Justiça revoga prisão preventiva de médico indiciado por estupro de pacientes em Montes Claros

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Foi revogada nessa quarta-feira (29/6) a prisão preventiva do dermatologista Linton Wallis Figueiredo, que foi indiciado pela Polícia Civil de Montes Claros por estupro de vulnerável, violação sexual e constrangimento ilegal. Treze vítimas foram identificadas durante as investigações, sendo que 10 fizeram representação contra ele.

O juiz Isaias Veloso, que determinou a prisão e a soltura do médico, explicou que ambas as decisões foram tomadas de acordo com as razões jurídicas pertinentes a cada uma das situações.

No momento da prisão, o objetivo era garantir que não houvesse qualquer tipo de pressão em relação às vítimas e testemunhas, já que isso poderia atrapalhar as investigações. Já com o inquérito finalizado e com o indiciamento, o dermatologista foi colocado em liberdade, até mesmo porque, de acordo com Veloso, não pode haver antecipação da pena.

O magistrado afirmou também que apesar de estar em liberdade, o médico terá que cumprir medidas cautelares, como recolhimento noturno às 20h, proibição de contato com vítimas e testemunhas em qualquer hipótese, obrigação de se apresentar mensalmente à Justiça, além de manter o endereço atualizado.

Médico (camisa azul) foi preso em seu consultório (Foto: Mauro Miranda Ferreira / Arquivo)

Posicionamento do CRM

Itagiba de Castro, representante do Conselho Regional de Medicina, informou que o advogado do médico encaminhou na segunda-feira (27) explicações do médico para as acusações. As justificativas foram encaminhadas para Belo Horizonte, onde serão analisadas. Posteriormente, será emitido um relatório com uma decisão. Ainda não há prazo definido.

Entendo o caso

A Polícia Civil começou a investigar o médico depois que duas pacientes relataram os abusos, que também foram confirmados por exames de corpo de delito. Elas são primas, têm 21 e 23 anos, e nunca haviam tido relações sexuais.

“Ele confessou que sempre pedia para fazer um exame clínico no corpo da mulher e chegava a olhar as partes íntimas delas, mesmo que se tratasse de um laser no rosto e mesmo que a paciente apresentassem exames laboratoriais”, disse a delegada Karine Maia, responsável pelas investigações, durante uma coletiva de imprensa realizada após a prisão.

Segundo a Polícia Civil, a vítima de 21 anos realizou um laser que, em regra, não necessita de sedação, por ser praticamente indolor. Ela ficou de 13h30 até às 10h30 do dia seguinte dormindo em razão da sedação, o que causou estranheza em alguns familiares que já realizaram o procedimento e não tinham sido sedados. A jovem foi levada para casa por uma prima, que precisou da ajuda do namorado para conseguir que ela subisse as escadas do apartamento.

Ainda de acordo com a PC, ao acordar, ainda sonolenta, a vítima disse se lembrar de alguns momentos em que Linton Wallis tocava no corpo dela e afirmou que estava sentindo um desconforto no órgão genital e ao ir ao banheiro, ela percebeu que ele havia cauterizado uma pinta na virilha que ela não havia mostrado para o dermatologista.

A mulher foi submetida a exames no Instituto Médico Legal e em uma ginecologista, e ambos confirmaram o abuso. De acordo com Karine Maia, após a constatação, a prima da vítima, de 23 anos, também se atentou que havia sido dopada por Linton Figueiredo durante um procedimento a laser. Ela também passou por exames e foi confirmado o estupro. Em ambas as pacientes, as avaliações médicas constataram que houve rompimento de hímen, antes dos abusos, elas não haviam tido relações sexuais.

As vítimas contaram para a delegada que o dermatologista sempre realizava os procedimentos com a porta trancada e sozinho. “Ele alegava que não queria ser incomodado, que se alguém abrisse a porta de uma vez poderia virar o laser e atingir a retina de alguém”, falou Karine Maia.

Fotos íntimas

Nos computadores apreendidos na clínica, a Polícia Civil encontrou diversas fotos de pacientes nuas. Estas fotografias estavam guardadas com senha no computador dele, mas conseguimos acessar. São fotos com diversas poses, sendo que, em algumas, mostrando os órgãos genitais. As pacientes não viram estas fotos sendo tiradas”, explicou a delegada Karine Maia. Algumas das imagens mostram as partes íntimas de criança de nove anos que fazia tratamento de vitiligo.

(Fonte: G1 Grande Minas / Repórter: G1 Grande Minas)

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