Donald Trump encerra programa que protegia 800 mil jovens de deportação

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O governo dos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira (5) o fim do programa de Ação Diferida para os Chegados na Infância (Daca, na sigla em inglês), criado pelo ex-presidente Barack Obama, e que protegia da deportação 800 mil jovens imigrantes.

A suspensão do Daca entrará em vigor daqui a seis meses para forçar o Congresso a encontrar uma alternativa para o programa.

“Estou aqui para anunciar que o programa Daca, sancionado pela administração de Obama, será rescindido”, anunciou em entrevista coletiva o procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, um dos membros do governo de Donald Trump com posições mais duras em relação à imigração no país.

No limbo

Na última sexta-feira (1°), o presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o republicano Paul Ryan, pediu a Trump que mantivesse o Daca. “Essas pessoas estão no limbo, são crianças que seus pais trouxeram para cá, que não conhecem outro país e que não tem outro lar. Realmente, acredito que deve haver uma solução legislativa e é nisso que estamos trabalhando. Queremos tranquilizar as pessoas”, disse Ryan, principal liderança do Partido Republicano no Congresso.

Empresas lamentam e criticam o fim do Daca

Empresas de tecnologia dos Estados Unidos, como Facebook, Apple, Google e Microsoft, lamentaram e criticaram nesta terça-feira (5) a decisão do presidente Donald Trump de encerrar o programa de Ação Diferida para os Chegados na Infância (Daca).

Várias vozes do mundo empresarial e do setor de tecnologia já tinham pedido, na semana passada, por meio de uma carta conjunta, que esses jovens não fossem deportados. Depois da decisão de Trump, vários empresários foram hoje às redes sociais para criticar a medida.

“É um dia triste para o nosso país. A decisão de encerrar o Daca não é só equivocada. É particularmente cruel oferecer o ‘sonho americano’ aos jovens, animá-los a deixar as sombras e confiar no nosso governo e, depois, puni-los por isso”, escreveu o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, em sua própria rede social.

Para Zuckerberg, esses jovens imigrantes são “amigos” e “vizinhos” que contribuíram para melhorar a economia e as comunidades americanas. “Pude conhecer alguns ‘sonhadores’ nos últimos anos e sempre me impressionei com sua força e determinação. Eles não merecem viver com medo”, disse o fundador do Facebook.

Assessoria e apoio

Já o diretor-executivo da Apple, Tim Cook, afirmou em uma carta enviada aos trabalhadores da empresa estar profundamente consternado com o fato de que 800 mil americanos, incluindo 250 funcionários da própria Apple, possam estar prestes a ser expulsos do país que eles chamam de lar.

“Os ‘sonhadores’ contribuem para nossas companhias e comunidades tanto quanto eu e você. A Apple lutará para que eles sejam tratados como iguais”, expressou Cook em mensagem no Twitter.

Ele afirmou que a Apple trabalhará com os congressitas para conseguir uma “proteção permanente” para os afetados pelo fim do Daca. Além disso, disse que oferecerá assessoria aos “dreamers” que trabalham na empresa. “Apesar desse revés para nossa nação, tenho certeza que os valores americanos prevalecerão e que continuaremos com a nossa tradição de dar boas-vindas aos imigrantes de todas as nações”, disse o líder da Apple.

O executivo-chefe do Google, Sundar Pichai, também usou o Twitter para defender que o Congresso tome alguma atitude para proteger os jovens afetados pelo fim do Daca.

O presidente da Microsoft, Brad Smith, disse em seu blog corporativo que a empresa está “profundamente decepcionada” pelo fim do programa migratório e afirmou que uma legislação que proteja os ‘sonhadores’ é agora um “imperativo econômico e uma necessidade humanitária”. Nesse sentido, Smith defendeu que o Congresso lide com a proteção dessas 800 mil pessoas antes de debater a reforma fiscal, que deve ser um dos principais assuntos do Legislativo até o fim do ano.

O executivo-chefe do eBay (serviço de comércio eletrônico que reúne milhões de vendedores no mundo todo, disponibilizando produtos novos e usados), Devin Wenig, disse por sua vez que conta “com o Congresso para agir moralmente e no melhor interesse da economia americana mediante uma legislação de proteção para o Daca sem demora”.

Outras companhias de tecnologia, como a IBM, e empresas do mercado financeiro, como a Wells Fargo e a JP Morgan, também criticaram a medida tomada pelo governo Trump contra o programa de Ação Diferida para os Chegados na Infância.

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(Fonte: Agência EFE, via Agência Brasil)