Enquanto o Brasil ainda está longe de superar o falso mito da democracia racial, que faz com que ainda não se reconheça como o país racista que é, desabafa a judoca Rafaela Silva depois de conquistar a primeira medalha dourada do país nesta olimpíada – alcançada após duríssima caminhada: “Eu só queria dizer que macaca que tinha que estar na jaula hoje é campeã olímpica em casa”.
Com ela, milhares de fãs que acompanharam o triste episódio de preconceito que quase fez a atleta desistir do esporte em 2012, durante a Olimpíada de Londres, extravasaram nas redes sociais o mesmo misto de dor, alívio e alegria. Para quem não se lembra, a esportista foi desclassificada na última edição dos jogos por uma catada de perna ilegal sobre a húngara Hedvig Karakas, e por isso sofreu um ataques via web com ofensas como “macaca”, entre outros bem criminosos.
Além de muito treino, foi preciso uma espécie de força-tarefa da comissão técnica e da família para levantar sua autoestima da campeã, duramente golpeada, voltasse a sonhar com o pódio em que subiu há pouco – relatam aqueles que a seguem de perto. Mas o esforço valeu a pena. A resposta da judoca à violência racista de que foi vítima há 4 anos foi exatamente a que se espera de uma semideusa do olimpo: no tatame, inaugurando com o ouro a coleção de medalhas do Brasil nos jogos olímpicos 2016.
Judoca Rafaela Silva (Foto: Divulgação/Página Rafaela Silva)
(Fonte: Estado de Minas/Cecília Emiliana)