As veredas do Cerrado norte-mineiro destacam-se pela oferta de água e boa qualidade de vida para populações humanas e animais. Conhecidos pela alta concentração de água e solo fértil, esses ambientes têm grande valor social e ecológico. No entanto, na última década, algumas dessas áreas estão secando, o que leva à redução da biodiversidade nativa.
Projeto de recuperação implantado como piloto, em 2019, pelo Instituto de Ciências Agrárias (ICA), localizado no campus da UFMG em Montes Claros, já apresenta os primeiros resultados positivos. A ação de extensão é realizada na Vereda do Peruaçu, município de Januária. De acordo com o professor Flávio Pimenta, entre as ações do projeto, estão a plantação de mudas nativas e a implantação de barragens subterrâneas em área atingida por incêndios florestais.
“Implementamos uma barragem subterrânea com o objetivo de elevar o nível freático e promover o umedecimento no perfil do solo e dar condições para regeneração de sementes”, explica Pimenta. Um ano após a implantação das barragens, a área começou a apresentar sinais de recuperação, com o aumento da umidade do solo e crescimento das espécies nativas. A proposta é que a metodologia possa ser expandida para outras regiões afetadas.
As barragens de contenção de água já são alternativas amplamente utilizadas para abastecimento e consumo de populações humanas e animais e também para irrigação de agricultura, mas sua utilização não é comum com o objetivo de recuperação ambiental. De acordo com o professor do ICA, o monitoramento continuará por três anos, incluindo a verificação dos níveis freáticos e o estudo do perfil das veredas.
Buriti e xiriri
Flávio Pimenta alerta para o risco embutido na utilização do fogo para limpar áreas de agricultura e pastagens. A expansão do fogo pode levar à queimada de grandes áreas, levando ao esgotamento da disponibilidade hídrica e à mortalidade de espécies vegetais adaptadas às regiões alagadas e importantes para o ecossistema local, como o buriti e xiriri.
O projeto é realizado com recursos de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) e o Ministério Público de Minas Gerais. Além da restauração da área, o acordo prevê a reestruturação de um viveiro de mudas de São João das Missões. A equipe responsável pelo projeto inclui representantes do Ibama e da prefeitura de São João das Missões e estudantes de pós-graduação.
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