Brasileiros ainda não escolheram candidato nas eleições dos Estados Unidos

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Ao contrário dos imigrantes latinos, que apoiam claramente os candidatos democratas, os brasileiros que vivem nos Estados Unidos – e formam um comunidade de mais de 1,3 milhão de pessoas – ainda não se organizaram politicamente a fim de escolher uma candidato nas eleições para presidente da República, que ocorrerão em novembro de 2016. A avaliação é da diretora executiva do Centro do Trabalhador Brasileiro, Natalícia Tracy.

“Está na hora de a comunidade brasileira escolher um candidato e ter uma posição de poder no plano político norte-americano”, afirmou Natalícia. Ela observou que imigrantes de países como o México e Cuba começaram o movimento em favor do fortalecimento político nos Estados Unidos muitos anos antes dos brasileiros e, por isso, têm candidatos que se elegeram a cargos políticos em diversas esferas. “Isso ajuda muito na hora em que a comunidade precisa levar suas reivindicações”, acrescentou.

O Centro do Trabalhador Brasileiro é uma organização comunitária, fundada por brasileiros, que se destina a ajudar famílias de imigrantes, especialmente as que moram na área de Boston, capital do estado norte-americano de Massachusetts. Boston e outras cidades de Massachusetts têm uma concentração de 300 mil brasileiros, a maior comunidade do país nos Estados Unidos,

“Chegou o momento de termos candidatos que lutem pelos interesses dos brasileiros não só em nível das eleições para a presidência dos Estados Unidos, como também para o Congresso, para os cargos estaduais e os municipais”, acrescentou Natalícia.

Radicado há 27 anos nos Estados Unidos, o cientista brasileiro Álvaro Lima ocupa o cargo de diretor de Pesquisas da Prefeitura de Boston. Ele considera que a comunidade de imigrantes brasileiros que vive no país tende a apoiar candidatos do Partido Democrata. Segundo ele, a simpatia pelos democratas decorre da posição política sobre imigrantes dos candidatos Hillary Clinton e Bernie Sanders, os dois que lutam para representar o partido nas eleições deste ano.

De acordo com Lima, Hillary e Sanders têm defendido para o eleitorado dos Estados Unidos a aprovação de uma nova política que permita a legalização de famílias de imigrantes. “Eles demonstram ter conhecimento das diferenças de origens entre os imigrantes e sabem identificar a posição política de cada governo da América Latina, ao contrário de Donald Trump e Ted Cruz, candidatos a representar o Partido Republicano nas eleições presidenciais, que parecem não fazer distinção entre o Brasil, a Venezuela e Cuba”, disse Lima.

Natalícia Tracy, diretora do Centro do Trabalhador Brasileiro – Foto: Divulgação

Atendimento a brasileiros

O Centro do Trabalhador Brasileiro atende diariamente a pessoas que enfrentam problemas trabalhistas, de imigração, de aluguel, de trânsito e na área do consumidor. “Há dias em que chegamos a receber 20 pessoas com queixas diversas em nosso escritório”, disse Natalícia Tracy.

Ao chegar aos Estados Unidos, há mais de 20 anos, Natalícia conheceu – por meio da própria experiência – as dificuldades dos imigrantes. Ela viajou como empregada doméstica e foi submetida a excesso de horas de trabalho pela própria família que a levou. Hoje, ela acumula a função de professora da Universidade de Boston com o cargo de diretora executiva do Centro do Trabalhador Brasileiro, e uma de suas preocupações é o direito dos empregados domésticos brasileiros nos Estados Unidos. O centro recomenda, de acordo com Natalícia, que o empregado doméstico não se submeta a longas jornadas de trabalho e nem adicione às suas atividades específicas, por exemplo a limpeza de residências, a função de babá. Os advogados do centro também orientam os empregados domésticos a lutar por salário mínimo, horas extras e compensação do tempo trabalhado.

Natalícia lembrou que outro exemplo de problema apresentado por brasileiros é a ausência de carteira de habilitação para dirigir no país. Pelas leis de alguns estados, estrangeiros que não estejam legalizados não podem retirar a carteira de habilitação. De acordo com Natalícia, a falta da carteira, quando ocorre um acidente de trânsito, gera multas altas e até a possibilidade de deportação para imigrantes que não estejam documentados. “Este é um exemplo típico de que, se houvesse um político comprometido com as causas brasileiras, poderíamos levar uma reivindicação nessa área para esse político”, afirmou a diretora. (Agência Brasil)

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