A Secretaria de Saúde de Minas Gerais registrou 247 mortes por dengue no estado em 2016. Destas, 70,4% tem acima de 50 anos. Os números foram apresentados hoje (14/12/2016) durante o lançamento da Campanha de Enfrentamento ao Aedes aegypti, que será coordenado pelo comitê gestor estadual instalado no final de 2015 para o combate do mosquito. A estrutura é composta por representantes da Secretaria de Saúde, da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil e outros órgãos estaduais.
Além das 247 mortes confirmadas, outras 41 óbitos suspeitos de dengue estão em investigação. Foi o maior número de casos confirmados e suspeitos da doença no estado neste ano. Até o momento, são 526.902 ocorrências, envolvendo os quatro sorotipos da dengue, mas com predominância do sorotipo 1. Em comparação, 2015 contabilizou 192.040 casos confirmados e suspeitos. Até então, o recorde era de 2013, quando foram registrados 413.743 ocorrências.
A dengue é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. O inseto é também vetor do vírus Zika e da febre chikungunya. Segundo o subsecretário de vigilância e proteção à saúde de Minas Gerais, Rodrigo Said, o problema é nacional e exige envolvimento de todas as esferas do poder público e da população.
“Vivemos um cenário diferente que é a circulação simultânea de três vírus que possuem o mesmo vetor. Hoje, em experiencia mundial, não há nenhum local que tem apresentado sucesso efetivo nas medidas de controle do Aedes. Precisamos pensar em ações intensificadas com a participação de todos os setores, incluindo a população. É o melhor caminho, ao invés de ficarmos apontando quem errou.”
Rodrigo Said disse que, apesar da crise financeira que atinge o país e o estado, o combate ao Aedes aegypti é considerada uma ação prioritária do Governo de Minas Gerais. “Faremos todo o esforço possível, com apoio técnico e financeiro, para atuarmos em conjunto com os municípios”, afirmou. Na semana passada, o governador Fernando Pimentel decretou calamidade financeira.
Zika e chikungunya
Em 2016, foram registrados nos municípios mineiros 15.135 casos prováveis do vírus Zika. A doença foi confirmada em 1.065 gestantes, vítimas que preocupam porque existe o risco dos bebês nascerem com microcefalia. Ao longo desse ano, a microcefalia foi observada em 220 recém-nascidos. Quatro desses casos foram associados ao vírus Zika, 12 tiveram esse vínculo descartado e outros 137 permanecem em investigação. Os 67 restantes tiveram análise descartada.
Minas Gerais também registrou 482 vítimas prováveis de febre chikungunya em 2016. Embora a doença tenha aparecido no estado em 2014, somente neste ano foi confirmado o primeiro caso de transmissão autóctone, que ocorre quando o vírus é adquirido no próprio território mineiro.
Para 2017, uma das principais preocupações da Secretaria de Saúde do estado é a baixa resistência da população do estado em relação às doenças transmitidas pelo Aedes. “Neste momento, temos os quatro sorotipos da dengue circulando. O vírus Zika teve introdução em Minas Gerais apenas no final de 2015 e a febre chikungunya registrou transmissão autóctone apenas esse ano. Nós ainda não temos proteção imunológica”, afirmou Said.
Vacinas
O desenvolvimento de vacinas contra o vírus da dengue aumenta a expectativa de enfrentamento da doença. O Instituto Butantan desenvolve um imunizante em dose única que deve ser disponibilizado ao público em 2018. Na semana passada, os pesquisadores começaram a realizar testes em Belo Horizonte em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Até agosto de 2017, 1.222 pessoas serão recrutadas como voluntárias. Outras doze cidades já estão com os testes em andamento.
O laboratório francês Sanofi Pasteur já obteve a aprovação de seu imunizante na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Aplicada em três doses com intervalo de seis meses, a vacina já foi disponibilizada na rede pública para a população de 30 municípios do estado do Paraná e também está a venda em clínicas privadas. Porém, ainda não há previsão para que a saúde pública em Minas Gerais receba a novidade.
“Nós seguimos as orientações do Programa Nacional de Imunização. Há um comitê técnico assessor que é responsável pelos estudos de custo e efetividade da implantação de qualquer imunobiológico no país. E até o momento, não há nenhuma recomendação de uso dessa vacina na saúde pública. Quando tiver um posicionamento concreto do Ministério da Saúde, iremos avaliar a melhor estratégia para Minas Gerais”, disse o sub-secretário. (Agência Brasil)