Moradores estão preocupados com os possíveis riscos que a barragem da mineradora instalada nos municípios de Riacho dos Machados e Porteirinha, no Norte de Minas Gerais, pode trazer, caso ocorra um rompimento como os registrados em Mariana, em 2015, em Brumadinho no dia 25 deste mês.
A operação de mineração na cidade teve início no ano de 2013. A Mineração Riacho dos Machados Ltda, controlada por um grupo canadense, emprega 352 pessoas de forma direta e 438 terceirizados. No local é extraído ouro e, somente em 2018, foram beneficiadas 1.942.535 toneladas.
Dados da própria mineradora apontam que a barragem da empresa tem extensão de 75,8 hectares e capacidade de armazenamento de 9.646.166 m³, entre de água e rejeitos. Atualmente, estão armazenados 6.260.256 m³, cerca de 65% de sua capacidade.
Preocupação
A casa da aposentada Jesuíta Rodrigues Alves, que mora com o marido, filhos e netos, fica a cerca de dois quilômetros da barragem de contenção dos resíduos da extração do ouro. Ela, que mora no local há 80 anos, não esconde o medo de um desastre acontecer. “Tenho muito medo. De acordo com o que o povo vai falando a gente vai preocupando. Bate aquela dúvida. Se ela chegar a desabar, dizem que é dois minutos para tampar tudo. Então, uma pessoa igual a mim não sai do lugar”.
Além da casa de Jesuíta Rodrigues, pelo menos 21 edificações, além da fauna e flora, de mata seca, estão na rota dos rejeitos. Em 2015, após a tragédia em Mariana, uma comissão foi montada para acompanhar os trabalhos desenvolvidos pela empresa. “Esta comissão tinha gente do Ministério Público, da empresa e dos sindicatos rurais. Sempre teve reuniões onde apresentavam os dados e os riscos que poderiam ocorrer”, explica Custódio Camilo do Carmo, que faz parte do Conselho Municipal de Defesa e Conservação do Meio Ambiente de Montes Claros (Codema).
Foto: Google/Reprodução
Construção
A barragem de rejeitos tem estrutura no formato a jusante – método no qual a barragem cresce sobre ela mesma, na direção da corrente dos resíduos, o que melhora a estabilidade da estrutura. Segundo a mineradora, a barragem de rejeitos, assim como a de água, é impermeabilizada.
Já a barragem que se rompeu no Córrego do Feijão, em Brumadinho, foi construída à montante – é o método mais barato e a barragem cresce por meio de degraus feitos com o próprio rejeito sobre o dique inicial. Este método de construção é bastante comum nas barragens de todo o país.
“A gente sabe que o risco existe. Eles mesmos não garantem 100%. Dizem que não tem problema, que a barragem é segura, mas logo falam que pelos aspectos naturais tudo pode acontecer. Então não sabemos ao certo.”, Custódio do Carmo
Segundo dados Agência Nacional das Águas (ANA), devido à forma em que foi construída, a barragem de Riacho dos Machados é considerada de baixo risco. Porém, a ANA destaca que a barragem é de dano potencial alto. Isto significa que, caso a barragem se rompa, poderá causar mortes, destruição ambiental e material.
“Se acontecer algo assim o estrago é muito grande. Este resíduo desceria sentido aos rios e chegaria à Barragem do Rio Gorutuba, que é responsável pelo abastecimento de água de Janaúba e parte de Nova Porteirinha. Ainda, atingiria muitas famílias. Estamos fazendo levantamento para ver as consequências reais que poderia trazer”, diz Custódio Camilo.
Da barragem até a cidade de Riacho dos Machados são cerca de 10 km, em linha reta; até Porteirinha, são 37 km. A Defesa Civil em Riacho dos Machados afirma que foram feitos dois treinamentos de evacuação da área com a população local. Segundo a Mineração Riacho dos Machados Ltda, as simulações envolveram o sistema de comunicação com sirenes, carros de som, sistema de rádio e de telefones cadastrados, evacuação da área, ponto de encontro e retirada de pessoal para área segura.
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(Fonte: G1 Grande Minas)