A apicultura, em ascensão no Norte de Minas nos últimos anos, vem se consolidando como uma atividade rural de relevância, principalmente junto aos pequenos produtores.
Em 2001, havia 312 pessoas trabalhando com a criação de abelhas. Número que, em 2019, saltou para 1,9 mil. Apicultores e técnicos justificam o crescimento: a partir de uma maior capacitação de produtores, o interesse comercial de entrepostos de São Paulo e Santa Catarina pelo mel local disparou e o produto passou a ser cada vez mais valorizado comercialmente.
Vale lembrar que entrepostos são estabelecimentos que compram o mel, processam os derivados e comercializam com marca própria, inclusive para outros países.
Treinamento
A partir de capacitação e treinamento adequados, os apicultores locais passaram a conhecer novas tecnologias, além de boas práticas de produção, melhorando o manejo dos apiários e o processamento dos produtos apícolas. O resultado veio com o aumento da produtividade. Outro destaque vem do reconhecimento da apicultura como atividade que não toma muito tempo e permite ao produtor diversificar a gama agropecuária de sua propriedade, o que garante mais fontes de renda.
A organização dos profissionais em associações e cooperativas também explica o avanço da apicultura no Norte mineiro. Com mais troca de informações e experiências por meio de interação coletiva, eles conseguiram a inserção de produtos em programas sociais como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Polo
A atividade é realizada em 22 municípios da região, incluindo Montes Claros. Dos 717 produtores que exercem a atividade, 586 são da agricultura familiar e produzem 88,5% de todo o mel da região.
O percentual equivale a 403 mil quilos do principal produto gerado pelas abelhas. Outros produtos como própolis, cera e pólen também têm sido produzidos e comercializados, mas em menor escala, embora o potencial seja grande, conforme informação de fonte técnica.
Todos os dados são da unidade regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), em Montes Claros. A empresa, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa-MG), tem acompanhado a evolução da apicultura local e prestado toda a assistência técnica aos que estão investindo na atividade, seja por meio de cursos de capacitações, seminários, elaboração de projetos e muitas outras ações.
Seminários
Uma das principais ferramentas da Emater-MG para impulsionar a apicultura na região tem sido a realização de seminários direcionados aos produtores. O projeto, que em 2020 realizou 17 encontros, também tem ajudado a comprovar a expansão da atividade na região. Basta observar o crescimento do número de participantes a cada nova edição.
De acordo com registros da Emater, a participação em edições do Seminário de Apicultura do Norte de Minas, em Montes Claros, cresce exponencialmente. Do primeiro, em 1999, para 2019, os participantes saltaram de 80 para cerca de 800 pessoas. Mesmo em 2020, apesar da pandemia da covid-19, o seminário, realizado de forma virtual, surpreendeu pelos 1,4 mil espectadores, de Minas e outros estados.
A frente do projeto, desde o primeiro seminário, o coordenador técnico regional da Emater-MG, Luiz Fernando Mendes, conta que os primeiros cinco eventos foram promovidos somente pela empresa, por meio das suas equipes técnicas nos municípios anfitriões.
Já a partir do sexto seminário, a empreitada passou a ser executada em parceria com instituições públicas e privadas, entre elas, Codevasf, Senar, Sebrae, universidades, prefeituras e instituições financeiras, entre outros.
Segundo o coordenador, a ideia surgiu após a constatação da necessidade de divulgar a apicultura e da ausência de algum evento coletivo na área. Era preciso, de acordo com ele, “reunir, incentivar, trazer novas tecnologias e motivar os apicultores da região”.
A partir daí, continua Luiz Fernando, “uma solução encontrada foi a de promover eventos coletivos, no caso específico, os Seminários de Apicultura do Norte de Minas que vieram a suprir esta lacuna existente para os apicultores”, disse.
Resultados
Ainda segundo o coordenador técnico da Emater-MG, os resultados alcançados superam expectativas a cada ano.
Conquistas como mais visibilidade e divulgação da apicultura local, com destaque para o mel de aroeira, troca de experiências e entrosamentos entre os apicultores, aumento de interesse pela preservação ambiental e, consequentemente, das abelhas são algumas.
Quer saber as notícias do Aconteceu no Vale em primeira mão? Siga-nos no Facebook @aconteceunovale, Twitter @noticiadosvales e Instagram @aconteceunovale.