Banco Itaú anuncia doação de R$ 1 bilhão para combate ao coronavírus

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Com o intuito de fortalecer o atendimento de saúde, inclusive no Sistema Único de Saúde (SUS), o Itaú Unibanco anunciou hoje (13/4/2020) a doação R$ 1 bilhão para o enfrentamento à pandemia da covid-19. As decisões sobre como a quantia será aplicada serão tomadas no âmbito do programa Todos pela Saúde, que terá à frente um grupo de especialistas liderado pelo diretor-geral do Hospital Sírio-Libanês, Paulo Chapchap.

Sob gestão da Fundação Itaú Unibanco, o recurso será retirado do balanço da instituição financeira e poderá ser ampliado por outros doadores, conforme esclareceu o presidente do banco, Candido Bracher. “Os recursos virão do balanço do banco e não gozam de qualquer benefício fiscal em relação a qualquer outra despesa que o banco tem”, disse ao comentar que serão reservados em um fundo do tipo endowment.*
 
Os membros do Todos pela Saúde já vêm se reunindo desde o início da semana passada para definir as diretivas do programa, que terá quatro eixos. Todos os integrantes atuarão sem remuneração.

Desde 1998 na gestão do Sírio-Libanês, Paulo Chapchap antecipou que uma das primeiras ações do Todos pela Saúde será a veiculação de peças publicitárias que reforcem a importância de medidas de prevenção contra a covid-19, como o uso de máscaras. Ele informou que profissionais de saúde já estão sendo deslocados para constituir gabinetes de crise em locais que exigem uma resposta mais rápida de atendimento.Ele informou que conversou com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, sobre o programa.

Chapchap comentou, ainda, que o programa irá buscar resolver um dos principais gargalos encarados, atualmente, pela comunidade científica mundial, que é a dificuldade na obtenção de insumos, incluindo produtos de Equipamento de Proteção Individual (EPI). Para tanto, explicou, a equipe deverá estimular a indústria nacional a fabricar esse tipo de item, para suprir as demandas.

Desigualdade social

Na avaliação do médico Pedro Ribeiro Barbosa, diretor-presidente do Instituto de Biologia Molecular do Paraná, integrante do Todos pela Saúde, o desinvestimento público na área da ciência brasileira é um dos fatores que explicam e agravam o contexto atual do país durante a pandemia. Ele também defende que o Estado assegure proteção “à vida”, às pessoas socialmente mais vulneráveis, porque “não basta dizer que é preciso isolamento quando há, na sociedade, uma lógica de subemprego de uma população precisando sobreviver”.

“Essa experiência é mundial. Não temos por que fazer diferente no Brasil, ainda mais com a experiência acumulada por outros países. Temos grandes conglomerados de fortunas nesse país. Que as grandes fortunas se somem a uma lógica de solidariedade.”

Também integrante do projeto, o médico e escritor Drauzio Varella, reputado por sua vivência no sistema prisional, afirmou que o acúmulo de  desigualdades sociais do Brasil irá agora ter “um grande peso” na pandemia. Para ele, as circunstâncias trazem, ao mesmo tempo, a cobrança de um “preço” pela perpetuação desse histórico, mas também uma oportunidade de se valorizar o SUS.

“Acho que disso tudo [do programa] vai resultar uma estrutura que podemos deixar para o SUS como legado, quando terminar a epidemia. Acho que podemos emergir da epidemia com um sistema de saúde mais organizado e mais eficiente”, disse.

Os quatro eixos do programa:

Informar

  • Campanha de incentivo ao uso de máscaras pela população;
  • Orientação da população para higiene das mãos e etiqueta da tosse;
  • Valorização das iniciativas de solidariedade da sociedade civil.

Proteger

  • Disponibilização de equipamentos de proteção individual e testagem para profissionais de saúde;
  • Testagem populacional para orientar ações de saúde pública.

Cuidar

  • Apoio aos gestores públicos estaduais e de grandes municípios na estruturação de gabinetes de crise;
  • Capacitação e apoio aos profissionais de saúde em melhores práticas, protocolos e terapêuticas;
  • Uso de telemedicina para monitoramento de casos e apoio aos profissionais de saúde;
  • Ampliação da capacidade e eficiência em estruturas hospitalares referenciadas;
  • Compra e distribuição de insumos estratégicos, além da mobilização de equipamentos e recursos humanos.

Retomar

  • Colaboração para o desenvolvimento de estratégias, visando ao retorno mais seguro às atividades sociais; e programas de monitoramento da população com risco elevado.

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