Você sabe qual é a sua taxa de colesterol? Não? Infelizmente essa é uma realidade comum no Brasil. No último levantamento sobre o tema, realizado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, 67% dos entrevistados responderam não saber a resposta. E os impactos disso na saúde dos brasileiros, não somente dos entrevistados, é grave. Segundo o Ministério da Saúde, quatro em cada 10 brasileiros têm colesterol alto.
Por isso, autoridades de saúde, entidades profissionais e organizações da sociedade civil marcam 8 de agosto como Dia do Combate ao Colesterol. A data é uma forma de mobilizar a sociedade para promover uma conscientização maior dos cidadãos, profissionais e do Poder Público sobre a necessidade de prevenir e mitigar os efeitos desse mal.
O colesterol é uma gordura produzida pelo organismo, dividido em dois tipos: LDL e HDL. O LDL, chamado de “mau colesterol”, em excesso pode gerar o acúmulo de placas de gordura nas artérias, impedindo ou dificultando a passagem do sangue.
Médico e integrante do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal, Leonardo Pitta explica que altas taxas podem gerar quadros de inflamação crônica e doenças vasculares arteriais cerebrais, cardíacas, renais e em membros. São exemplos o infarto do miocárdio e o Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Pesquisas recentes, acrescenta o médico, vêm apontando que o excesso de colesterol também pode estar relacionado a outras doenças manifestadas na fase idosa. “O processo inflamatório associados ao colesterol elevado, também chamado de dislipidemia, promove alterações metabólicas desfavoráveis ao processo de envelhecimento saudável”, disse.
Fatores
Leonardo Pitta ressalta que o colesterol alto está associado a diversos fatores, sendo o mais premente desses a obesidade, aprofundada por comportamentos como o sedentarismo e hábitos alimentares não saudáveis.
Segundo dados do levantamento Vigitel 2019, lançado pelo Ministério da Saúde em 2020, o excesso de peso foi verificado em 55,4% das pessoas entrevistadas nas capitais. Os adultos obesos representavam 20,3% da amostra. A frequência de consumo regular de frutas e hortaliças (mais de cinco vezes na semana) era de 3,43%.
Para além da obesidade, outros fatores podem influenciar, como a condição genética do paciente. Por causa dessa condição, algumas pessoas têm maior propensão a desenvolver altas taxas.
A médica Elaine Moreira, membro da Federação Brasileira de Gastroenterologia, destaca como fatores para o crescimento da obesidade, e do colesterol alto, o aumento do consumo de alimentos processados e industrializados e a redução de dietas saudáveis.
Na pandemia, continua, esse cenário se aprofundou, com as pessoas comendo de forma pior, em quantidade maior e fazendo menos atividade física. As restrições do isolamento social e as preocupações decorrentes da situação alimentam essas condutas.
“O isolamento fez com que pessoas ficassem mais ansiosas, com menos opções de lazer, então elas acabam fazendo da comida o momento prazeiroso. Isso gera uma maior ingestão calórica. O consumo de álcool está maior também. Para aliviar o estresse, estão consumindo mais álcool. Paralelo a isso, estão praticando menos atividade física. Academias, parques e áreas dos condomínios fecharam”, disse.
Mas, na avaliação da médica tanto na pandemia quanto depois dela, é necessário mudar os hábitos para evitar altas taxas de colesterol e os riscos das doenças associadas a essa condição. Neste momento, ela lembra que é possível fazer exercícios em casa (aproveitando orientações disponíveis na Internet, por exemplo) ou em áreas abertas, evitando aglomerações e o contato com outras pessoas.
Para além da pandemia, Elaine Moreira enfatiza a importância de, além de garantir atividades físicas regulares, melhorar a dieta evitando frituras e consumindo mais frutas, verduras, fibras, carboidratos bons e carnes na medida certa e incorporando peixes ricos em ômega 3 à dieta.
A médica alerta que é fundamental manter uma rotina de exames para monitorar as taxas de colesterol. “As pessoas devem realizar seus exames. Tem que fazer um exame, o médico vai avaliar o quadro, idade, estilo de vida, doenças associadas, histórico”, diz.
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