O secretário de Estado de Saúde, o médico Fábio Baccheretti, fez um apelo aos prefeitos e à população mineira para o cumprimento das medidas restritivas impostas pela onda roxa do plano Minas Consciente. Em coletiva à imprensa nesta quarta-feira (24/3/2021), ele afirmou que o isolamento social é uma decisão humanitária que tem como principal objetivo preservar a vida dos mineiros e garantir atendimento hospitalar a todos os doentes.
Em reunião também nesta quarta-feira, o Comitê Extraordinário Covid-19 decidiu manter a onda roxa em todo o estado pelo menos até o domingo de Páscoa (4/4/2021). Nesta fase, são permitidos apenas o funcionamento de serviços essenciais, entre outras normas mais rígidas para diminuir a circulação de pessoas e frear o contágio.
“É muito importante destacar o papel do prefeito e dos municípios em relação à adesão à onda roxa. Há regiões que já estão com quase 100% de leitos ocupados e continuam permitindo várias atividades que o Minas Consciente, na onda roxa, não permitiria. É importante a responsabilidade de cada gestor municipal no enfrentamento dessa doença. É muito cedo para qualquer município fazer qualquer tipo de flexibilização”, afirmou Fábio Baccheretti, lembrando que, diferentemente de outros momentos da pandemia, não é possível transferir pacientes para outras cidades, já que todas as macrorregiões estão com taxa de ocupação elevadas.
Internação prolongada
O secretário reforçou ainda que o comportamento da covid-19 é diferente de outras doenças respiratórias e exige uma internação prolongada, o que dificulta ainda mais o atendimento a todos os doentes.
“Um leito de UTI roda em média dois pacientes por mês, fazendo com que a pressão sobre o sistema de saúde seja tão grande. O número de pacientes aguardando está aumentando, mostrando que o crescimento da doença é maior que a capacidade de abertura de leitos. Hoje, temos 714 pacientes cadastrados aguardando. Há três dias, eram 470”, destacou.
Segundo Baccheretti, os resultados das restrições impostas pela onda roxa serão sentidos nas próximas semanas, mas a expectativa ainda é de aumento de casos e óbitos nos próximos dias.
“A redução dos casos só vai surtir efeito na ocupação cerca de 15 a 21 dias (após a implantação da fase mais restritiva). Os óbitos, cerca de 30 dias depois. Os óbitos de hoje são os pacientes internado há 20/30 dias. Como estamos com alta ocupação, esse óbito vai aparecer em cerca de duas semanas”, disse.
Por isso, ele ressaltou que é essencial manter o isolamento para garantir que o cenário melhore.
“O isolamento de Minas e do país vem subindo, mas ainda de forma muito lenta. A queda da incidência está sendo sentida em regiões que estavam antes na onda roxa, mas a ocupação de leitos não vem caindo. Reforço o papel do cidadão mineiro, dos prefeitos, sabemos do momento social difícil, mas as medidas restritivas irão acarretar melhorias dos indicadores em algumas semanas”, concluiu.
Vacinação
O secretário de Estado de Saúde também reafirmou o compromisso do governo estadual para negociar a compra de vacinas e distribuir rapidamente os lotes recebidos do governo federal. Segundo ele, a imunização é uma prioridade, já que é a única forma de conter a pandemia a longo prazo.
“Estamos distribuindo o último lote que chegou do Ministério da Saúde entre todas as macrorregiões, hoje e amanhã, para que chegue aos municípios de forma quase imediata e eles consigam aumentar a velocidade da vacinação. Agora, as cidades polo poderão receber as vacinas inclusive aos fins de semana”, disse Baccheretti, explicando ainda que há expectativa da chegada de mais imunizantes entre março e abril.
“Já percebemos que os que estão vacinados ocupam menos os nossos hospitais. A expectativa é muito positiva e acreditamos que, se o cidadão mineiro fizer bem essa restrição nesse momento, e com o aumento da vacinação no fim de março e abril, poderemos não precisar mais dessas restrições”, lembrou.
Oxigênio e insumos
Durante a coletiva, o secretário também destacou que o governo estadual está em contato com o Ministério da Saúde para obter ajuda na reposição de oxigênio e insumos, como o kit intubação.
“O Ministério da Saúde nos comunicou que, na sexta-feira (26/3), irá fornecer insumos a todos os estados, sem afetar a entrega periódica aos hospitais, ou seja, será um lote a mais. Nós, de forma imediata, iremos fornecer para suprir esses hospitais que vêm sofrendo mais”, informou.
Sobre o oxigênio, ele explicou que o maior desafio é logístico, mas o Estado também está ajudando os hospitais a fazerem a reposição do item.
“Vários hospitais expandiram leitos com cilindros e estamos tentando agora qualificar essas unidades com financiamento e ajuda técnica, para que esse problema logístico seja amenizado e os cilindros, fornecidos. Destaco também que a Fiemg anunciou ontem a ajuda ao estado com novos cilindros de oxigênio que vão poder ajudar nesse momento de maior consumo”, afirmou.
Novos leitos
Baccheretti também lembrou que o Estado anunciou, nessa terça-feira (23/3), a abertura de 100 novos leitos de UTI, possibilitados pelo recebimento de 100 respiradores doados pela Fiemg. As novas unidades se unem a 30 outras anunciadas na semana passada.
“Além disso, vários hospitais do estado vêm tentando abrir leitos. Está garantido pelo Estado o financiamento deles, pelo credenciamento antes mesmo da habilitação pelo Ministério da Saúde. Há vários leitos previstos e sendo abertos de forma diária”, disse.
Sobre os leitos de enfermaria, que demandam uma estrutura menos complexa, o secretário explicou que eles também estão sendo abertos para atender os casos leves, mas que precisam existir em conjunto com as UTIs, devido à possibilidade de agravamento dos pacientes.
“O paciente de covid é um pouco diferente de outras doenças. 30% daqueles que ocupam vaga de enfermaria evoluem para terapia intensiva. É uma porcentagem muito elevada e por isso o estado busca a abertura de leitos de enfermaria em hospitais mais robustos e tradicionais, que garantam então esse tratamento do paciente grave”.
Outras doenças
Questionado sobre o atendimento médico a pacientes com outras doenças, durante esse momento de saturação do sistema hospitalar em decorrência da covid-19, Fábio Baccheretti esclareceu que existem unidades integralmente dedicadas a outras patologias, como os hospitais João XXIII e a Unidade Alternativa de Assistência à Saúde Galba Velloso.
“O Estado se preocupou em garantir a assistência de outras doenças que não sejam covid com essas ações. Hoje, o antigo Galba Velloso está todo ele dedicado a pacientes clínicos não covid. O hospital João XXIII, conhecido como hospital do trauma, está dedicado, além de pacientes de trauma, a pacientes clínicos não covid, para que os demais hospitais se dediquem a essa doença que vem assolando a maior parte dos cidadãos mineiros”.
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