar nocaute aqui não interessa, estou perdido, agora eu vou buscar o meu’. E sabia que na trocação era loteria. Consegui conectar um bom cruzado, que eu treino muito também quando estou simulando situações de trocação. Essa medalha de ouro é para o Brasil.”, disse Hebert.
Foto: Wander Roberto/COB
Esta é a oitava medalha do boxe em olímpiadas e a terceira nos Jogos de Tóquio. Agora a torcida é pela final da Bia Ferreira (até 60kg) no domingo (8/8), às 14h do Japão (2h do Brasil), na busca pelo segundo ouro brasileiro no esporte. Abner Teixeira já conquistou o bronze na categoria até 91kg. O boxe do Brasil deixará o Japão com sua melhor campanha na história olímpica.
4º combate em dez dias
A final em Tóquio 2020 foi o quarto combate em 10 dias, mas valeu a pena. Hebert Conceição, de 23 anos, partiu de Salvador (Bahia) como atleta promissor e regressa campeão Olímpico. Além da medalha de ouro, no regresso a casa vai encontrar outra recompensa em forma de clássicos da cozinha baiana como caruru, vatapá ou xinxim de bofe. Tudo preparado no maior carinho por sua mãe, Dona Ieda, que espera para fazer a festa em família no bairro de Pau da Lima.
- Primeira rodada: vitória por 3-2 vs Erbieke Tuoheta (China)
- Quartas de final: vitória por 3-2 vs Abilkhan Amankul (Cazaquistão)
- Semifinais: vitória por 4-1 vs Gleb Bakshi (Comitê Olímpico Russo)
- Final: vitória por KO vs Oleksandr Khyzhniak (Ucrânia)
Momentos marcantes do boxe Olímpico brasileiro
- Cidade do México 1968: Servílio de Oliveira ganhou a primeira medalha, um bronze em peso-mosca
- Londres 2012: Adriana Araújo medalha de bronze em peso-leve na estreia do boxe feminino nos Jogos Olímpicos
- Londres 2012: Yamaguchi Falcão medalha de bronze em meio-pesado
- Londres 2012: Esquiva Falcão medalha de prata em peso-médio
- Rio 2016: Robson Conceição, em peso-leve, tornou-se o primeiro campeão Olímpico brasileiro
- Tóquio 2020: Abner Teixeira medalha de bronze em peso-pesado
- Tóquio 2020: Hebert Conceição medalha de ouro em peso-médio
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