Laudo da Federação Nacional dos Médicos aponta presença de metais pesados na água do Rio Doce

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A Federação Nacional dos Médicos (Fenam) divulgou nesta sexta-feira (26/02) o resultado da análise realizada em amostras de água bruta colhidas ao logo do Rio Doce, em dezembro do ano passado. Segundo a Fenam, o laudo aponta a presença de metais pesados como alumínio, ferro e mercúrio em quantidade, muito acima da permitida por lei.

Em Governador Valadares, o material analisado foi colhido no dia 16 de dezembro, em 10 pontos diferentes no município. Segundo a Fenam, uma das amostras colhida no Bairro Capim apresentou valores de chumbo 300% acima do limite estabelecido como aceitável pela legislação vigente.

“Para se ter uma ideia, a quantidade de alumínio encontrada foi de 0,58 miligramas, e o máximo permitido é 0,01 miligrama – um número quase seis vezes maior que o considerado seguro. Em outra inspeção, os índices de mercúrio em um dos pontos ultrapassavam 13 vezes o que seria tolerável”, diz o documento divulgado pela Federação.

O presidente da Fenam, Otto Batpista, diz que a presença dos metais pesados já era esperada, mas surpreendeu a quantidade em que esses elementos foram encontrados. “Este é um resultado extremamente preocupante. Ele oficializa nossas preocupações e, com essa análise, estamos dando uma resposta à população que foi atingida ao longo dos 560 km do Rio Doce”, afirmou.

Segundo ele, a divulgação do resultado da análise da água bruta tem por objetivo alertar a população para evitar o contato com a água do rio, bem como o uso dela em produtos alimentícios.

“A gente tem preocupação maior com a população ribeirinha, que pode ter contato com essa água. Também não é seguro utilizar a água do Rio Doce para irrigar hortaliças, nem para alimentar gado e galinhas, nem qualquer outro produto de origem animal ou vegetal que possa servir de alimento. O gado que bebe essa água está contaminado, e a carne dele estará também. Peixes que possam ter sobrevivido não devem ser comidos de forma alguma, pois estão contaminados. A ingestão contínua desses metais pesados pode provocar sérios danos ao organismo num prazo de cinco a 10 anos”, alertou o presidente.

Dentre as doenças que podem ser causadas pela presença dos metais pesados, Otto afirma que as neurológicas são as mais prováveis, com o aparecimento de sintomas como tonteiras, tremores, paralisia de membros, problemas de visão, convulsões e até acidente vascular cerebral (AVC). Ele aponta ainda que grávidas que ingerirem os metais pesados presentes na água correm o risco de aborto ou de má-formação congênita dos fetos.

A entidade pede aos médicos que se atentem para o aparecimento e crescimento desses sintomas na população nos próximos anos, e pede ainda que os médicos investiguem se os pacientes que apresentarem tais sintomas tiveram contato com a água bruta do Rio Doce.

“Queremos também que as autoridades monitorem a água que está sendo tratada com maior frequência e rigor. Precisamos saber se de fato é seguro. Vamos agora encaminhar uma cópia do nosso laudo ao Ministério Público”, afirmou Otto.

A Samarco informou que a empresa está executando um plano abrangente de monitoramento da qualidade da água doce e marinha. São 85 pontos de monitoramento, sendo 57 na bacia do Rio Doce e 28 no oceano, que se estendem por mais de mil km. Já foram analisados mais de 570 mil parâmetros de qualidade da água e sedimentos, distribuídos em mais de 23 mil laudos.

Com esses dados, a Samarco informa que mapeia a evolução da qualidade da água e a quantidade de sedimentos na região do Rio Doce, e planeja mais adequadamente suas ações de recuperação ambiental. Ao todo, uma equipe de 332 empregados, incluindo próprios e terceiros, atuam diretamente nessa frente de trabalho.

Ainda segundo a Samarco, em relatórios do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), os altos níveis de alumínio, arsênio, cromo, níquel e mercúrio já eram verificados no rio Doce antes do acidente. Os resultados apresentados mostram que, em estações ao longo do Rio Doce nos anos de 2010 e 2015, as diferenças verificadas nas amostras de água não são significativas. A metodologia das análises utilizada pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) segue procedimentos técnicos internacionais.

De acordo com o relatório da entidade, todos os parâmetros encontrados na água podem ser devidamente tratados pelas companhias de saneamento ao longo do Rio Doce, para tornar a água compatível com os padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria 2914 do Ministério da Saúde.

Laudo da Federação Nacional dos Médicos aponta presença de metais pesados na água do Rio Doce – Foto: Leonardo Merçon / Instituto Últimos Refúgios / Divulgação Agência Brasil

(Fonte: G1 dos Vales / Repórter: Zana Ferreira)

1 COMENTÁRIO

  1. Que a água bruta do Rio Doce está contaminada com metais pesados até meu filho de 3 meses já entende e sabe disso, isso não é novidade para ninguém.
    Agora quero ver essas analises na água tratada pelo SAAE, quero ver alguém de culhão ir contra SAMARCO e a PREFEITURA de GOVERNADOR VALADARES, Atualmente administrada pela Sra. Elisa Costa e Contra o SAAE afirmando que a água deles não é potável e não pode ser usada para fins de distribuição para a população de Governador Valadares.
    Agora cade o órgão ou a pessoa que vai ter culhão de provar isso????

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