A fantasia e invenção das tradições, costumes, superstições, danças, crenças, lendas e contos populares próprios de um povo têm as suas cores e misturas ainda mais vivas nesta segunda-feira (22/8), quando se comemora o Dia do Folclore. Em Minas Gerais, a data se torna mais especial com a celebração dos 50 anos ininterruptos da Semana Mineira de Folclore, que leva um verdadeiro cortejo da nossa cultura popular ao Circuito Liberdade nos próximos dias, com eventos abertos ao público.
A programação começou com antecedência. A mais nova integrante do complexo cultural, a Academia Mineira de Letras, recebeu no último sábado (20/8) o lançamento da obra “Reinado e Poder” de Maria José de Souza.
A autora de Poços de Caldas mais conhecida como Tita, estudiosa do tema há 40 anos, conversou com os presentes as expressões populares do Sul de Minas, como o Reinado e o Congado, por ela definidos como formas de interpretação do viver em condição de dominação à época escravista.
Nesta segunda-feira, a Biblioteca Pública Luiz de Bessa receberá um evento repleto de intervenções artísticas. A partir das 19h30, o secretário de Estado de Cultura, Angelo Oswaldo, participará da posse de mais 30 membros na Comissão Mineira de Folclore. A entidade já possui 46 membros efetivos e outros 14 colaboradores, entre representações de setores públicos e coletivos da sociedade civil empenhados na defesa da cultura popular de tradição.
Foi em 22 de agosto de 1846, que o arqueólogo inglês William John Thoms (1803-1885) criou o termo folk-lore: folk (povo), lore (conhecimento empírico, sabedoria). Tal conhecimento tão primordial à identidade mineira será então festejado 170 anos depois com performances interativas e rituais das nossas diversas raízes identitárias protagonizadas por membros da comissão mineira, como o próprio Hino Popular de Minas Gerais.
“A Comissão tem respondido ao seu compromisso com o povo de Minas Gerais, por meio de estudos, da criação do Centro de Informações Folclóricas, do Museu Saul Martins, em Vespasiano, além de promoção de cursos, seminários, e relatórios de pesquisa. A 50º Semana vem celebrar este momento. Agrademos pela primordial parceria e apoio do Governo de Minas Gerais”, afirma o presidente José Moreira de Souza.
Segundo ele, a edição comprova a persistência em manter constante diálogo com estudiosos, associações comunitárias, agentes culturais espalhados por todo o estado. “A Comissão tem membros efetivos em todas as macrorregiões de Minas Gerais e pretende ter pelo menos um membro colaborador nos 853 municípios”, afirma Souza.
Além da questão da identidade étnica representada pelo Reinado de Nossa Senhora do Rosário e o Congado, a programação se inspira ainda em tópicos como a celebração das folias, em suas diversas modalidades, e o saber fazer representado pelas artes populares figurativas e o artesanato.
Neste caso podem ser citadas obras sobre as relações do povoado de Gouveia com a Região do Serro e de Diamantina, sobre as origens sociológicas do Alto Paranaíba, além de estudos de tipos populares, no Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e em diferentes regiões de Minas Gerais – Jequitinhonha, Vale do São Francisco e Região Metropolitana de Belo Horizonte.
“Nosso principal objetivo é destacar os estudiosos do folclore, dimensão que têm como marca própria a luta para que os povos não se distanciem do que realmente são. Disso se sobressem estudos valiosíssimos para celebrar e valorizar o viver local”, destaca Souza.
Semana Mineira de Folclore
As Semanas Mineiras de Folclore foram instituídas por inspiração da Comissão Mineira de Folclore pelo então Governo Magalhães Pinto, no ano de 1965, por meio da Lei nº 3899 de 21 de dezembro.
Mas, há lembrar que essas semanas têm antecedentes. Em primeiro lugar, os fundadores da Comissão Mineira de Folclore participaram das Semanas Nacionais de Folclore criadas pela Comissão Nacional de Folclore.
A transformação das Semanas Nacionais de Folclore em Congressos Brasileiros de Folclore foram oportunidade de todas as Comissões Regionais se reunirem em diferentes capitais.
Com o recesso desses congressos, alguns membros da Comissão Mineira de Folclore se valeram de instituir a Semana Mineira de Folclore, no ano de 1965. Isso aconteceu em época em que havia uma secretaria de Estado denominada de “Secretaria de Estado do Trabalho e da Cultura Popular”. No interior dessa secretaria a Cultura Popular se juntava ao Departamento da Habitação Popular.
As Comissões de Folclore foram criadas no Brasil a partir do ano de 1947 como resposta do Ministério de Relações Exteriores a recomendações da Unesco. A Comissão Mineira de Folclore surgiu no ano de 1948 por iniciativa de Aires da Mata Machado Filho, juntamente com nomes ilustres das Letras de Minas Gerais, como o de Henriqueta Lisboa, Lúcia Machado de Almeida, João Dornas Filho, Angélica de Resende Garcia, para lembrar apenas alguns.
Serviço:
Dia do Folclore
Data: Segunda-feira (22/8)
Horário: 19h30
Local: Teatro José Aparecido de Oliveira no recinto da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa – Praça da Liberdade 21- Belo Horizonte.
(Agência Minas)