‘Decidi transformar a dor em amor’, diz mãe que perdeu filha em acidente no Vale do Aço

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“Desde a morte da minha filha, decidi transformar a dor em amor, e dedicar minha vida pelas pessoas que estão no trânsito”. O desabafo é da dona de casa Maria de Lourdes Barreto, de 62 anos, que perdeu a filha em um acidente de trânsito em setembro de 2008, em Ipatinga, no Vale do Aço.

Após sete anos da tragédia, Maria conta que conseguiu superar a perda com a criação do “Instituto Raquel Barreto, em Defesa da Vida e Trânsito Seguro”. A organização não governamental, que leva o nome da filha, foi criada por ela dois anos depois do acidente.

“Quando aconteceu comigo, não tive ninguém para me ajudar a superar o luto. Durante o velório da Raquel, fiquei pensando em algo para me fortalecer e ajudar outras pessoas que também passam por isso. Nos primeiros dois anos, recolhi milhares de assinaturas em mais de quatro estado do Brasil, e levamos até o Congresso para transformar o crime de trânsito de doloso para culposo. Depois tive a ideia de criar o instituto”, explica.

O Instituto Raquel Barreto desenvolve várias ações para os familiares de vítimas de trânsito que recebem acompanhamento psicológico e terapêutico. O grupo também participa de blitz, junto com a PM de trânsito, além de palestras em escolas e igrejas.

“Começou somente eu e a minha família. Hoje contamos com cerca de 26 funcionários, entre voluntários e particulares. Minha maior alegria é retomar o sorriso de uma mãe que chegou no instituto totalmente destruída. A dor nunca vai passar, mas não podemos também ficar paradas, sofrendo. Temos que salvar nossos jovens e conscientizar os motoristas a não dirigir quando ingerir bebidas alcoólicas”, declara.

Maria de Lourdes, que é mãe de outros dois filhos, de 38 e 42 anos, disse que precisou de muita força para superar a morte da filha caçula. “Por irresponsabilidade de um motorista, os sonhos da minha filha foram interrompidos. Ela era muito carinhosa e me ligava pelo menos duas vezes por dia para dizer que me amava. Foi difícil, mas continuo demostrando meu amor por ela por meio do meu trabalho no instituto. Minha mensagem é que o amor de mãe é imensurável, não tem limites”, finaliza.

Após morte de filha em acidente, Maria de Lourdes criou o Instituto Raquel Barreto para ajudar famílias a superar a dor
(Foto: Maria de Lourdes / Arquivo pessoal)

Crime de estupro

A cerimonialista Mary Suely Martins também viu na adversidade uma oportunidade para ajudar outras mães. A filha dela, que atualmente tem 23 anos, foi abusada sexualmente por um amigo da família entre os anos de 2003 a 2007.

O crime só foi descoberto em 2011, quando a filha fez uma carta relatando o ocorrido. “No primeiro momento fiquei chocada. O agressor era amigo da minha família, nós frequentávamos a mesma igreja, não foi fácil acreditar. Quando começamos a investigar, descobrimos que ele também estuprou minha sobrinha, que na época tinha 12 anos”, explica.

Desde a época do crime, a cerimonialista começou a pesquisar sobre o assunto e resolveu ajudar outras famílias que também passam por esse trauma. “Na época me jugaram muito, porque eu não me escondi. Disseram que esse comportamento ia expor minha filha. Fui até a delegacia, fiz a denúncia, fomos até o fim, até chegar a condenação dele. Hoje tenho uma página nas redes sociais onde busco auxiliar a todos, a partir do meu exemplo”, esclarece.

Além de movimentar as redes sociais, Mary também participa de audiências públicas, palestras e organiza blitz para orientar os pais e as vítimas. “Muitas vezes, o agressor está dentro da sua casa. Isso atrapalha as vítimas a confessar o ocorrido, por conta da convivência. Tento instruir para mostrar aos pais e familiares os sinais que as crianças demonstram”, disse.

Mary criou uma página nas redes sociais (Foto: Reprodução/Facebook)

(Fonte: G1 dos Vales / Repórter: Patrícia Belo)

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