O turista que for conferir a programação do Festival Internacional de Música Histórica – De la Mancha ao Sertão: o Ibérico na tradição musical do Brasil terá uma vivência que extrapola barreiras. Além de poder desfrutar das atividades gratuitas da programação do evento, ele será convidado a conhecer e vivenciar a cidade a partir de uma nova perspectiva por meio do programa de hospedagem solidária, incentivado pelo festival. Entre os dias 19 e 28 de fevereiro, diversos os moradores de Diamantina abrirão as portas de suas casas para abrigar músicos, estudiosos e interessados em participar/apreciar a programação do festival. A proposta é acolher pessoas que não teriam condições de arcar com os custos de sua permanência em Diamantina em hotéis ou pousada durante os dias de atividades. Para conseguir atender todas as demandas, que continuam chegando, a equipe do festival está cadastrando casas residenciais que tenham interesse em abrigar esses alunos.
De acordo com a diretora executiva do Festival, Marcela Bertelli, a iniciativa não só possibilita a formação do aluno que não teria condições de participar da atividade, como também permite que pessoas sem condições para fazer turismo, possam conhecer lugares novos, por intermédio de alguém da cidade, criando laços afetivos com o município e seus moradores. “É uma forma de fazer turismo contemporânea, recuperando vínculos afetivos e relações comunitárias.”, resume.
Residentes em Diamantina que tenham interesse e recursos para receber gratuitamente os alunos que não têm condições de pagar hospedagens tradicionais em hotéis/pousadas podem se cadastrar via formulário disponível no site: www.musicahistoricadiamantina.com. No mesmo endereço podem se cadastrar, também, os alunos inscritos e aceitos para os minicursos e oficinas que precisem de hospedagem solidária.
Favola D’Argo – Foto: Kika Antunes
Serão dez dias de intensa programação, incluindo concertos, cursos, oficinas, sarau, debates e aulas-espetáculos em vários cantos da cidade: mercado, museu, teatro, igreja, rua. O Festival contará com importantes nomes locais, nacionais e internacionais, que permitirão ao público uma oportunidade singular de encontro com a música histórica, de descobrir as ricas influências das culturas ibéricas na tradição musical do Brasil. Todas as atividades são gratuitas.
Em sua segunda edição, o Festival adota o termo “Música Histórica”, substituindo a expressão “Música Antiga” utilizada na edição anterior, como forma de integrar, para além da música erudita, registrada em partituras, os saberes passados de geração a geração pela tradição oral, o conhecimento popular, as ricas experiências culturais dos processos históricos. Para o diretor artístico do Festival, Marco Brescia, a mudança visa, nesta edição, “abarcar o fazer musical ibérico disseminado pela tradição oral, ancestral, vernacular, custodiada pelas gentes dos Sertões do Brasil, que juntos conformam o riquíssimo arcabouço da cultura brasileira mais autêntica”.
A cidade não é utilizada como mero palco/cenário para o festival. Ela também é proponente/executora do evento, participando ativamente de todos os processos. A preparação de cada edição começa há muitos meses do festival e envolve estudos e análises dos bens e riquezas patrimoniais, vocações e sobre a contribuição deixada para a cidade a partir de cada edição do evento. Estreitando os laços com a comunidade de Diamantina, o evento abre espaço para manifestações musicais que estão inseridas dentro do contexto histórico e social local.
Com o objetivo de preservar um bem material com função imaterial e divulgar um importante patrimônio brasileiro, o órgão Almeida e Silva/Lobo de Mesquita, localizado no interior da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, o festival se volta para a valorização musical e histórica e também para a relação com a população da cidade. Com um precioso acervo de partituras, toques de sinos, bandas musicais, toques de tambores, tradição das serestas, instrumentos musicais, conservatório e artistas, a cidade, também abriga o órgão Almeida e Silva/Lobo de Mesquita, instrumento montado integralmente no Brasil no século XVIII, e que teve sua restauração concluída em 2014. O processo de restauração levou 8 anos e foi realizado em três etapas. A equipe de restauro contou com a direção do mestre organeiro Frédéric Desmottes, que desmontou o instrumento e inventariou cada parte. ?O organista Marco Brescia e o mestre organeiro Frédéric Desmottes identificou todas as inscrições originais de Almeida e Silva para reconstituir o plano sonoro original do instrumento. O órgão Almeida e Silva/Lobo de Mesquita foi devolvido para a comunidade de Diamantina, após um hiato de 70 anos sem atividades.
Serviço
2º Festival Internacional de Música Histórica
“De la Mancha ao Sertão: o Ibérico na tradição musical do Brasil”
19 a 28 de fevereiro de 2016
Diamantina – Minas Gerais
Informações e Programação: www.musicahistoricadiamantina.com
Parabéns.
Muiiiiiiiiiiito legal!