Um dos sequestradores esteve com a vítima por duas vezes, na cidade de Francisco Badaró, onde o pai do estudante possui uma loja de material de construção.
Um relacionamento rápido e um encontro em uma festa pode ter motivado o sequestro de Pedro Lucas Martins Ramalho, 23 anos, estudante do 9º período de engenharia, da Faculdade Newton Paiva, localiza no bairro Estoril, região Oeste de Belo Horizonte. O rapaz é filho do empresário de Francisco Badaró, no Vale do Jequitinhonha(MG), Sérgio Ramalho e foi sequestrado na última sexta-feira (29/11) na porta da faculdade e libertado na madrugada desta quinta-feira(5).
De acordo com as investigações dirigidas pelo delegado Wanderso Gomes, chefe do Departamento de Operações Especiais da Polícia Civil (Deoesp), um dos suspeitos conheceu o estudante durante uma festa, quando a vítima estava com a irmã da namorada do suspeito . Na época eles mantinha um relacionamento.
Nesta sexta-feira (6), durante a apresentação da dupla suspeita de sequestro do estudante, – Juliano Oliveira de Souza, de 27 anos, e Igor Mirô da Costa, 20 – o delegado esclareceu que Souza havia encontrado com a vítima por duas vezes, na cidade de Francisco Badaró, município em que a família da vítima mora. O encontro entre suspeito e vítima aconteceu porque o estudante mantinha um relacionamento com a irmã da namorada do suspeito. Eles chegaram a se encontrar por duas vezes em festa da cidade.
As investigações apontam que o suspeito havia estudado a vítima por um bom tempo, porém, o levantamento não mostra por quanto tempo a vítima vinha sendo pesquisada. O levantamento da polícia mostra também que a dupla de criminosos abordaram o jovem no estacionamento da faculdade, no dia 29 de novembro.
No primeiro momento o estudante foi levado para um matagal na cidade de Mateus Leme, na Central do Estado, onde aconteceu o primeiro contato com a família. Os bandidos pediram R$ 300 mil para libertar o jovem. Os pais de Souza moram na região o que poderia ter ajudado na escolha do local.
Em seguida, o estudante foi levado para a casa de Souza. O local funciona como uma república, são três quartos alugados. Os outros dois moradores da residência foram presos no primeiro momento, mas ouvidos e liberados nesta quinta-feira (5). A polícia constatou que eles não tinham envolvimento com o crime.
Em depoimento, a dupla informou, que o quarto do suspeito passou a ficar só trancado e com a televisão ligada com o volume muito alto, mesmo quando ele não estava em casa.
Costa, era quem auxiliava Souza nas negociações com a família. Todas as vezes que os suspeitos entravam em contato com os familiares a vítima estava junto. O quarto em que souza ocupava tinha uma escada com acesso a garagem o que não levantou a suspeita dos outros moradores da república.
A polícia chegou até os sequestradores porque, na noite dessa quarta (4) eles voltaram a fazer contato com a família da vítima a partir da cidade Itatiaiuçu, na região Central. Como os policiais já tinham recebido informações sobre o veículo de um vigilante que viu o carro dos suspeitos, os agentes fizeram buscas e localizaram Souza e Costa no carro na BR–381, em Betim. Presos, eles confessaram o crime e levaram os policias até o cativeiro.
No local, encontram a vítima amarrada, além de, uma arma de brinquedo, um facão e faixas para curativos. A vítima estava dopada e muito fraca.
Na delegacia, a vítima informou que na primeira vez que os suspeitos ligaram para a família dele era aniversário de seu pai. Ele afirmou que o que lhe tranquilizou foi o pai que pediu para que ele ficasse calmo.
O universitário declarou ainda, que quando a polícia chegou ao cativeiro ele acreditou que seria morto pelos sequestradores, mas quando escutou os gritos de que eram a PM ele ficou aliviado.
