O Instituto Butantan realizou ontem (6/12/2016), em Belo Horizonte, o lançamento oficial dos testes clínicos da vacina contra a dengue. Outras doze cidades já estão com os testes em andamento. A previsão é de que o imunizante possa ser disponibilizado ao público até 2018.
O Instituto Butantan é um centro de pesquisa biomédica vinculado à Secretaria de Saúde de São Paulo. A vacina que ele vem produzindo utiliza vírus vivos alterados geneticamente. “Com os vírus vivos, a resposta imunológica tende a ser mais forte, mas, como estão enfraquecidos, eles não têm potencial para provocar a doença”, afirma Jorge Kalil, diretor do Instituto Butantan.
Os testes em Belo Horizonte são realizados em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Até agosto de 2017, 1.222 pessoas serão recrutadas como participantes. Dois terços receberão a vacina e um terço receberá placebo, que não possui o vírus e assim não tem efeito. Nenhum deles terá conhecimento se foi aplicada vacina ou placebo. Durante cinco anos, os participantes serão monitorados para avaliar se houve proteção em quem recebeu o imunizante. Ao todo, serão envolvidos 17 mil voluntários em 13 cidades das cinco regiões do Brasil.
Testes e aprovação
Esta é a terceira fase de testes com a vacina e a última necessária para submetê-la à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Uma vez aprovado, o imunizante poderá finalmente ser produzido em larga escala e chegar às unidades de saúde. Os dados disponíveis até agora nas duas primeiras fases indicam que ele é seguro e eficaz, induzindo o organismo a produzir anticorpos de maneira equilibrada contra os quatro tipos de vírus da dengue.
Além do Instituto Butantã, o laboratório francês Sanofi Pasteur também desenvolveu uma vacina contra a dengue. Aprovado pela Anvisa em dezembro do ano passado, o imunizante já foi disponibilizado na rede pública para a população de 30 municípios do estado do Paraná e também está a venda em clínicas privadas.
Pesquisa realizada em Honduras, Porto Rico, Brasil, Colômbia e México, países onde a dengue é endêmica, apontou que a eficácia da vacina do laboratório francês é, em média, de 66%. Ela se mostrou mais eficiente contra a dengue tipos 4 (83%) e 3 (73%) e menos eficaz contra os tipos 1 (58%) e 2 (47%). Por outro lado, a proteção contra formas graves chegou a 93%.
Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), avalia positivamente a vacina da Sanofir Pasteur, mas fez uma ressalva durante entrevista à Agência Brasil em setembro. “O único ponto negativo é a necessidade de três doses. Por que digo isso? Porque é muito difícil vacinar o adulto. Quando o alvo é uma faixa etária de 9 a 45 anos, há um desafio enorme de trazer as pessoas para a sala de vacinação. Ainda mais quando precisamos fazer isso três vezes, em intervalos de seis meses”.
Este é um dos motivos pelo qual há grande expectativa em torno da vacina do Instituto Butantan, que é aplicada em dose única. Além disso, espera-se que um produto desenvolvido por uma instituição nacional possa garantir preços mais acessíveis e dar mais segurança à disponibilidade do produto no país. (Agência Brasil)