Nesta quinta-feira (29/12/2016), o prefeito em exercício de Montes Claros, José Vicente Medeiros (PMDB), assinou o decreto de tombamento da Serra dos Montes Claros, conhecida como Serra do Mel ou Serra da Sapucaia. A assinatura do documento foi comemorada pelos ambientalistas do Norte de Minas, que veem na preservação do local grande importância para a manutenção da biodiversidade regional.
Com o decreto, todas as construções e ações que criam impacto ambiental e social na região serão barrados. Porém, as comunidades já instaladas não serão desalojadas. Na região da Serra do Mel existem duas comunidades rurais e dois bairros, Palmito I e II.
O ambientalista Sóter Magno, da ONG Ovive, destaca que o documento assegura condições de manutenção do espaço e da biodiversidade oferecida na serra, sendo de fundamental importância para a cidade de Montes Claros. “As pessoas não têm ideia da importância, do contexto ambiental, cultural e social da serra para a cidade. Cerca de 35% do abastecimento de água de Montes Claros sai desta região, que sofria com a grande pressão da especulação imobiliária”, afirma.
Para Sóter, o decreto traz sossego para a região, que é a cabeceira hidrográfica do Rio Vieiras. “É uma área de recarga hídrica, está próximo do Parque estadual da Lapa Grande. Esta região forma um micro clima. Na parte sul da cidade, parte baixa, é mais fresco porque ainda tem esta cobertura vegetal. Se tirar este verde da serra o calor aumenta. Além disso, o perigo de construções nesta área, para o escoamento das águas da chuvas é grande. Se não cuidar disso a cidade vai ter problemas muitos sérios no futuro”.
O tombamento foi aprovado, por unanimidade, pelo Conselho de Patrimônio Histórico e Cultural de Montes Claros, no início de dezembro, e vai abranger uma área de cerca de 2.600 hectares.
Ao longo dos anos, várias reuniões foram realizadas entre poder público e comunidades na tentativa de viabilizar o tombamento da Serra do Mel. O jornalista Geraldo Humberto, um dos criadores do Instituto Vidas Áridas, também participou da assinatura do tombamento e afirma que era um sentimento compartilhado por várias pessoas da região, que queriam ver o local efetivamente preservado.
“Era um sentimento compartilhado pelas pessoas que fazem caminhada, ciclismo, entre outros, que olham para a Serra de Montes Claros e veem que vão sair do centro urbano e encontrar a natureza. Quando a gente toca no assunto, de manter este espaço, as pessoas se inflamam no discurso: tem que ser preservado para as futuras gerações”.
Para Geraldo, o tombamento é será um importante legado e passo na consolidação da preservação ambiental da cidade. “O direito ambiental é o único que pensa nas futuras gerações. Hoje existe uma gama de jovens que chegam na serra e afirmam que não sabiam da sua existência. É de uma importância grande para a cidade. Existe o crescimento, que é diferente de desenvolvimento. Conseguir tombar a serra é sinônimo que estamos desenvolvendo a cidade de Montes Claros. Isso é qualidade de vida”, finaliza.
Local é de grande importância à biodiversidade regional (Foto: Wilson Medeiros/Divulgação)
(Fonte: G1 Grande Minas)