No clássico quase centenário entre Cruzeiro e Atlético não há espaço para deslizes. Quem vacila, portanto, acaba pagando caro. Foi assim que Felipe Santana, aos 27min do primeiro tempo, tornou-se o vilão alvinegro ao cometer falha quando era o último homem da zaga, numa bola lançada pelo volante Ariel Cabral. E Arrascaeta, atento à jogada, virar o herói cruzeirense ao roubar a bola, driblar Giovanni e marcar o gol da vitória estrelada por 1 a 0, em confronto com torcida meio a meio no Mineirão, pela rodada inicial do Grupo C da Primeira Liga.
Mas seria injusto com o Cruzeiro ressaltar apenas esse lance fortuito. Melhor na partida, o time de Mano Menezes criou chances tanto no primeiro quanto no segundo tempo para transformar o resultado em goleada. Só não o fez porque Giovanni, goleiro atleticano, evitou o pior. Foram pelo menos três defesas difíceis do camisa 20 na partida. O Galo, por sua vez, não exigiu uma intervenção difícil de Rafael. O único lance perigoso ocorreu já no fim do segundo tempo, com o zagueiro Felipe Santana, que chutou prensado na defesa rival num lance de escanteio.
Com a vitória, o Cruzeiro aumenta sua invencibilidade diante do rival para seis jogos, com quatro triunfos e dois empates. O último revés foi em 19 de abril de 2015, pelo Campeonato Mineiro.
Na Primeira Liga, o Cruzeiro ultrapassou os catarinenses Joinville e Chapecoense e assumiu a primeira colocação do Grupo C, com três pontos. O Atlético, que ainda não pontuou, é o lanterna da chave.
O Cruzeiro volta a jogar no domingo, às 17h, no Mineirão, contra o Tricordiano, pela segunda rodada do Campeonato Mineiro. Pela Primeira Liga, o próximo compromisso será na quarta-feira, às 19h30, contra a Chapecoense, também em Belo Horizonte.
Já o Atlético tentará a reabilitação no sábado, às 17h, em Muriaé, na Zona da Mata, contra o Tombense, em jogo válido pelo Mineiro. Na quinta-feira, dia 9, às 19h15, o Galo volta a atuar pela Primeira Liga. O adversário será o Joinville, no Independência.
Arrascaeta marcou único gol do jogo (Foto: Washington Alves / Light Press / Cruzeiro)
O clássico
Depois de quatro anos, o Mineirão voltou a ser dividido meio a meio entre cruzeirenses e atleticanos. Quanta saudade! Na medida em que uma multidão cantava de um lado do estádio, a outra respondia em tom mais alto. E assim caminhava a disputa sadia para ver quem gritava mais! Embora o Gigante da Pampulha não possa mais receber os estrondosos públicos acima de 100 mil espectadores – a exemplo das décadas de 1970 e 1980 –, os 41.530 presentes fizeram festa bonita e digna de superclássico. Como de praxe, os alvinegros ficaram do lado “da lagoa” e os azuis do lado “da cidade”.
No embalo da torcida, os jogadores mostraram muita disposição e foram equivalentes nesse quesito. Na técnica, o Cruzeiro se sobressaiu. Com bom entrosamento entre as peças de ataque – Robinho, Arrascaeta, Alisson e Rafael Sobis –, os comandados de Mano Menezes sufocaram o Atlético. Aos 13min, Robinho cobrou falta, Leo cabeceou e Manoel não conseguiu chegar a tempo para completar a jogada. Aos 19min, Rafael Sobis experimentou do meio da rua, em cobrança de falta, e exigiu grande defesa de Giovanni.
Diferentemente do Cruzeiro, que deteve o controle da posse de bola, o Atlético encontrou dificuldades para trocar passes. O jovem Yago, de 21 anos, sentiu nas costas o peso do clássico e não conseguiu auxiliar Rafael Carioca na saída de jogo. Maicosuel, Cazares e Otero também foram bem marcados pela defesa estrelada. O único que conseguia destaque – na parte defensiva – era Marcos Rocha, firme no combate mano a mano contra Alisson.
Se o alvinegro já não conseguia jogar, a situação ficou pior quando Felipe Santana, aos 27min, se atrapalhou ao tentar cortar lançamento de Ariel Cabral. Último homem da defesa, o ex-zagueiro do Borussia Dortmund cabeceou para trás, justamente nos pés de Arrascaeta. Com a categoria que lhe é peculiar, o uruguaio fintou Giovanni e tocou rasteiro para o fundo das redes: 1 a 0. Foi o terceiro gol do atual camisa 10 cruzeirense em confrontos contra o Atlético.
Depois do primeiro gol, o Cruzeiro diminuiu um pouco do ritmo e passou a controlar a partida. Já o desorganizado Atlético não ofereceu perigo à meta de Rafael. Nitidamente, o time orientado por Roger Machado sentiu falta do meia Luan e dos atacantes Robinho e Fred, peças importantes dos setores de criação e conclusão.
Segundo tempo
No intervalo da partida, Roger Machado percebeu o nervosismo de Yago, que até cartão amarelo recebeu, e colocou em seu lugar o também garoto Ralph, de 18 anos. Mano Menezes precisou mexer no Cruzeiro, mas por força de lesão: Henrique, que levou tostão na coxa, deu lugar a Hudson.
Bem distribuído em campo por Mano Menezes, o Cruzeiro não sentiu a ausência de seu capitão e continuou efetivo no toque de bola. Entre 10 e 20 minutos, o time celeste teve três excelentes chances para ampliar a vantagem. Na primeira, Alisson recuperou bola praticamente perdida, driblou Marcos Rocha e exigiu ótima defesa de Giovanni. Depois, Arrascaeta fez duas boas jogadas em cima de Felipe Santana e deixou Rafael Sobis na cara do gol. O camisa 7 foi impreciso na definição das jogadas.
Atordoado, o Atlético só foi atacar com perigo aos 31min, num lance de bate-rebate na grande área em que Felipe Santana chutou prensado na defesa azul. No mais, continuou um time sem criatividade e facilmente anulado. Nem as entradas de Clayton e Rafael Moura surtiram efeito. Já o Cruzeiro, em lances de contra-ataque, poderia ter ampliado, mas desperdiçou situações de gol – já com Ábila e Rafinha em campo – por puro preciosismo. No fim das contas, o armador Robinho e o técnico Mano Menezes foram expulsos pelo árbitro Wanderson Alves de Souza, que ainda aplicou um festival de cartões amarelos. Mesmo com um a menos, a Raposa segurou o resultado que lhe garantiu a liderança do Grupo C da Primeira Liga.
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(Fonte: Super Esportes / Rafael Arruda)