Foram mais de 20 tiros aqui dentro, conta padre após atirador matar quatro pessoas na Catedral de Campinas

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O padre Amaury Thomazzi, que celebrava a missa na hora em que o atirador Euler Grandolpho entrou na Catedral Metropolitana de Campinas, usou uma rede social na tarde desta terça-feira (11/12/2018) para gravar um vídeo e divulgar o que aconteceu. “Para os amigos que estão pedindo algumas informações, estou mandando esta mensagem apenas para dizer que está tudo bem aqui na catedral. Eu rezei a missa do meio dia e quinze, e, no final da missa, uma pessoa entrou atirando e fez algumas vítimas. Ninguém pode fazer nada, ajudar de forma nenhuma”, relatou, com a voz embargada.

O religioso pediu orações em favor de todos, a começar pelo atirador, que cometeu suicídio após matar quatro fiéis e ferir outros quatro. “Peço apenas que rezem pela pessoa. Ele se matou depois da situação, ele atirou nas pessoas; foram mais de 20 tiros aqui dentro, e depois ele se matou. Então, rezemos por ele, e por aqueles que foram feridos. Tem pessoas que são vítimas fatais. Peçamos a Nossa Senhora Imaculada que interceda por esta catedral, por estas pessoas, por estas famílias”, enumera o padre.

Thomazzi afirmou ainda não saber como ficará a programação da igreja nos próximos dias – o lugar está interditado para perícias. Fotos mostram o atirador ferido com um tiro na cabeça, e o corpo apoiado numa pilastra de madeira.

O delegado José Henrique Ventura, que acompanha as investigações, informou que Euler Fernando Grandolpho não tinha antecedentes criminais. “A profissão, ao que parece, é analista de sistemas. É uma pessoa fora de qualquer suspeita em circunstâncias normais. Agora, com a identificação, nós vamos investigar a motivação”, apontou.

A carteira de habilitação dele foi encontrada em uma mochila dentro da igreja. Ventura informou que será feita uma diligência à casa de Grandolpho, em Valinhos (SP), para buscar informações que possam levar ao esclarecimento do crime. “Vamos fazer um levantamento da casa, de quem mora, se é casado. Os dados para saber os antecedentes antes dele chegar a Campinas”, explicou.

Investigações preliminares apontam que Grandolpho não conhecia as vítimas. Os quatro mortos foram identificados como: Sidnei Vitor Monteiro, de 39 anos, José Eudes Gonzaga Ferreira, de 68, Cristofer Gonçalves dos Santos, de 38, e Elpídio Alves Coutinho, de 67.

Quatro pessoas foram mortas dentro de igreja (Foto: Cortesia Diario Correio/EFE)

Atirador trabalhou como auxiliar da Promotoria de SP

Euler foi servidor concursado do Ministério Público do Estado de São Paulo, atuando como auxiliar de Promotoria I, na Comarca de Carapicuíba, região metropolitana de São Paulo. O Ministério Público de São Paulo informou que ele pediu exoneração do cargo em 3 de julho de 2014. O perfil de Euler em uma rede social, sem postagens, informa que ele estudou no Colégio Técnico da Unicamp e na Unip, em Campinas.

As imagens de câmeras de segurança mostram que o atirador entrou na igreja, sentou em um dos bancos e começou a atirar em pessoas que estavam atrás dele. Ele tinha uma pistola, quatro carregadores e revólver calibre 38. “Usou dois carregadores e tinha dois cheios com 22 cápsulas”, disse o delegado José Henrique Ventura. Antes de se matar, o atirador foi atingido pela polícia.

Euler Grandolpho disparou contra fiéis (Foto: Eliane Gonçalves/Rádio Nacional)

Testemunha

O aposentado Pedro Rodrigues, 66 anos, estava em um dos últimos bancos da igreja quando o atirador abriu fogo. “Eu peguei o final da missa, sentei, mais ou menos depois de 5 minutos que tinha terminado a celebração. Começou a chegar as pessoas para fazer as ações individuais e de repente percebi que no meio um rapaz se levantou, se posicionou em frente a um casal e começou a atirar à queima roupa. Eu vi dois tiros”, contou. Rodrigues correu para fora da igreja e continuou a ouvir disparos. “Eu escutei mais ou menos 15 disparos”.

O tiroteio ocorreu por volta das 13h25 desta terça-feira (11/12/2018), segundo informações da Polícia Militar. Quatro pessoas morreram no local. Ainda não se sabe a motivação do crime.

Feridos

Um homem de 84 anos, que foi atingido no tórax e no abdômen, passou por cirurgia no Hospital Municipal Doutor Mário Gatti e agora está na Unidade de Terapia Intensiva. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, o estado de saúde dele é grave. Uma mulher de 65 anos foi levada para a mesma unidade, permanece em observação, mas o estado dela é estável. Ela foi ferida no tórax, na mão e teve uma fratura na clavícula.

As outras duas pessoas baleadas foram levadas para o Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e para o Hospital Beneficência Portuguesa de Campinas.

Temer e Bolsonaro lamentam tragédia

O presidente Michel Temer se disse “profundamente abalado” com a chacina ocorrida na Catedral Metropolitana de Campinas. Pelo Twitter, Temer prestou condolências às famílias dos mortos e desejou que os feridos se recuperem.

“Profundamente abalado pela notícia desse crime cometido dentro da Catedral de Campinas, apresento minhas condolências aos familiares das vítimas. E rezo para que os feridos tenham rápida recuperação”, disse o presidente pela rede social.

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, também se manifestou pelo Twitter. Ele disse que está acompanhando a apuração do crime e também prestou solidariedade. “Estamos acompanhando a apuração das autoridades sobre o crime bárbaro cometido hoje na Catedral Metropolitana de Campinas, em São Paulo. Nossos votos de solidariedade às vítimas dessa tragédia e aos familiares”, disse Bolsonaro.

O que já se sabe sobre o ocorrido:

– Uma missa havia começado às 12h15 desta terça-feira (11/12/2018);

– Um homem entrou armado na Catedral, por volta das 13h;

– Ele sentou em um dos bancos da igreja e, ao final da celebração, disparou cerca de 20 tiros;

– Ele matou quatro homens: Sidnei Vitor Monteiro, José Eudes Gonzaga, Cristofer Gonçalves dos Santos e Elpídio Alves Coutinho; e cometeu suicídio na sequência;

– Quatro pessoas foram atingidas pelos disparos e ficaram feridas;

– A motivação do crime é investigada pela polícia;

– Os feridos foram levados ao Mário Gatti, Beneficência Portuguesa e HC da Unicamp;

– Para a polícia, o atirador “executou um plano que tinha na cabeça”;

– O atirador foi identificado como Euler Fernando Grandolpho, de 49 anos – ele chegou a trabalhar no Ministério Público como auxiliar de promotoria, mas saiu do órgão em 2014;

– Segundo a Polícia Civil, o atirador fez tratamento de depressão, era recluso, morava com os pais, tinha um “perfil estranho” e não apresentava antecedentes criminais.

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(Fonte: Agência Brasil e G1)

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