A Polícia Civil de Bocaiuva cumpriu na tarde desta terça-feira (29/3) mandados de busca e apreensão no Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) da cidade e na casa do diretor da empresa, Robson Rafael Andrade. A apuração visa investigar possíveis desvios de verbas públicas, bem como uso da máquina administrativa para benefícios próprios. Segundo a polícia, os prejuízos podem chegar R$ 2 milhões.
As investigações, em conjunto com o Ministério Público Estadual, começaram em dezembro de 2015 para apurar denúncias sobre problemas na execução de uma obra pública de responsabilidade do SAAE, onde, dos 56 bueiros previstos para serem feitos em Bocaiuva, somente 44 foram concluídos.
No decorrer das investigações, a Polícia Civil identificou que Robson Andrade e a família estavam envolvidos em vários atos para desvio de verbas públicas. Entre os delitos, Robson teria vendido, em 2015, um caminhão de perfuração de poços artesianos do SAAE como sucata.
“Esta situação do caminhão chamou a atenção, pois aconteceu em um momento de extrema seca aqui no município. O veículo é vendido como sucata e um mês depois retorna para prestar serviços de forma terceirizada. Em dois poços abertos com este caminhão, o SAAE pagou R$ 23 mil”, explica o delegado Leonardo Diniz.
Ainda de acordo com as investigações, Robson Andrade e alguns familiares não pagam conta de água. Robson teria usado o prestígio do cargo para burlar o sistema e estaria há pelo menos 24 meses sem quitar os débitos que somam mais de R$ 1,5 mil.
O delegado afirma que cinco pessoas estão sendo investigadas pelos desvios de verbas no SAAE. Entre os nomes levantados aparece o de Carlos Alves dos Santos, conhecido como Carlos Pimba. Ele é assessor de comunicação do SAAE. Segundo a Polícia Civil, Carlos seria a pessoa responsável por fazer a lavagem de dinheiro das ações de Robson.
Durante o levantamento de informações e apreensão de documentos, os policiais encontraram na casa de Robson notas de abastecimento de combustível, que teriam sido usadas para abastecer um caminhão-pipa que presta serviços ao SAAE, mas que está em nome de uma empresa supostamente pertencente a Robson Andrade. Nomes de laranjas teriam sido usados para camuflar a ação.
“Apreendemos também cheques do Robson destinados a uma serralheria, mas esta empresa endossou os cheques e devolveu ao Robson. Isso, para a PC, mostra claramente que é um pagamento de propina”.
Robson está sendo acusado de formação de quadrilha, peculato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Durante a ação, ninguém foi preso.
Em contato por telefone, Carlos Alves dos Santos disse desconhecer o assunto e que não sabe sobre investigações ligando o seu nome. Robson Andrade não foi encontrado para se posicionar.
PC cumpre mandados de busca e apreensão no SAAE de Bocaiuva (Foto: Valdivan Veloso/G1)
PC cumpre mandados de busca e apreensão no SAAE de Bocaiuva (Foto: Valdivan Veloso/G1)
(Fonte: G1 Grande Minas / Repórteres: Ricardo Guimarães e Valdivan Veloso)