Juliano Oliveira de Souza, que trabalhava em uma loja de grife de um shopping da capital, já tem passagem por falsificação de documento público, agressão, a mulher ,estelionatário, e agora irá responder por sequestro. Igor Mirô da Costa, tem passagem por dirigir sem habilitação e roubo.
As irmãs que chegaram a namorar o suspeito e a vítima não foram relacionadas com o crime.
Agora, as investigações continuam para saber há mais envolvidos no caso.
Medicamento
A vítima era dopada com diazepam. A orientação é que uma pessoa doente ingira o remédio de 12 em 12 horas.
Os suspeitos estavam dando o remédio para o universitário de cinco em cinco horas.
Além disso, o jovem percebeu que quando bebia suco ele ficava mais tonto.
O sequestro
A Polícia Civil informou que o universitário foi rendido por dois dos bandidos, que seriam Souza e Costa, quando saía de uma faculdade no bairro Buritis, na região Oeste de Belo Horizonte, por volta das 20h50 da última sexta (29). Um dos sequestradores estaria armado e teria agredido a vítima. O estudante foi surpreendido ao entrar no carro, um Fiat Bravo. Os sequestradores levaram o rapaz e abandonaram o carro dele no bairro Havaí, na mesma região. Antes de levar a vítima para o cativeiro, os suspeitos teriam rodado com ela pela cidade.
Na casa, o universitário foi amarrado e teve os olhos vendados. Os policiais contaram que o estudante foi mantido quase que o tempo todo dopado, mas só teria sido agredido na abordagem.
Segundo a Polícia Civil, o primeiro contato com pedido de resgate à família foi feito no próprio dia do sequestro. Os criminosos exigiram que a família reunisse R$ 300 mil em até uma semana, ou então matariam o universitário. Os detalhes para a entrega do dinheiro seriam definido quando a família tivesse o valor.
A polícia chegou até os sequestradores porque, na noite dessa quarta (4) eles voltaram a fazer contato com a família da vítima a partir da cidade Itatiaiuçu, na região Central. Como os policiais já tinham recebido informações sobre o veículo de um vigilante que viu o carro dos suspeitos, os agentes fizeram buscas e localizaram Souza e Costa no carro na BR–381, em Betim. Presos, eles confessaram o crime e levaram os policias até o cativeiro.
Cativeiro
Do lado de fora, apenas um prédio comum de dois andares, com varandas, decorado com ladrilhos vermelhos e semelhante aos outros edifícios de classe média que compõem a pacata rua Boreal, no bairro Caiçara, na região Noroeste de Belo Horizonte. É nesse cenário familiar que um estudante de engenharia de 23 anos foi mantido em cárcere privado por cinco dias sem a desconfiança de qualquer vizinho.
Embaixo do prédio ainda existe uma igreja evangélica, que recebe seus fiéis todas as noites com música alta, enquanto moradores veteranos da região se encontram em um bar ao lado. “Um dos rapazes andava muito bem vestido, com camisas de marca, chegava em casa e acenava para as pessoas, eu nunca desconfiaria que ele era um sequestrador. A menina costumava sentar no bar aqui do lado, tomar cerveja e pedir cigarros para a gente. Mas tinha uma cara inocente e uma postura bem recatada”, disse o pintor Wesley Ferreira, 22, que há 15 anos mora na região.
Ainda bastante assustados com a frieza dos sequestradores, vizinhos contaram que o grupo formado por cinco homens e uma mulher alugou o apartamento há seis meses e praticamente não fazia barulho. Além disso, apenas um dos homens e a mulher eram vistos com mais frequência na rua.
Ontem pela manhã, após a visita de policiais no prédio, muitos vizinhos se juntaram na rua para observar o edifício, que abriga apenas dois apartamentos, de dois quartos cada – um de frente para a rua, onde o estudante foi mantido refém, e outro que dá para os fundos.
Fonte: O Tempo Online